O jogo que não fui, Vitória X São Paulo, o Vitória perdeu. Mas se redimiu bonito no Maracanã, contra o Flamengo, e agora jogava em casa de novo, contra o Náutico. Levei um amigo, Xandão, que nunca tinha ido ao Barradão.
Xandão é Paranaense e veio morar em Salvador ainda pequenino. Torce pro Atlético de lá.
Para evitar congestionamento usual que acontece quando em jogo, chegamos cedo ao estádio e mesmo com as luzes apagadas, Xandão pode constatar que o estádio, arquitetado pelo brilhante Lev Smarcevski, é do caralho. Não é a toa que a diretoria do Bahia mendigou e não conseguiu. Agora mendigou ao Governador para que este mendigasse ao Vitória para que deixasse o Bahia jogar lá. A torcida do Bahia sempre manifestou o seu desprezo e “nojo” pelo estádio, nada mais natural que a torcida do Vitória seja radicalmente contra.
O acesso realmente é ruim, daí o engarrafamento de praxe, mas já que o Governador entrou na questão, a melhoria do local é um dever seu, Jaques Tricolor.
Para mim, que freqüento o Barradão, os banheiros ainda podem melhorar muito, assim como os bares, mas Xandão, que na Bahia só freqüentou a Fonte Nova, ficou impressionado com o banheiro.
– Tem pia... – disse ele.
Com o estádio vazio, ficamos andando pela sua extensão calmamente, no ponto mais alto da arquibancada, quando avistamos um grupo de crianças uniformizadas com o padrão do Vitória. São do time infantil e estavam ali pra entrar com o time profissional em campo. Estavam esperando o portão que liga a arquibancada ao gramado ser aberto para eles. O portão mágico. Tinham entre 6 e 12 anos. A maioria das classes desfavorecidas. São obrigados a mostrar o boletim para poderem iniciar a carreira no clube. Outra obrigação é a de comprar o uniforme do clube, que custa 60 reais o kit (sem a chuteira), que vem com marcas da Canal Jeans, Tintas Iquine e Insinuante, e que é feito de um tecido vagabundo, diferente do padrão oficial. Se não comprar o uniforme lá, não pode ser “atleta” do clube. Se comprar fora, um igual, sai por menos de 25 reais.
– Pior sou eu, que tive de gastar esse dinheiro pra vestir esse uniforme, sendo torcedor do Bahia – disse Robson, 12 anos.
Segundo ele, no Vitória ele tem mais chances de se dar bem.
– Tô jogando aqui porque tô pensando de forma profissional – disse ele.
Um uniformizado, de uns 8 anos, do nada, saiu em disparada, na direção do alambrado, descendo os enormes e intermináveis degraus. Um outro, assim que o viu correndo ladeira abaixo, gritou “é Viáfara ali”, e desceu correndo também, em direção ao goleiro do Vitória que entrou em campo para aquecer. Um tropeço poderia ser fatal. Uns 10 foram em seguida. Alguns ficaram.
– Quero ver é subir – disse Robson, o tricolor.
– Quero ver é a merda do seu Bahia subir? – disse um camisa 10, do infantil, ao lado de Robson.
O jogo começou e o Vitória foi pra cima, mostrando desde o começo que quer e que está com um time preparado para ficar na parte de cima da classificação.
O goleiro do Náutico, que segundo um cara do meu lado “foi o goleiro que o Vitória tentou trazer antes do campeonato começar”, salvou o time de um massacre ainda nos minutos iniciais.
– O Vitória fez de tudo pra que ele jogasse o brasileiro aqui, mas não conseguiu – dizia ele, a cada defesa do goleiro.
O Náutico só chegou com perigo uma vez, quando o atacante perdeu um gol de dentro da pequena área.
O Vitória atacava. Chute de fora da área, defesa do goleiro:
– Eduardo o nome desse goleiro, o Vitória tentou trazer ele, ofereceu uma grana alta pra ele, mas não conseguiu... – ele dizia para o ar, em voz alta, para que todos ao redor ouvissem a informação preciosa que ele possuía.
Williams, Ramon e Marquinhos, três jogadores que já foram muito criticados pela torcida, hoje são a base do esquema tático ofensivo do time. O primeiro gol – veja os melhores momentos na nossa câmera exclusiva –, a bola passou pelos três. Foi cruzada por Williams, desviada por Ramon e sobrada pra Marquinhos, que chutou cruzado e no canto. O goleiro que o Vitória quis trazer e que não conseguiu, mesmo oferecendo uma grana alta, não chegou na bola e tomou o gol. 1 x 0.
O segundo tempo foi a mesma coisa. O Náutico, por estar perdendo, começou mais ofensivo, mas nada conseguia de concreto, sempre sendo parado por Renan, um jogador que tem sido o muro do Vitória, não deixando passar nada. Não jogou contra o São Paulo.
Aos 16 minutos, numa disputa no meio de campo, a bola sobrou, de novo, pro atento Marquinhos, que já foi do infantil do Vitória, e com velocidade chegou com a bola na área adversária, chutando com força, fazendo o seu segundo gol na partida. Deve ter aprendido a ser veloz assim quando era do infantil e corria pelo estádio, em direção ao seu ídolo, ao vê-lo entrar em campo pra aquecer.
Fim do jogo. 2 X 0. Vitória terminou a 14º rodada em segundo colocado.
O próximo jogo no Barradão é quarta-feira agora, dia 30/07, pela 16º rodada. Vitória X Atlético Paranaense. Xandão disse que vai comigo.
Eu e Renan estaremos lá, esperando por ele.
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Um comentário:
Apesar da derrota para o Atlético, o Vitória tem o melhor time do Brasileiro. É hora de valorizar Marquinhos e dar pelo menos 1.000% de aumento ao garoto, que ganha uma miséria. Anderson Martins é outro injustiçado, ganha uns trocados, enquanto Ramon ganha uma fortuna que a diretoria esconde dos outros, mas eu soube. Rodrigão, no banco, ganha oito vezes mais do que Marquinhos e dez vezes mais do que Anderson.
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