Meu pai é torcedor do Vitória, mas começou como flamenguista. Quando era pequeno, na cidade de Vitória da Conquista, o único contato com o futebol que ele tinha era através do rádio, e apenas sobre o campeonato carioca. Escolheu o Flamengo. Mais velho, veio pra Salvador e quando viu o Vitória entrando em campo, com as mesmas cores do Flamengo, decidiu que era para o Vitória que ele iria torcer. Nasci e, naturalmente, sou torcedor do Vitória. E não simpatizo com o Flamengo.
Acredito que esse pode ser um dos porquês de se ter tanto flamenguista espalhado pelo Brasil, fazendo o Flamengo encher todos os estádios.
– A fila tá dando cinco voltas em torno do prédio – disse-me um amigo, sobre a fila pra comprar ingresso pro jogo contra o Flamengo.
Uma vez, em uma viagem pela Chapada Diamantina, eu (Vitória), um amigo torcedor do Bahia e outro torcedor do Flamengo, apostamos quais camisas desses três times seriam as mais vistas durante a viagem, que foi de seis dias. Quem perdesse, teria de virar um copo de cerveja, só que sem cerveja, e sim, com abaíra, uma cachaça famosa por lá. A cachaça em si, é tranqüilo de beber, o problema é o arroto. Não pode arrotar. Se arrotar, fudeu.
O Flamengo ganhou com 15 camisas, seguido do Bahia com 9 e Vitória com 6. Achei até melhor, senão iam dizer que era vice e blá, blá, blá...
Encheram o copo, tremi ao sentir o cheiro, não pensei muito, virei de guti guti, segurei a respiração, soltei o ar devagar, me concentrei, mas não adiantou... O arroto foi inevitável. E com ele, toda a abaíra de volta, junto com um pastel de palmito de jaca que eu tinha acabado de comer.
Esse ano, por causa do blog, fui a quase todos os jogos do Vitória no Barradão. Vi Ipatinga, Náutico, Goiás, Portuguesa, Botafogo... não seria uma fila que iria me impedir de ver o Flamengo. A coisa era pessoal. A abaíra tá até hoje entalada. Nunca mais fui capaz de bebe-la de novo.
Soube que na loja da TIM, no Shopping Barra, estava vendendo o ingresso. Liguei pra lá e ninguém atendia. Resolvi arriscar e na hora do almoço fui até lá.
– Boa tarde, tem o ingresso pro jogo do Vitória?
– Tem...
“Que beleza!”, pensei.
– ... mas acabou – completou a imbecil.
Me concentrei, agradeci e fui embora. A guerra seria longa. Liguei pra Marcelo:
– Vai pro jogo?
– Não sei e você?
– Tô procurando ingresso.
– Soube que a fila tá dando voltas no Capemi, um cara aqui da obra acabou de ir lá. Se você me ligasse cinco minutos atrás, eu dava o dinheiro a ele pra ele comprar o seu.
Essa foi a pior notícia do dia.
Tomei coragem e, no sol de meio dia e meia, fui ao longínquo Manoel Barradas.
Parei o carro e no caminho pra fila, ainda sem vê-la, uns três que vinham na direção contrária, disseram:
– Maluco, se prepare pra ficar duas horas no sol.
E foram duas horas debaixo do sol, ouvindo os comentários alheios, ditos com a mais profunda convicção, sobre os mais diversos temas: futebol; o atacante Marquinhos; a falta de organização para a compra de ingresso; como acabar com os cambistas; o afundamento do Bahia; e a eleição de João Henrique. Todos esses assuntos foram debatidos a exaustão por três caras que se conheceram na fila, na minha frente. Vez em quando eu era convidado a opinar com um olhar, seguido da frase “né, não?”.
Concordei com tudo.
No dia seguinte, cheguei o mais cedo que pude ao estádio. Com fome, procurei o “Açaí Bombadão do Rei Jesus” e felizmente o achei, com todos os seus apetrechos para incrementar o açaí. Pedi só granola e fui me sentar.
A torcida do Flamengo chegou mais cedo ainda e, até aquele momento, estava em maior número. A caravana de Ilhéus, Juazeiro, Ipirá, Itabuna, Feira de Santana e mais uns torcedores do Bahia pareciam espremidos no espaço destinado a eles, que faziam a festa, gritando “aha, uhu, o Barradao é nosso”.
