segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Vitória X Barueri (o Barradão voltou)

O “vou-não-vou” foi inevitável, mas acabei cedendo ao pensamento de que se eu não fosse o Vitória perderia.

Antes do jogo recebi alguns amigos em casa. Um que é torcedor do Bahia comentou:
– Se o Vitória não ganhar hoje tá lenhado, hein?
Interessante como de uma hora pra outra eles voltaram a falar de futebol, aliviados pela conquista de permanecerem na Série B.
Repliquei dizendo que o contrario também podia acontecer, de o Vitória ganhar e ficar tranqüilo...
– Tá difícil disso acontecer – disse ele, com a urucubaca típica dos rebaixados.

Esse diálogo foi decisivo pra eu ir ao Barradão.

Apesar de eu não ter feito texto nem vídeo do jogo contra o Avaí, eu estava lá.
Como para aquele jogo eu achei que só valia ressaltar duas coisas, preferi ficar quieto. E as duas coisas são:
1) Algumas vezes gosto de captar imagens atrás do gol adversário, colado no alambrado, e muitas vezes a polícia impede. Dessa vez, um torcedor bradou apontando pro chão onde estavam os números dos “assentos” e dizendo:
– Eu paguei o ingresso e aqui é um lugar do estádio que eu posso ficar, sim... Aqui o número, isso aqui é um assento, tá numerado, é pro torcedor ficar... – dizia ele.
Apesar da explicação bastante plausível, não adiantou, o policial que comandava aquele pelotão estava de mau humor e irritadiço.
– Com essa mágoa na cara, o senhor deve ser Bahia – disse o torcedor corajoso.
Um policial subalterno do lado riu disfarçado, de canto de boca. Aquele devia ser Vitória.

2) O acarajé do Barradão. Comi pela primeira vez. Meu pai sempre comia, mas eu sempre recusava. Provei no jogo contra o Avaí e constatei que é um dos melhores acarajés que já comi, apesar da baiana de acarajé assumir pra mim que é torcedora do finado.

Ao contrário do que diziam, a torcida do Vitória compareceu ao estádio. O mantra que se ouvia por todo o estádio era “o Vitória tem que ganhar hoje, o Vitória tem que ganhar hoje...”. O grito de gol estava entalado na garganta do torcedor. Cinco derrotas seguidas, cinco partidas sem fazer um gol sequer. E parecia que levaria mais um. O time começou mal e o Barueri aproveitava os passes errados para contra-atacar com extrema velocidade. Viáfara e Fábio Ferreira fizeram as suas partes. O meio-campo não se entendia assim como os torcedores. Um torcedor bêbado do meu lado reclamava de Ramon e Roger sem parar. Um outro reclamava de Bida, outro de Leandrinho, outro de Berola... Um chegou a pedir Leandrão.

No final do primeiro tempo o time melhorou e o juiz (mais uma vez) não marcou um pênalti pro Vitória. Depois, um gol fez o grito sair da garganta, mas o juiz anulou, dessa vez com razão. Era mais um impedimento do ataque do Vitória. Dessa vez foi o zagueiro Fábio Ferreira, que chegou no Vitória desacreditado mas que tem jogado muito bem. Saiu comemorando com vontade, sem saber que seu gol fora anulado. Merece fazer o dele.

Posteriormente o Vitória colocou uma bola na trave e teve outras inúmeras chances de fazer um, dois ou três gols, bombardeando a defesa adversária, mas não fez. Veja aqui no vídeo exclusivo. Primeiro tempo zero a zero. O grito teria de esperar...

– Segundo tempo é bom que o Vitória ataca pro lado de cá... Esse lado é enladeirado – disse um torcedor.

E logo aos dois minutos, Leandro Domingues aproveitou um cruzamento (dele, Fábio Ferreira) e entre os zagueiros esticou a perna e cutucou a bola pra dentro. O famoso totózinho. Olhei pro juiz primeiro pra confirmar antes de comemorar. Um a zero Vitória. Sai pra lá urucubaca.
– Num falei? Esse lado é enladeirado, o ataque chega rápido.

Logo depois, aos 10 minutos, um lance que tem se tornado raro: um cruzamento bem feito encontrou Roger em uma rara posição regular, que num momento raro de eficiência cabeceou de forma espetacular. No seu caminho para o gol, do meu angulo, achei que a bola ia pra fora, mas foi pra fora do alcance da urucubaca. Golaço de cabeça. Dois a zero Vitória.
– Num falei? Esse lado é enladeirado, ajuda o Vitória que já tá ligado no movimento... – repetia o torcedor.

O jogo permaneceu assim até o final, quando o Vitória tomou aquele “gol-no-finalzinho” nosso de cada jogo. Dois a um. Ainda restavam três minutos de emoção, com uma bola parada cruzada na área rubro-negra, mas aos 48, finalmente, o alívio. Quarenta e sete pontos e a permanência na luta pela vaga da Sulamericana.

Liguei pros amigos tricolores e, como de praxe nesse ano, nenhum atendeu. Os urucubacas estavam putos.

Já que o ano já acabou pra eles, podemos fazer aqui um breve retrospecto: Paulo Carneiro (o rubro-negro do ano) entrou, o Bahia ganhou do Esporte Clube Ipitanga e a torcida disse “agora vai”; ganhou do Camaçari Futebol Clube e eles disseram “agora já foi”; ganharam do Vitória em pleno Barradão e eles disseram “agora já é”. Um amigo meu do trabalho disse, prazeroso:
– O cara da rádio falou que Paulo Carneiro comemorou nos gols do Bahia.
Mas aí o CampeoNeto Baiano continuou, eles foram pra final com o Vitória, perderam o primeiro jogo em casa, empataram o segundo, ficaram sem título pelo oitavo ano consecutivo, começou o Brasileiro, eles começaram a dar o costumeiro vexame e a torcida do Vitória disse: “agora já ia”.

Mas a torcida do Bahia tem algo pra se orgulhar, pois foi considerada a torcida mais otimista do ano pela frase "se o Bahia ganhar os 12 jogos que faltam ele sobe".

Depois do jogo contra o Barueri, de dentro do carro, indo pra casa, avistei um ser com a camisa do Bahia andando pela rua. Ao passar por ele, gritei "segunda divisão" e ele fez "u-hu". Deve ter achado que eu era Bahia e que eu estava comemorando...

sábado, 7 de novembro de 2009

Vitória no Barradão e em outros campos

O prestigiado portal Yougol fez uma entrevista com este que vos escreve sobre o blog, os vídeos e o Vitória.
Para ler, clique no link www.yougol.wordpress.com