sábado, 29 de maio de 2010

Vitória X Atlético MG (na cocó)

Fui renovar o Sou Mais Vitória no dia do jogo contra o Atlético MG. Cheguei na loja do Capemi dentro do horário comercial normal, exatamente às 15h.
– Já encerramos – disse a atendente.
– Hein?
– Já encerramos – repetiu ela.
– Como assim? São três horas da tarde... – perguntei.
– Dia de jogo a gente encerra mais cedo, olha ali o aviso na porta.
Realmente tinha um aviso na porta, mas eu disse a ela que eu não tinha o hábito de ficar passando pela porta da loja do Vitória regularmente para ver os avisos deixados nela; pelo contrario, nunca vou ao Capemi.
– Por que não coloca essa informação no site, então? – questionei, já nervoso.
– O site tá fora do ar.
– Não, senhora, o site tá no ar. No endereço do E.C. Vitória tem um link pro Sou Mais Vitória que abre uma página com os pacotes e seus preços, e nessa página não tem nada sobre os horários.
Ela aceitou:
– É, realmente é uma falha nossa... Mas já encerramos por hoje.
Questionei o porquê desse absurdo e recebi a resposta que em dia do jogo os funcionários da loja têm de ir mais cedo ao Barradão, pois o efetivo de trabalhadores no estádio é pequeno.

Que tá difícil contratar jogadores, é até entendível, mas será que tá difícil contratar pessoal? E por que pedem nosso e-mail no cadastro se nunca mandam uma informação, uma notícia explicando alguma coisa ao associado? Eu ainda liguei no dia anterior pra perguntar que horas abria a loja e a atendente respondeu que era às nove horas. Ela não podia ter completado a informação? Dizendo “e fechamos às 14h, pois é dia de jogo e não temos pessoal suficiente pra blá, blá, blá...”.
Saí de lá pirado. Não iria ver a partida contra o Galo, pois não iria comprar o ingresso de um jogo que já estaria incluso no valor da renovação do Sou Mais Vitória.
O problema é que indo embora veio o velho pensamento de que se eu não fosse o Vitória perderia. Ainda mais com quatro desfalques, inclusive do goleiro Viáfara e do artilheiro Júnior. Apesar de achar o Itaú, assim como o Unibanco, um banco de ladrões FDP, fiquei aliviado por ter o Itaucard e pagar meia entrada.

Cheguei atrasado ao estádio. O jogo já tinha começado e no caminho para o meu local de praxe, avistei uma torcedora bastante interessante. Baixinha, cheinha, faixa dos 70, vestida com o manto rubro-negro e que não parava de gritar um segundo sequer.
O Vitória na zaga ou no ataque ela berrava “nêêêêêêêêgooooooooo”. Vez ou outra ela pedia uma ajuda a todos os santos e a todos os orixás que conhecia.
– Vou ficar um tempo por aqui – disse eu, para meu amigo que me acompanhava.
Sentei ao lado dela e comecei a filmar o jogo. No primeiro lance, ataque rubro-negro, cruzamento rasteiro, XUREC e GOL.
Não acreditei. Assim que sentei e liguei a câmera o Vitória fez um gol. Consegui filmar o gol nitidamente, sem ninguém na minha frente, registrei toda a jogada. Filmei a torcida e tudo o que tinha direito. A tal torcedora, emocionada, disse que o gol tinha sido de “Smith”. Mais um apelido pra Schwenck.
Mas então vejo algo de errado. A luz da filmadora estava verde, quando deveria estar vermelha. Eu apenas tinha ligado a dita cuja e não apertei o REC. Não registrei o gol. Fiquei mais puto comigo do que com o marketing do Vitória.
Minutos depois, fiquei mais puto ainda com o Vitória, que deixou a zaga aberta, e mais ainda com o goleiro reserva, Vinicius, que estava adiantado quando Muriqui entrou na área já chutando. Um golaço, vale ressaltar. Um a um.
– Porra, que goleiro é esse? Adiantado desse jeito? – gritava um torcedor.
– Se fosse Viáfara não tomava esse gol nem com a porra... – esbravejava outro.
E a torcedora do meu lado não se abateu:
– Vamo nêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêgooooooooooooooo.
E o nêgo foi. Foi pro ataque com sangue no olho. Apertei o REC. “Agora vai”, pensei.
Cruzamento na medida e UM FILHO DA P... DE UM VENDEDOR AMBULANTE DO HABIB’S FICOU NA FRENTE DA CÂMERA NO EXATO MOMENTO QUE A BOLA TOCOU NA CABEÇA DE SMITH. Além do kibe ser ruim e perigoso, pois você pode se engasgar com um pedaço de cebola gigante dentro dele, o Habib’s ainda me apronta essa. Pelo menos foi gol. Dois a um Vitória. Segundo gol de Xurec (ou de Smith).

Fim do primeiro tempo. Me despedi da torcedora e fui de encontro com meus amigos.