A torcida do Vitória estava demorando de entrar.
– Deixe Os Imbatíveis chegarem que eles vão ver – disse um senhor do meu lado, visivelmente irritado com a falta de respeito.
– Isso é coisa de torcedor do Bahia – profetizou outro.
– Deixe Os Imbatíveis chegarem – repetiu o primeiro.
A torcida do Flamengo passou a cantar o tema de Ayrton Senna com aquela letra deles, que acho feia pra caralho.
– Quando Os Imbatíveis chegarem, eles vão ver – disse um outro torcedor.
E nada de Os Imbatíveis chegarem.
Estava tendo um jogo preliminar dos juniores do Vitória contra um time chamado AAB. Até quando o AAB chutava, a torcida do Flamengo fazia “uuuhhh”. Espremidos, começaram a invadir e ocupar um espaço ao lado, inclusive ficando em volta de uma pequena torcida organizada do Vitória, a Camisa 12.
– Os Imbatíveis vêm aí – disse mais um.
Os Imbatíveis eram os salvadores ali. A torcida do Vitória confiava neles a tarefa de calar os flamenguistas.
“Puta que pariu, é a maior torcida do Brasil”, gritavam agora os flamenguistas.
– É que não pode mais beber no estádio, aí Os Imbatíveis tão comendo água lá fora pra já entrarem mamados – disse um outro torcedor.
E "Os Mamados" finalmente chegaram e mandaram de cara um “ei, Flamengo, vá tomar no c...”. Veja no nosso vídeo exclusivo. Outro grito constante foi o de “éu, éu, éu, vai pra casa tabaréu”, num claro preconceito da torcida do Vitória com as caravanas do interior.
Minutos antes do jogo, a torcida do Vitória estava em maior número, mas por muito pouco. Uma provocava a outra. O duelo começou nas arquibancadas. A festa estava acontecendo, tudo estava como manda o figurino, que por sinal era vermelho e preto, até que uma bandeira azul, vermelha e branca apareceu na torcida do Flamengo. Logo após disso, gritos de “Baêêêêêêa, Baêêêêêêêêa” foram entoados.
Eu entendo. Imagino que deva estar sendo difícil pros torcedores do Bahia essa falta de contato com o futebol, com os gols, com a vibração e daí eles precisam dessa dose a mais. É uma questão de sobrevivência.
Enquanto gritavam “Baêa, Baêa”, foram engolidos com gritos de “ão, ão, ão, segunda divisão”, logo depois corrigidos pra “ão, ão, ão, terceira divisão”. Até alguns torcedores do Flamengo, querendo mostrar que existiam flamenguistas ali, entraram nesse coro. Ficou feio pro time de Feira de Santana.
O jogo começou pegando fogo. As torcidas gritando, os times atacando e a luz faltando aos três minutos.
“Luz de boate no Barradao” de novo.
Meia hora depois, a luz voltou. As torcidas estavam inflamadas. A do Flamengo querendo ser campeã, a do Vitória sonhando com a Libertadores e querendo garantir a Sulamericana e a do Bahia peruando.
Os dois times jogavam abertos, se revezando no ataque, perdendo ambos grandes chances de gol. A torcida do Bamengo chiou por um pênalti não marcado em Obina, chamando o juiz de ladrão.
O Flamengo queria devolver a derrota que sofreu pro Vitória em pleno Maracanã, quando era líder do campeonato, porém, o rubro-negro baiano somou quatro pontos esse ano em cima do rival carioca, pois o jogo no Barradão ficou no zero a zero, mesmo tendo muitas boas jogadas, sendo que a melhor delas foi uma jogada muito emblemática e que não foi em cima de nenhum zagueiro, nem de nenhum volante, mas em cima do prefeito reeleito de Salvador, João Henrique, torcedor do Vitória, que, ao chegar ao estádio, foi cercado por torcedores em uma comum manifestação em torno de um político e, achando estar nos braços do seu povo, o prefeito não percebeu que roubaram sua carteira.
No fim do jogo, quando as rádios noticiavam o fato, um torcedor comentou:
– Bem feito, a gangue dele rouba do povo, a gangue do povo rouba dele.
