domingo, 3 de maio de 2009

Ba x Vi (Ah, eu duvido)

Por que, meu Deus, por que um simples jogo de futebol mexe tanto com as pessoas?
Por que gostamos de humilhar nossos próprios amigos com palavras pesadas pelo simples fato do time que eles torcem
ter perdido um jogo?

Um Ba x Vi é realmente algo inigualável. Já vi muitos. Já sofri em alguns. Estava no de Raudinei. Estava também no título que o Bahia ganhou no Barradão. 2 a 0. Dois gols de Wesley. Não lembro o ano.

Em dia de Ba x Vi, a atmosfera da cidade muda. Um clima de tensão se instala no ar. Nada importa, só o jogo. Só a vitória. Não importa se seu time está na primeira divisão e o outro na segunda. Não importa se tem oito anos que o outro time não ganha um campeonato baiano... tudo vai por água a baixo se seu time não ganhar aquele jogo.

Assim como hoje, dia 03/05, dia do BAVI final de 2009, o tempo daquele jogo de Wesley estava demasiadamente chuvoso. Nessas horas a superstição sempre aparece:
“Porra, naquele jogo estava chovendo, era no Barradão, o Bahia ganhou por 2 a 0, mesmo placar que tem que fazer hoje...”. Até torci pro jogo ser cancelado.

Era meu primeiro jogo no campeonato baiano desse ano. Já tinha ido pra Juventude e Atlético Mineiro pela Copa do Brasil, mas não tive paciência em fazer resenhas desses jogos pra esse blog. A única coisa que eu tive vontade de falar desses jogos foi que comprei o Sou Mais Vitória e gostaria de sugerir a direção do clube que mudasse o nome do negócio pra Sou Mais Otário. Comprei pra justamente não ter de pegar fila nem me preocupar com compra de ingresso, porém, a fila dos associados é bem maior do que a de quem vai na bilheteria e compra um ingresso. Nos dois jogos perdi o começo do primeiro tempo. Eu e centenas. Apenas duas catracas funcionando. Lamentável. Se não consegue melhorar o serviço de algo tão simples, inclusive já tendo recebido por ele, me pergunto se consegue administrar um time na série A do campeonato brasileiro.

Fui com meu pai. Faziam 5 anos que ele não ia aos estádios. Nem Barradão nem Fonte Nova. Compramos o Sou Mais Vitória já prevendo os jogos finais do Baiano, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Sul-americana. Chegamos cedo, pois sabia que teria filas enormes, o que aborreceria meu pai. Infelizmente, em jogos no meio da semana não dá pra chegar tão cedo. Às 15 horas, já estávamos sentados.

A torcida do Bahia compareceu com uma “moquequinha de gente ali no cantinho”. Tinham como grito de guerra o “Ah, eu acredito”. Acreditavam no placar com dois gols de diferença. O maior fato para esse acreditar era o repetido “oxe, já dei 2 a 0 lá nesse ano, o Barradão é meu parque de diversões”.

Tudo que o Vitória queria quase aconteceu. Apodi, ídolo máximo (pelo menos pra mim), perdeu um gol incrível.
E tudo que o Bahia queria aconteceu. Em seguida a jogada de Apodi, ainda no início do jogo, gol do Bahia. 1 x 0. A moquequinha ficou ouriçada, berrando loucamente o “ah, eu acredito, ah, eu acredito”. A torcida do Vitória não se abalou. Continuou apoiando o time, pois sabia do tamanho da viabilidade de reverter a situação. O jogo ficou naquele reme-reme e tudo que a torcida do Vitória não queria aconteceu. Aos 47 do primeiro tempo, gol do Bahia. Golaço, por sinal. 2 x 0 e fim do primeiro tempo.
– Melhor 2 a 0 aos 47 do primeiro tempo do que aos 47 do segundo tempo – disse pra meu pai, com otimismo.
A moqueca foi à loucura: “Bahia, Bahia, Bahia”; “ah, eu acredito”; “sabe, eu sou Baêa...”; “ah, eu acredito”...
Foi o intervalo todo assim.
O pesadelo Wesley não saía de minha mente. A chuva não dava trégua, encharcando minha calça jeans, meu tênis e deixando a derrota ainda mais humilhante e dolorosa.
Trabalho numa sala com 10 pessoas. Sete são Bahia. Dois são Vitória (contando comigo) e um é do interior e torce pro Flamengo. Só imaginava como seria a segunda-feira.
“Não acredito que isso tá acontecendo, com toda a vantagem, com toda a campanha, com a descabaçada em Pituaçu, perder o campeonato por 2 a 0, no Barradão, pra um time de segunda...” foram os pensamentos que me fizeram respirar fundo por várias vezes durante o jogo. Não podia acreditar no que estava acontecendo.
“Ah, eu acredito”, berravam eles sem parar.
A chuva, além de degradar a moral, me obrigou a deixar a filmadora debaixo do casaco. Como choveu o tempo todo, não filmei quase nada do jogo. Mas de repente, a chuva cessou. A superstição então se acendeu. Sou baiano, ora bolas.
“A chuva parar assim é um sinal pra eu ligar a câmera, pois vai acontecer o gol do Vitória”, pensava eu.
Esse vídeo responde se minha superstição deu certo.
2 x 1. Gol de Neto Baiano, artilheiro da competição. O título voltava pras mãos do Vitória e passava longe, pelo oitavo ano consecutivo, das mãos do Bahia. A moqueca ficou calada. O Bahia veio descontrolado pra cima enquanto o Vitória perdia gols sucessivamente nos contra-ataques. A chuva voltou com tudo. Não filmei o segundo gol do Vitória por causa dela. 2 x 2. Ramon.
Gostaria de agradecer ao Bahia pelos dois gols iniciais. Deu mais sabor ao jogo. Temperou o título.