Segundo tempo começou e Nino Paraíba foi expulso deixando o Vitória com menos um. Até ai tudo bem, mas numa falta perigosa contra o Vitória, o goleiro Vinicius colocou três na barreira pra depois pedir pra um sair e ir pra área mercar, deixando a barreira também com menos um. Ele achou que Ricardinho faria um cruzamento. Quando a bola passou pelos dois coitados da barreira, foi tarde pra ele pegar. Dois a dois.
– Que goleiro é esse? PUTAQUEPARIU – lamentava um.
– Se fosse Viáfara... – lamentava outro.

Quatro desfalques, um a menos e uma ducha de água fria por ter tomado outro gol de empate não foi suficiente pra esmorecer o time, que no Barradão parece que toma a porção mágica de Asterix. De onde eu tava deu pra ouvir a torcedora do primeiro tempo gritar “vamo nêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêgooooooooooooooo”.

E, por incrível que pareça, o nêgo, de novo, foi.

Como não filmo o jogo quando a bola está com o time adversário (além de superstição, faço isso pra economizar a bateria) não registrei a recuada de bola na cocó que o zagueiro atleticano deu pro goleiro Marcelo. O mesmo Marcelo que foi ídolo do finado Bahia ano passado. O mesmo paspalho que no Barradão, na final de 2009, iniciou uma briga no fim do jogo por não suportar mais um vice. E o paspalho matou a bola no peito e, quando se deu conta, Xurec já tava no seu cangote. Só restou a Marcelo fazer o que ele faz de melhor: tomar mais um gol do Vitória.
Xurec, pela terceira vez. Três a dois. Bora, Smith!

Era o segundo goleiro ex-Bahia que fazia lambança. O primeiro foi Márcio, do outro Atlético, o de Goiás, pela semi-final da Copa do Brasil, também no terceiro gol. Acho que quando eles entram no Barradão, se cagam todo.

Mais uma vez na frente do placar, mais uma vez atrás nas quatro linhas. O Vitória que já costuma recuar quando tá ganhando, com um a menos recuou mais ainda e, de novo, o Atlético veio pra cima e, de novo, empatou. Aí já estava demais. Três empatadas já era brincadeira de mau gosto. Três a três e eu não filmei nenhum gol do Vitória...
Porém, uma voz me acalentou. Lá de longe o grito de “vamo nêêêêêêêêêêgoooooooooo” da torcedora me animou de novo e não tive dúvida: o Vitória iria fazer mais um gol, vencer a partida e transformar o Galo em uma galinha saltitante. Deixei a câmera ligada e dessa vez não perdi nenhum lance.
Veja vídeo exclusivo aqui.

Quatro a três. Gol de Evandro, jogador que acabara de sair do Galo e acabara de entrar no jogo, aos 42 do segundo tempo.
O Leão rugiu e Luxemburgo, Milton Neves, a torcida do finado Bahia e os pintinhos que foram ao Barradão cacarejaram a noite toda.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vitória X Atlético Go (go,Vitória, go)

Mesmo saindo cedo de casa, às 19h, ainda assim peguei o engarrafamento e mais uma vez no modo Vitória-Bahia-Vitória-Bahia (primeira-segunda-primeira-segunda) cheguei ao Barradão. Estádio lotado. A torcida fazia uma festa que estava de arrepiar e emocionar. O jogo era contra o atual campeão goiano e o atual eliminador do finado time do Bahia da Copa do Brasil. Era o dia do Vitória ensinar ao rebaixado baiano como é que se faz. E ensinou bonito. Cinco a zero na moleira. Sem dó nem piedade.

O Atlético de Goiás começou tentando algo, mas nada consistente. O Vitória quando resolveu jogar, em cinco minutos fez dois a zero. Placar que dava a classificação ao Vitória e placar que terminou o primeiro tempo.

O segundo tempo começou e o Atlético veio pra cima, pois se fizesse um gol e não tomasse mais nenhum, estaria classificado. O problema é que eles esqueceram que no gol do Vitória estava o melhor goleiro do Brasil. Nada passava. Durante trinta e cinco minutos tentaram, tentaram, tentaram e nada. E já cansados de tanto tentar, deram espaço pra um contra-ataque fulminante de Neto Berola, que se lembrou que no gol deles estava Márcio, goleiro da divisão de base do Bahia e vice-baiano em alguma edição passada desta década. Márcio veio todo desengonçado, parecendo um jogador do Bahia, tentar tirar a bola de Berola, mas levou o velho e bom drible, ficou pra trás e deixou o gol aberto. Berola só fez tocar pra Júnior empurrar e fazer o segundo dele no jogo. Três a zero.