Outro emendou:
– É só a torcida do Bahia aparecer aqui que essas coisas acontecem.
sábado, 1 de novembro de 2008
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Vitória X Fluminense (Salvador 40º)
Por causa do horário de verão, que nem tem mais na Bahia, o jogo foi transferido das 16h, hora local, para às 15h, hora de Brasília. Vesti uma bermuda, uma camiseta, passei protetor solar fator 50 e fui ao Barradão.
Mais uma vez, antes do jogo começar, enquanto o torcedor está no engarrafamento, o programa do radialista Zé Eduardo, conhecido como Bocão, deu uma notícia, tendo como fontes alguns telefonemas de algumas mulheres que se auto-denominavam por “Maria-chuteiras”, dizendo que os jogadores do Vitória estavam envolvidos em bebedeiras e brigas nas noites de Salvador, principalmente o atacante Marquinhos, que já está vendido pro Palmeiras.
– O time, além de está caindo de produção, vai jogar no sol e de ressaca?! – gritava o apresentador.
Essa notícia era demais pra torcida, que já entrou no estádio tensa, e de novo, graças ao desespero desse apresentador, pela audiência.
Como compro o ingresso antecipadamente, entrei no estádio sem problemas, diferente do meu amigo Marcelo, que comprou o cartão que dá acesso a todos os jogos, pela promoção “Sou mais Vitória”. Os computadores travaram, provocando uma enorme fila, queimando a cara e a paciência de milhares de torcedores, que xingavam todas as gerações, de todos os dirigentes do clube.
Comigo, a mulher pegou o ingresso, destacou, devolveu o canhoto e pronto, eu já estava dentro, na sombrinha.
Era o primeiro jogo desse blog que não acontece de noite. Como o blog é pé-quente (pelo menos o Vitória não perdeu nenhum jogo, visto por mim, no Barradão, nesse campeonato), achei que, sendo o primeiro jogo pela tarde, era um mal sinal.
Tenho minhas superstições, inclusive, o fato de eu não filmar o ataque adversário é uma delas.
O time do Vitória, sabiamente, entrou com o uniforme número 2, que é branco. O sol estava insuportável e o Fluminense também. Bola na trave aos dois minutos. Um pipoqueiro, de camisa preta e calça de veludo também preta, parou do meu lado, me oferecendo pipoca.
– Tá quente? – perguntei.
– Tá sim – disse ele, mexendo o produto.
Ele achou que eu tava perguntando da pipoca.
No gramado, o Vitória parecia frio. O Fluminense, desesperado por estar na zona de rebaixamento, veio pra cima. Um torcedor do meu lado, de cabeça quente, após outra grande chance do Flu, gritou:
– Esse time não treina de tarde, não, é? Mas que merda!
Mas aos 16, Rafael tabelou com Robert e fez um gol. Aliás, um golaço. Veja na nossa câmera exclusiva.
1 X 0 Vitória.
– Quem não faz toma – disse um acima.
Mais desesperado que Zé Eduardo Bocão, o Fluminense continuou vindo pra cima, sendo parado apenas pelo árbitro, que parou o jogo para que os jogadores bebessem água. Nunca vi isso.
E o Fluminense voltou com o mesmo ritmo. Dessa vez, Viáfara defendeu.
Essa minha superstição de não filmar o ataque adversário tem sido muito injusta com esse goleiro, pois nunca registro os seus milagrosos feitos.
E só por um milagre, ele pegaria o chute do jogador carioca, aos 36, em uma cobrança de falta, de longe, mas que fez uma curva louca e foi no ângulo. Golaço. Não filmei. 1 X 1. Fim do primeiro tempo.
E no primeiro minuto do segundo tempo, que teve outra pausa pra água (água que, por sinal, nas arquibancadas custava dois reais o copinho de 300 ml), o Fluminense virou o jogo. Falha dos zagueiros. Comecei a achar que poderia ser a primeira derrota do blog. “Culpa do horário”, pensei, com minhas superstições.
E o Fluminense, mesmo ganhando, continuou no ataque, por pouco não ampliando o placar pra 3 X 1.
