quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Vitória X Fluminense (Salvador 40º)

Por causa do horário de verão, que nem tem mais na Bahia, o jogo foi transferido das 16h, hora local, para às 15h, hora de Brasília. Vesti uma bermuda, uma camiseta, passei protetor solar fator 50 e fui ao Barradão.
Mais uma vez, antes do jogo começar, enquanto o torcedor está no engarrafamento, o programa do radialista Zé Eduardo, conhecido como Bocão, deu uma notícia, tendo como fontes alguns telefonemas de algumas mulheres que se auto-denominavam por “Maria-chuteiras”, dizendo que os jogadores do Vitória estavam envolvidos em bebedeiras e brigas nas noites de Salvador, principalmente o atacante Marquinhos, que já está vendido pro Palmeiras.
– O time, além de está caindo de produção, vai jogar no sol e de ressaca?! – gritava o apresentador.
Essa notícia era demais pra torcida, que já entrou no estádio tensa, e de novo, graças ao desespero desse apresentador, pela audiência.

Como compro o ingresso antecipadamente, entrei no estádio sem problemas, diferente do meu amigo Marcelo, que comprou o cartão que dá acesso a todos os jogos, pela promoção “Sou mais Vitória”. Os computadores travaram, provocando uma enorme fila, queimando a cara e a paciência de milhares de torcedores, que xingavam todas as gerações, de todos os dirigentes do clube.
Comigo, a mulher pegou o ingresso, destacou, devolveu o canhoto e pronto, eu já estava dentro, na sombrinha.

Era o primeiro jogo desse blog que não acontece de noite. Como o blog é pé-quente (pelo menos o Vitória não perdeu nenhum jogo, visto por mim, no Barradão, nesse campeonato), achei que, sendo o primeiro jogo pela tarde, era um mal sinal.
Tenho minhas superstições, inclusive, o fato de eu não filmar o ataque adversário é uma delas.

O time do Vitória, sabiamente, entrou com o uniforme número 2, que é branco. O sol estava insuportável e o Fluminense também. Bola na trave aos dois minutos. Um pipoqueiro, de camisa preta e calça de veludo também preta, parou do meu lado, me oferecendo pipoca.
– Tá quente? – perguntei.
– Tá sim – disse ele, mexendo o produto.
Ele achou que eu tava perguntando da pipoca.
No gramado, o Vitória parecia frio. O Fluminense, desesperado por estar na zona de rebaixamento, veio pra cima. Um torcedor do meu lado, de cabeça quente, após outra grande chance do Flu, gritou:
– Esse time não treina de tarde, não, é? Mas que merda!
Mas aos 16, Rafael tabelou com Robert e fez um gol. Aliás, um golaço. Veja na nossa câmera exclusiva.
1 X 0 Vitória.
– Quem não faz toma – disse um acima.
Mais desesperado que Zé Eduardo Bocão, o Fluminense continuou vindo pra cima, sendo parado apenas pelo árbitro, que parou o jogo para que os jogadores bebessem água. Nunca vi isso.
E o Fluminense voltou com o mesmo ritmo. Dessa vez, Viáfara defendeu.
Essa minha superstição de não filmar o ataque adversário tem sido muito injusta com esse goleiro, pois nunca registro os seus milagrosos feitos.
E só por um milagre, ele pegaria o chute do jogador carioca, aos 36, em uma cobrança de falta, de longe, mas que fez uma curva louca e foi no ângulo. Golaço. Não filmei. 1 X 1. Fim do primeiro tempo.

E no primeiro minuto do segundo tempo, que teve outra pausa pra água (água que, por sinal, nas arquibancadas custava dois reais o copinho de 300 ml), o Fluminense virou o jogo. Falha dos zagueiros. Comecei a achar que poderia ser a primeira derrota do blog. “Culpa do horário”, pensei, com minhas superstições.
E o Fluminense, mesmo ganhando, continuou no ataque, por pouco não ampliando o placar pra 3 X 1.
O inferno astral tomava conta da torcida. Marquinhos era o mais cobrado. O time estava perdendo, ele era o craque do time, já estava vendido e ainda havia a denúncia de antes do jogo.
– Cachaceiro – começou a ser o grito da torcida em direção a ele.
E aos 20 minutos, quando vi que a bola ia em sua direção, cheguei a pensar: “Vai Marquinhos, justifique aí sua contratação pelo Palmeiras, porra”. E ele justificou. Craque é craque. Ele ficou na entrada da área, esperando a sobra, e, como já fez muitas vezes nesse campeonato – vide os vídeos deste blog –, quando a bola veio, do jeito que veio, ele já foi driblando e chutando. Gol. Aliás, golaço. Veja na nossa câmera exclusiva.. 2 X 2. Placar que terminou o jogo. E justiça seja feita, por culpa do árbitro, que não marcou um pênalti pro Fluminense, aos 46, fazendo o atacante Washington ter um ataque de chiliques em pleno Barradão.

A torcida do Vitória saiu insatisfeita, dessa vez com razão, porém, cantando para os tricolores que foram assistir ao jogo, do Bahia (que vão direto ao Barradao) e do Fluminense, o coro “ão, ão, ão, segunda divisão”.

2 comentários:

Anônimo disse...

no bar 4 a água é R$1,50, fica atrás do banheiro da torcida dos imbativéis.

No lance do penalti e o chilique de washington só se ouvia na torcida "morre logo porra, morre do coração"

Anônimo disse...

Cury, isto é perseguição!
Amo seus post's, onde quer que eles aconteçam!
Amei! E, amanhã, quando estiver a bordo de um computador melhor, no selvício, assistirei às câmeras exclusívas.
Tudo de bom,
Paula Reis.