sábado, 24 de julho de 2010

Vitória X Goiás (Leão x leoa)

Jogo quarta-feira, às 19:30, é de lascar. A Federação Baiana de Futebol deveria intervir. Chegar pra CBF e dizer que isso é inadmissível. Que jogos como esse prejudicam o torcedor, principal elemento do futebol e, consequentemente, o time. Dizer pra CBF que Salvador está crescendo, porém, para dentro. Aliás, não tá crescendo, ta inchando. Em breve ela irá implodir. Aumentou a quantidade de prédios e carros, mas as ruas continuam do mesmo tamanho. Saí do meu trabalho, na Barra, às 18:30 em ponto, achando, ingenuamente, que chegaria ao Barradão no início do primeiro tempo, por volta dos dez minutos de jogo. Mas peguei engarrafamento na Centenário, no Dique, na Bonocô, na Paralela... Sempre no modo Vitória-Bahia-Vitória-Bahia (primeira-segunda-primeira-segunda) Que porra! Sem falar nos buracos por todo o trajeto. Um amigo meu, Zeca, rubro-negro, uma vez indo ao jogo comentou:
– A NASA antes de mandar o próximo robô pra Marte vai mandar ele pra Salvador, para poder treinar obstáculos nas ruas daqui.

Sempre que estou na arquibancada do Barradão, ouço um “fuéééééééééénnnnn” vindo lá de cima durante os jogos. Ao entrar no estádio para o jogo contra o Goiás, pela primeira vez vi de onde o “fuéééén” vinha e quem era o responsável pela vuvuzela: duas buzinas duplas acionadas por dois cilindros de oxigênio. Mesmo atrasado, parei pra registrar. O barulho de perto é ensurdecedor, mas o dono da coisa (que age por conta própria) disse que não usa protetor de ouvido. Recomendei a ele que passasse em qualquer casa de material de construção e que comprasse um. Custa apenas dois reais e pode salvar a audição dele. Ele disse que ia pensar no caso.

O tempo já marcava 30 minutos do primeiro tempo e desci para as arquibancadas para ver o jogo. No meio da escada, gol do Goiás. Um a zero. Que porra! Terminei de descer, fui no banheiro, mijei e quando saí, encontrei meu pai, que me esperava. Gol do Goiás. Dois a zero. Que porra!

A torcida ficou impaciente. Qualquer toque errado era motivo pra xingar todas as gerações dos jogadores. Discordo dessa reação por parte da torcida do Vitória. Apesar de eu estar apreensivo com os dois gols, sabia que estávamos em casa, que ainda estava no primeiro tempo e que uma reação rubro-negra seria muito provável e até normal. A torcida nervosa e reclamando horrores por causa de um lateral mal cobrado não ajuda em nada.

Junior, coitado, era o mais cobrado. Fora de ritmo, errava passes e não acompanhava as jogadas. A torcida, que esquece facilmente de seus heróis, não queria saber. Pau nele. Mas Junior quase fez o gol de empate, num chutaço de fora da área que explodiu no travessão. Passaria de bandido a vilão em minutos e cairia nas graças da arquibancada. Mas ele não fez. Acredito que o erro foi ele ter começado jogando. Schwenck tá em ótima fase, era pra ser o titular, e Junior, pra pegar ritmo, era pra ter entrado no segundo tempo.

Mas Elkeson estava em campo e, aos 44, depois de receber a bola de Junior, fez um cruzamento caprichado, coisa de quem tem visão diferenciada, colocando a bola na cabeça de Ricardo Conceição. Primeiro gol do Vitória no jogo e primeiro gol dele no Vitória. Dois a um. Fim de primeiro tempo. Aplausos para o time. Uns otários ainda vaiaram.

O segundo tempo começou com o Vitória em cima. Queria o gol de empate. Quase veio com Fernando, numa cobrança de falta sensacional que o goleiro do Goiás defendeu.

Aos 15 minutos de jogo, mais vaias. Ricardo Silva tirou Elkeson do jogo, colocando Schwenck. Fernando também saiu entrando Soares em seu lugar. Agora eram três atacantes.

Aos 25, mais vaias. Dessa vez pro FDP do juiz. Nino sofreu uma falta violenta que o tirou de campo e, possivelmente, da primeira final da Copa do Brasil, mas o deficiente visual do Péricles Bassols Pegado Cortez mandou o jogo seguir.

Schwenck entrou bem no jogo, mas esbarrava no goleiro do Goiás e nos passes errados de Junior. O jogo estava chegando ao fim.
– O Goiás beliscar três pontos aqui é de lascar, viu? – comentei com meu pai.
Justamente nessa hora, Ramon marcou um golaço. Os dois meninos que estavam na minha frente pulavam de alegria. Não viram que o gol tinha sido anulado. Eu que dei a notícia.
– Não valeu, foi anulado – disse pra eles, que se viraram pro campo pra comprovar.
Enquanto os jogadores do Vitória protestavam, rebobinei a fita pra ver o lance. Soares estava impedido e atrapalhou o goleiro do Goiás. Que porra, Soares.

O Goiás continuou tentando nos contra ataques que não deram em nada, fazendo Viáfara recolocar a bola em jogo com extrema rapidez.
– Bora, Vitória, que ainda dá tempo – gritou um torcedor do meu lado.
– Falta quanto? – perguntei pra meu pai.
– Já está nos acrécimos.
E Viáfara pegou a bola e deu um chutão pra frente. O jogador do Goiás foi cabecear de volta, mas sem querer deu um belo passe pra Soares. Se redimiu legal do impedimento de três minutos atrás. Avançou com a bola, chegou na entrada da área e chutou. Dois a dois. Empate com gosto de vitória. Os dois meninos da frente comemoraram mais do que no gol anulado. Só fiquei filmando, pensando “podem comemorar, esse valeu”. Enquanto isso, lá do alto do estádio: FUÉÉÉÉÉÉÉNNNN...


E no final, como todos já viram, o Leão genérico, com raivinha por causa do show de garra do Leão original, quis também dar o seu show. Um paspalho que deve ser execrado do futebol. O Goiás, com certeza, tem crianças na sua torcida, e o técnico, naquela idade, fazer um papelão daqueles, chega a ser mais ridículo que o time do Bahia. Lamentável.

Para ver o vídeo da partida, assim como o show da leoa de Goiás, clique aqui.

3 comentários:

essa bosta toda disse...

Não pude ir nesse e nenhum canal mostrou o gol anulado de ramon até agora, quero ver esse vídeo.
abrá

Borba disse...

Genial!

essa bost toda disse...

muito bom!
mandei link no twitter para varias pessoas desse video para ver se chega a alguém grande,