O inferno astral tomava conta da torcida. Marquinhos era o mais cobrado. O time estava perdendo, ele era o craque do time, já estava vendido e ainda havia a denúncia de antes do jogo.
– Cachaceiro – começou a ser o grito da torcida em direção a ele.
E aos 20 minutos, quando vi que a bola ia em sua direção, cheguei a pensar: “Vai Marquinhos, justifique aí sua contratação pelo Palmeiras, porra”. E ele justificou. Craque é craque. Ele ficou na entrada da área, esperando a sobra, e, como já fez muitas vezes nesse campeonato – vide os vídeos deste blog –, quando a bola veio, do jeito que veio, ele já foi driblando e chutando. Gol. Aliás, golaço. Veja na nossa câmera exclusiva.. 2 X 2. Placar que terminou o jogo. E justiça seja feita, por culpa do árbitro, que não marcou um pênalti pro Fluminense, aos 46, fazendo o atacante Washington ter um ataque de chiliques em pleno Barradão.
A torcida do Vitória saiu insatisfeita, dessa vez com razão, porém, cantando para os tricolores que foram assistir ao jogo, do Bahia (que vão direto ao Barradao) e do Fluminense, o coro “ão, ão, ão, segunda divisão”.
Mais uma vez, antes do jogo começar, enquanto o torcedor está no engarrafamento, o programa do radialista Zé Eduardo, conhecido como Bocão, deu uma notícia, tendo como fontes alguns telefonemas de algumas mulheres que se auto-denominavam por “Maria-chuteiras”, dizendo que os jogadores do Vitória estavam envolvidos em bebedeiras e brigas nas noites de Salvador, principalmente o atacante Marquinhos, que já está vendido pro Palmeiras.
– O time, além de está caindo de produção, vai jogar no sol e de ressaca?! – gritava o apresentador.
Essa notícia era demais pra torcida, que já entrou no estádio tensa, e de novo, graças ao desespero desse apresentador, pela audiência.
Como compro o ingresso antecipadamente, entrei no estádio sem problemas, diferente do meu amigo Marcelo, que comprou o cartão que dá acesso a todos os jogos, pela promoção “Sou mais Vitória”. Os computadores travaram, provocando uma enorme fila, queimando a cara e a paciência de milhares de torcedores, que xingavam todas as gerações, de todos os dirigentes do clube.
Comigo, a mulher pegou o ingresso, destacou, devolveu o canhoto e pronto, eu já estava dentro, na sombrinha.
Era o primeiro jogo desse blog que não acontece de noite. Como o blog é pé-quente (pelo menos o Vitória não perdeu nenhum jogo, visto por mim, no Barradão, nesse campeonato), achei que, sendo o primeiro jogo pela tarde, era um mal sinal.
Tenho minhas superstições, inclusive, o fato de eu não filmar o ataque adversário é uma delas.
O time do Vitória, sabiamente, entrou com o uniforme número 2, que é branco. O sol estava insuportável e o Fluminense também. Bola na trave aos dois minutos. Um pipoqueiro, de camisa preta e calça de veludo também preta, parou do meu lado, me oferecendo pipoca.
– Tá quente? – perguntei.
– Tá sim – disse ele, mexendo o produto.
Ele achou que eu tava perguntando da pipoca.
No gramado, o Vitória parecia frio. O Fluminense, desesperado por estar na zona de rebaixamento, veio pra cima. Um torcedor do meu lado, de cabeça quente, após outra grande chance do Flu, gritou:
– Esse time não treina de tarde, não, é? Mas que merda!
Mas aos 16, Rafael tabelou com Robert e fez um gol. Aliás, um golaço. Veja na nossa câmera exclusiva.
1 X 0 Vitória.
– Quem não faz toma – disse um acima.
Mais desesperado que Zé Eduardo Bocão, o Fluminense continuou vindo pra cima, sendo parado apenas pelo árbitro, que parou o jogo para que os jogadores bebessem água. Nunca vi isso.
E o Fluminense voltou com o mesmo ritmo. Dessa vez, Viáfara defendeu.
Essa minha superstição de não filmar o ataque adversário tem sido muito injusta com esse goleiro, pois nunca registro os seus milagrosos feitos.