No final, já desesperados, fizeram um pênalti no Diabo Lôro. O melhor goleiro do Brasil, ouvindo o chamado de 35 mil pessoas, foi pra área adversária bater o penal. Correu, parou, chutou e marcou; quatro a zero, mas o desinformado do árbitro careca Héber Roberto Lopes anulou o gol e ainda deu amarelo pro melhor do Brasil. Incrível, todo mundo tá careca de saber que a paradinha vale até junho, menos esse juiz. O cúmulo da incompetência.

Viáfara, sem se abater, foi de novo, correu, bateu e marcou seu segundo gol no jogo. Cinco a zero.

Veja vídeo exclusivo do jogo aqui.

Esse resultado e, consequentemente, a classificação rubro-negra pra final da Copa do Brasil deixou a torcida do Bahia mordidinha. Os caras estão putos. Nos bares, escolas, faculdades, shoppings, livrarias, bancas de revistas, locadoras, cafés, puteiros, listas de discussões na internet, blogs, twitters e afins, eles só falam nisso. “Quero ver ganhar na final contra o Santos”, dizem eles, todos com o cu na mão. Não ter time pra torcer deve ser uma merda mesmo.


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domingo, 2 de maio de 2010

Ba x Vi (ou melhor: Já vi... isso várias vezes)

– É tetra – disse eu, no MSN, para um amigo meu tricolor.
Ele respondeu:
– É, mas pelo menos no Barradão vocês tão levando é taca.
– Concordo, mas pelo menos vocês não estão levando nada. Aliás, estão: fumo.

A diferença entre o Bahia e o Vitória é essa: o Bahia ganha um jogo, mas o Vitória ganha o campeonato. O quarto seguido. O quarto em cima do Bahia. O oitavo em dez anos. E o Bahia, pelo nono ano consecutivo, não leva nada. Aliás, leva: fumo.

E da forma que foi, com um gol do Bahia no finalzinho, foi até bom. Os 220 tricolores que foram ao Barradão ficaram cheios de esperança, achando que o gol do título sairia. Isso apenas temperou ainda mais a conquista rubro-negra.

No dia do jogo, acordei às 5h e 30m e fui competir pela II Etapa do Campeonato Baiano de Maratonas Aquáticas. A travessia foi Soho-Porto da Barra. Chegando no local da prova, um outro amigo tricolor disse que ia ganhar de mim na natação e que o Ba-Vi seria 4 x 0 pro rebaixado. Porém, assim que pisei na areia, na chegada, procurei por ele e constatei que ele ainda não tinha chegado. Deixei um recado:
– Diga a ele que mandei um abraço e que tive de sair, pois vou no Barradao comprar meu ingresso.
A travessia Soho-Porto a nado foi bem mais rápida do que a travessia Porto-Barradão. Engarrafamento da porra por causa da merda da Parada Disney. Essa Parada deixou a cidade toda... Parada. Nome melhor não há. Mas, chegando ao Barradas, pra compensar, tive duas gratas surpresas: não tinha fila e quem tem o Itaucard paga meia.

Paguei R$20 no ingresso, voltei pra casa e às 15 horas peguei de novo a Paralela para ir ao estádio. Chegando perto, mais um engarrafamento. Todo mundo dirigindo no modo Vitória-Bahia, Vitória-Bahia, Vitória-Bahia, Vitória-Bahia (primeira, segunda, primeira, segunda, primeira, segunda...). A terceira macha ficou inutilizada. Parei o carro longe e fui andando. Passei por um bar e como não uso camisa do Vitória, uma mulher de camisa do Bahia olhou pra mim e arriscou:
– Bora Baêa.
Um menino com a camisa do Vitória de 93 que estava ao lado dela olhou pra mim e ficou esperando minha resposta. Prontamente eu disse:
– Seu Bahia tá acabado, minha senhora.
Ela me xingou de alguma coisa qualquer, mas o menino abriu o sorriso e continuou meu mantra:
– Ahahaha, o Bahia tá acabado, o Bahia tá acabado – gritou ele pra infeliz.
– Sai daqui seu filho do estopô – gritou de volta a infeliz pro sorridente.

Continuei em frente e às 17 em ponto entrei no estádio. “Não custa nada ser feliz”, dizia o slogan do Habib’s que piscava no placar eletrônico. Ser feliz não custa nada, mas a água mineral cobrada pelos ambulantes da lanchonete custa R$1,50 o copinho com 200ml. Antes do monopólio Habibesco, a água de 300ml custava R1,00.

E água é o que não faltava no Barradão. Chuva da porra. Um torcedor vendo minha aflição por causa da minha filmadora me convidou pra dividir o guarda-chuva com ele.
– Vim de Ipirá só pra ver o Vitória ser tetra – disse o dono do artefato.
E por causa da chuva incessante, não pude filmar muitos lances. Filmei o golaço de Elkeson e no fim do jogo, já sem chuva, filmei a Parada Disney que aconteceu no Barradão: o desfile de Patetas indo embora, chorando a perda de mais um título...

Veja aqui na câmera exclusiva.

E como diz Galvão Bueno:
– É tetraaaaa, é tetraaaaa...