Também, por causa da chuva, não filmei o “créu, créu, créu” que torcida e jogadores do Vitória fizeram no fim do jogo. Também não deu pra filmar o “senta que é de menta”, o grito de “tri-campeãããão” e o melhor de todos os gritos: o grito de "ah, eu acredito", gritado agora pela torcida do Vitória, enquanto os torcedores, digo, sofredores do Bahia olhavam calados, sem acreditar.
Outra coisa que não pude filmar por causa da chuva foi o vexame do paspalho do goleiro do Bahia, Marcelo, que com um choro de perdedor começou uma luta campal depois do apito final. Em seguida, também não pude filmar a torcida do Vitória gritando “time de puta, time de puta...”.

O Bahia, pelo oitavo ano consecutivo, não apareceu no Fantástico como ator principal da noite das finais dos estaduais. Seus torcedores, pelo oitavo ano consecutivo, não ligaram a TV domingo de noite.

Em tempo, só pra gozar um pouco mais:

Quatro amigos (Peu, Beto, Léo e Carlão) prepararam uma despedida de solteiro para Zé, que iria se casar em uma semana. Alugaram uma casa no litoral norte e convidaram, mediante pagamento, algumas garotas para a festa. Já no fim da noite, exauridos, finalmente começaram a conversar com elas. Falaram da vida, de cinema, de música, carnaval e, claro, futebol. Beto então perguntou:
– Vocês torcem pra que time?
– Eu torço pro Bahia – disse a primeira, uma morena alta.
– Eu também – falou a loirinha.
– Sou Bahia, claro, time da massa – disse a mulata.
– Tricolor de aço, sempre – se adiantou a oriental.
– Baêa, minha porra – disse a baixinha.
Um silêncio momentâneo tomou conta do ambiente. Constatando que todas torciam pro Bahia, Peu, Beto, Carlão e Zé, torcedores do Bahia, ficaram olhando com ar superior pra Léo, o único torcedor do Vitória no local. Mas Léo nem se abalou:
– Normal, já sabia disso... – disse ele.
– Já sabia o quê? Que o Bahia é maioria? – pirraçou Carlão.
– Não. Que o Bahia é time de puta – respondeu Léo.

6 comentários:

Anônimo disse...

Velho.. pago pau pra seus vídeos e comentários, principalmente os vídeos. Muito criativos e bem feitos.

Agora nem precisava justificar que em sua sala de trabalho tem um torcedor do Flamengo pq ele é do interior, pq aí na capital tá cheio de tabaréu flamenguista e são paulino, nascidos aí mesmo (o q agrava o fato) e vc sabe disso. E cá no interior tem muitos torcedores fanáticos pelo Vitória e pelo próprio finado, apesar de admitir q flamenguista é maioria mesmo.

Continue indo ao Barradão e postando seus vídeos.. normalmente eles sao o q eu procuro e essa imprensa convencional marrom e jahia não passam..

e nem fale da chuva q minha câmera fotográfica e filmadora de araque entrou em pânico por causa dela, assim como o celular.. mas valeu a pena!!

Me diga outra coisa: vc não filmou o "ah eu-a-cre-di-to" não??

Não é possível?! Alguém deve ter filmado akilo.. kkkk.. "Eu não acredito" que aquela cena vai ficar somente na minha memória..

Valeu!!

Abço.

"essa bosta toda...." disse...

Foi fóda!

Anônimo disse...

Porra brother, gostei pra caralho do vídeo. mas p o seu texto revela um jeito de pessimista que não combina com a torcida do Vitória. Em nenhum momento antes de a bola rolar me passou pela cabeça da gente perder esse título. E vc me fica pensando em porra de Wesley. Pra completar sua memória anda falhando com vc, pois o Jahia nunca foi campeão no Barradão vencendo uma partida final. Nunca. o jogo a q vc se refere foi 3x0 para o Jahia, mas a final do primeiro turno de 98 e não a final do campeonato.

No intervalo, mesmo com o placar adverso eu só penaava que tudo o q a gente precisava era de um gol. E ainda pensava assim - "colé, isso aí é a defesa do Jahia. só precisamos de um gol". sai com esse pessimismo pra lá, mermão. isso não combina com o clube mais vencedor desse estado nos últimos 20 anos.

Anônimo disse...

teste

Anônimo disse...

O melhor foi a piada ai em baixo KKK E com certeza devemos agradecer aos dois gols do Bahia, sem eles ia ficar fácil demais pro Leão :)

Breno disse...

Não porque o bahia é time de puta!!! kkkkkkkkkkkkk