E só por um milagre, ele pegaria o chute do jogador carioca, aos 36, em uma cobrança de falta, de longe, mas que fez uma curva louca e foi no ângulo. Golaço. Não filmei. 1 X 1. Fim do primeiro tempo.
E no primeiro minuto do segundo tempo, que teve outra pausa pra água (água que, por sinal, nas arquibancadas custava dois reais o copinho de 300 ml), o Fluminense virou o jogo. Falha dos zagueiros. Comecei a achar que poderia ser a primeira derrota do blog. “Culpa do horário”, pensei, com minhas superstições.
E o Fluminense, mesmo ganhando, continuou no ataque, por pouco não ampliando o placar pra 3 X 1.
O inferno astral tomava conta da torcida. Marquinhos era o mais cobrado. O time estava perdendo, ele era o craque do time, já estava vendido e ainda havia a denúncia de antes do jogo.
– Cachaceiro – começou a ser o grito da torcida em direção a ele.
E aos 20 minutos, quando vi que a bola ia em sua direção, cheguei a pensar: “Vai Marquinhos, justifique aí sua contratação pelo Palmeiras, porra”. E ele justificou. Craque é craque. Ele ficou na entrada da área, esperando a sobra, e, como já fez muitas vezes nesse campeonato – vide os vídeos deste blog –, quando a bola veio, do jeito que veio, ele já foi driblando e chutando. Gol. Aliás, golaço. Veja na nossa câmera exclusiva.. 2 X 2. Placar que terminou o jogo. E justiça seja feita, por culpa do árbitro, que não marcou um pênalti pro Fluminense, aos 46, fazendo o atacante Washington ter um ataque de chiliques em pleno Barradão.
A torcida do Vitória saiu insatisfeita, dessa vez com razão, porém, cantando para os tricolores que foram assistir ao jogo, do Bahia (que vão direto ao Barradao) e do Fluminense, o coro “ão, ão, ão, segunda divisão”.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Vitória X Portuguesa (sem vira-vira)
Sem tráfego no caminho, já fui percebendo que o Barradão estaria vazio. Na porta do estádio, um carro de som tocando ininterruptamente o jingle de Imbassahy, crianças catando latinhas, um cara com um megafone fazendo propaganda da TIM e até alguns torcedores. O número era lastimável, diante da campanha que o Vitória vem fazendo.
Entrei no estádio e fui procurar algo pra comer. Encontrei um amigo meu, torcedor do Bahia, com um carrinho de espetinhos.
– Fica ai torcendo contra, né?
– Que nada, só quero ganhar dinheiro, vai querer um?
Não como carne e recusei. Não tive coragem de ir no acarajé, nem no óleo do pastel feito na hora. Já estava desanimado, achando que teria de matar a fome com pipoca e amendoim semi cru, quando avistei uma barraquinha de açaí em pleno Barradão.
“Açaí Bombadão do Rei Jesus”, dizia a faixa. O “Rei Jesus” estava no corpo de um jovem. Um jovem muito gordo, por sinal.
– É você que faz o açaí? – perguntei a ele.
– Sim, eu mesmo.
– E faz como? – eu estava tentando saber a procedência do produto.
– Açaí, xarope e banana.
– E gelo?
– Sem gelo.
– Posso provar?
Ele abriu o isopor, deu uma colherada profunda e me entregou a colher.
– Quanto é? – perguntei.
– Tem de 2, de 3, de 4 e de 5.
Peguei o de 3.
– Quer com o quê?
– Granola – respondi.
Ele disponibilizava também caldas de chocolate, baunilha, morango, granulados coloridos e paçoca.
– Porra, ninguém gosta de colocar essas coisas no açaí, só eu – disse o gordo.
O jogo começou. Não foi como no primeiro turno, contra a mesma Portuguesa, em que Dinei fez o gol mais rápido do campeonato, porém, com 10 minutos de jogo, o Vitória já ganhava por 2 X 0.
Dois gols muitos parecidos. Leandro Domingues avançando pelo meio, sendo derrubado, falta marcada e gol. O primeiro, inclusive, foi parecido também com o gol contra o Coritiba. Falta cobrada, goleiro espalmou e Marcelo Cordeiro aproveitou o rebote. O segundo gol, o goleiro nem segurou a bola chutada por Robert, autor também do chute que resultou no primeiro gol. Veja aqui, na nossa câmera exclusiva.
Depois do 2 X 0, como acontece com qualquer time, o Vitória desacelerou; como acontece com qualquer time, a Portuguesa veio pra cima e como acontece sempre com a torcida do Vitória, a impaciência e intolerância tomou conta do estádio. O time dando 2 a 0 e um retardado do meu lado vaiando, reclamando do time... como muitos pelo estádio.
– Esse Mancini é pirracento... Não colocou Ramon de pirraça.
Passava um tempo, e ele:
– Esse Marquinhos já era, é um merda. Foi vendido, já era...
Reclamou de Alexi Portela, de Jorge Sampaio, de Marco Antonio... e o time dando 2 a 0, indo pra sexta colocação do campeonato brasileiro da série A, no ano em que subiu, depois de três anos... Vá torcer pro defunto do Bahia, então, porra.
Segundo tempo começou. Mesmo reme-reme. A coisa só mudou aos 43, quando a Portuguesa temperou o jogo e o palavreado do meu torcedor-vizinho. Ele já tava puto com a entrada de Jackson no lugar de Robert, dizendo que Jackson devia tá comendo Mancini.
– Por que não colocou Ramon? É pirraça. Ainda tirou Robert e deixou Marquinhos, é pirraça.
E quando o Vitória tomou o gol, depois de estar sofrendo pressão, ele ficou repetindo sem parar, durante uns três minutos “é brincadeira um negócio desse, só pode... é brincadeira isso... é brincadeira isso...”. Qualquer bola, ele gritava “é brincadeira, isso”.
O medo de um empate estava presente em todos na torcida. A portuguesa estava pressionando: bola na trave, defesa milagrosa de Viáfara... o empate parecia próximo, até que Jackson lutou por uma bola que já tava quase perdida e tocou para Marquinhos na entrada da grande área, que chutou no canto aos 47, fazendo 3 X 1 e definindo o placar. Muitos não viram o gol, já tinham ido embora do estádio, pirados com o time.
Indo embora, dei uma de Mancini-pirracento. Passei pelo torcedor-chatão e falei alto:
– Jackson brocou...
Ele fingiu que não ouviu.
Um guri que estava na minha frente, que conhecia mais de futebol do que muitos ali, concordou comigol. Veja aqui, na nossa câmera exclusiva.
Entrei no estádio e fui procurar algo pra comer. Encontrei um amigo meu, torcedor do Bahia, com um carrinho de espetinhos.
– Fica ai torcendo contra, né?
– Que nada, só quero ganhar dinheiro, vai querer um?
Não como carne e recusei. Não tive coragem de ir no acarajé, nem no óleo do pastel feito na hora. Já estava desanimado, achando que teria de matar a fome com pipoca e amendoim semi cru, quando avistei uma barraquinha de açaí em pleno Barradão.
“Açaí Bombadão do Rei Jesus”, dizia a faixa. O “Rei Jesus” estava no corpo de um jovem. Um jovem muito gordo, por sinal.
– É você que faz o açaí? – perguntei a ele.
– Sim, eu mesmo.
– E faz como? – eu estava tentando saber a procedência do produto.
– Açaí, xarope e banana.
– E gelo?
– Sem gelo.
– Posso provar?
Ele abriu o isopor, deu uma colherada profunda e me entregou a colher.
– Quanto é? – perguntei.
– Tem de 2, de 3, de 4 e de 5.
Peguei o de 3.
– Quer com o quê?
– Granola – respondi.
Ele disponibilizava também caldas de chocolate, baunilha, morango, granulados coloridos e paçoca.
– Porra, ninguém gosta de colocar essas coisas no açaí, só eu – disse o gordo.
O jogo começou. Não foi como no primeiro turno, contra a mesma Portuguesa, em que Dinei fez o gol mais rápido do campeonato, porém, com 10 minutos de jogo, o Vitória já ganhava por 2 X 0.
Dois gols muitos parecidos. Leandro Domingues avançando pelo meio, sendo derrubado, falta marcada e gol. O primeiro, inclusive, foi parecido também com o gol contra o Coritiba. Falta cobrada, goleiro espalmou e Marcelo Cordeiro aproveitou o rebote. O segundo gol, o goleiro nem segurou a bola chutada por Robert, autor também do chute que resultou no primeiro gol. Veja aqui, na nossa câmera exclusiva.
Depois do 2 X 0, como acontece com qualquer time, o Vitória desacelerou; como acontece com qualquer time, a Portuguesa veio pra cima e como acontece sempre com a torcida do Vitória, a impaciência e intolerância tomou conta do estádio. O time dando 2 a 0 e um retardado do meu lado vaiando, reclamando do time... como muitos pelo estádio.
– Esse Mancini é pirracento... Não colocou Ramon de pirraça.
Passava um tempo, e ele:
– Esse Marquinhos já era, é um merda. Foi vendido, já era...
Reclamou de Alexi Portela, de Jorge Sampaio, de Marco Antonio... e o time dando 2 a 0, indo pra sexta colocação do campeonato brasileiro da série A, no ano em que subiu, depois de três anos... Vá torcer pro defunto do Bahia, então, porra.
Segundo tempo começou. Mesmo reme-reme. A coisa só mudou aos 43, quando a Portuguesa temperou o jogo e o palavreado do meu torcedor-vizinho. Ele já tava puto com a entrada de Jackson no lugar de Robert, dizendo que Jackson devia tá comendo Mancini.
– Por que não colocou Ramon? É pirraça. Ainda tirou Robert e deixou Marquinhos, é pirraça.
E quando o Vitória tomou o gol, depois de estar sofrendo pressão, ele ficou repetindo sem parar, durante uns três minutos “é brincadeira um negócio desse, só pode... é brincadeira isso... é brincadeira isso...”. Qualquer bola, ele gritava “é brincadeira, isso”.
O medo de um empate estava presente em todos na torcida. A portuguesa estava pressionando: bola na trave, defesa milagrosa de Viáfara... o empate parecia próximo, até que Jackson lutou por uma bola que já tava quase perdida e tocou para Marquinhos na entrada da grande área, que chutou no canto aos 47, fazendo 3 X 1 e definindo o placar. Muitos não viram o gol, já tinham ido embora do estádio, pirados com o time.
Indo embora, dei uma de Mancini-pirracento. Passei pelo torcedor-chatão e falei alto:
– Jackson brocou...
Ele fingiu que não ouviu.
Um guri que estava na minha frente, que conhecia mais de futebol do que muitos ali, concordou comigol. Veja aqui, na nossa câmera exclusiva.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Vitória X Coritiba (luz de boate no Barradão)
A lua estava incrível. Indo em direção ao estádio, fui contemplando-a pela Av. Paralela, ainda por volta das 17h, já cheia... só sumiu de minha vista quando fiz o retorno em direção ao Barradão.
O jogo era contra o sempre difícil Coritiba, que subiu junto com o Vitória em 2008.
Nos primeiros 10 minutos de jogo, o Vitória fez mais coisa do que nos 180 minutos de 0 a 0 contra Ipatinga e Sport, inclusive um gol. Veja aqui na câmera exclusiva.
O placar do estádio voltou a funcionar, mas o cara que aperta os botões precisa de um concerto. Anunciou no placar que o gol foi de Willians, tirando o mérito de Marcelo Cordeiro, autor do gol. Ainda escreveu Willans.
O problema de fazer um gol rápido é que o time recua rápido e, assim, quase sofreu o empate e até uma virada, com duas falhas dos zagueiros do Vitória.
O jogo, apesar de ainda faltarem muitos outros para o fim do campeonato, era um jogo quase decisivo, pois era contra um time que tinha o mesmo número de pontos e era um jogo que vinha depois de dois empates em casa. O Vitória precisava vencer para retomar o fôlego do próprio time e da torcida, que não compareceu.
O Vitória recuou e o Coritiba foi pra cima. Com a pressão, não sei se por obra do Divino, da direção do clube ou se da ineficiência da Coelba, dois refletores do estádio desligaram.
“Luz de boate na Fonte Nova”. Lembrei dessa frase, dita por Chico Queiroz, na abertura do seu antigo programa Tele Esportes, pra anunciar que um Ba-Vi fora cancelado no meio do jogo por falha nos refletores.
Faltavam 10 minutos pro fim do primeiro tempo e a lua, apesar do seu brilho, não dava conta de iluminar todo o gramado. O jogo ficou paralisado.
Nesse momento, uma confusão causou uma correria pelo estádio. Ouvi fogos de artifício e já imaginei a merda. Depois descobri que a merda foi pior. Um torcedor do Vitória, um completo energúmeno, por sinal, jogou um rojão na direção de dois torcedores do Coritiba que estavam sendo escoltados pela polícia. Além do absurdo por si só, que um ato estaparfúrdio desse é, o torcedor ignorante ainda faz o Vitória correr o risco de perder o mando de campo. Imbecil.
Depois de 25 minutos, a luz voltou e o Vitória do começo do jogo também, com a diferença que dessa vez não conseguiu marcar, perdendo três gols feitos, daqueles que fazem pipocar pelo estádio frases do tipo “até minha vó fazia” e “ vai chutar assim no c... da sua mãe seu filha da p...”.
Segundo tempo começou e eu ia me posicionar atrás do gol do Coritiba, bem embaixo, pra pegar alguns torcedores e, quem sabe, um bom ataque rubro-negro com direito a gol. Indo pra lá, encontrei com um amigo e resolvi ficar na parte de cima do estádio, vendo o jogo com ele. Não teve gols, mas teve uma defesa milagrosa de Viáfara que vale a pena ser exaltada. Pena que não filmei. Não teve gols, mas teve torcedores. Veja aqui na nossa câmera exclusiva.
O Coritiba estava melhor e a torcida foi ficando impaciente. Mancini colocou o argentino Trípodi, que é uma coisa a se estudar. Pode ser que ele melhore, tá cedo pra queimar ele de vez, portanto, ainda se pode dar mais uma chance. Até vi os vídeos dele jogando pelo juniores do Boca Junior. É legal, fez muito gol, chuta bem, cabeceia bem, mas, na moral, por que será que o Santos, na zona de rebaixamento, dispensou ele? Fica a dúvida.
Marco Antonio ainda perdeu duas chances que geraram mais gritos de “até minha vó na cadeira de rodas fazia”. Um cara do meu lado jurava pra todos que esse até ele fazia.
Finalmente o jogo terminou. Mais uma vitória no Barradão.
Parte da torcida vaiou. O time ganhou um jogo difícil, ganhou três pontos, chegou aos 40 e ainda tem gente que vaia. Tem torcedores que podiam ficar em casa.
Na volta pra casa, a lua continuava brilhando, iluminando o caminho da Libertadores, quem sabe...
O jogo era contra o sempre difícil Coritiba, que subiu junto com o Vitória em 2008.
Nos primeiros 10 minutos de jogo, o Vitória fez mais coisa do que nos 180 minutos de 0 a 0 contra Ipatinga e Sport, inclusive um gol. Veja aqui na câmera exclusiva.
O placar do estádio voltou a funcionar, mas o cara que aperta os botões precisa de um concerto. Anunciou no placar que o gol foi de Willians, tirando o mérito de Marcelo Cordeiro, autor do gol. Ainda escreveu Willans.
O problema de fazer um gol rápido é que o time recua rápido e, assim, quase sofreu o empate e até uma virada, com duas falhas dos zagueiros do Vitória.
O jogo, apesar de ainda faltarem muitos outros para o fim do campeonato, era um jogo quase decisivo, pois era contra um time que tinha o mesmo número de pontos e era um jogo que vinha depois de dois empates em casa. O Vitória precisava vencer para retomar o fôlego do próprio time e da torcida, que não compareceu.
O Vitória recuou e o Coritiba foi pra cima. Com a pressão, não sei se por obra do Divino, da direção do clube ou se da ineficiência da Coelba, dois refletores do estádio desligaram.
“Luz de boate na Fonte Nova”. Lembrei dessa frase, dita por Chico Queiroz, na abertura do seu antigo programa Tele Esportes, pra anunciar que um Ba-Vi fora cancelado no meio do jogo por falha nos refletores.
Faltavam 10 minutos pro fim do primeiro tempo e a lua, apesar do seu brilho, não dava conta de iluminar todo o gramado. O jogo ficou paralisado.
Nesse momento, uma confusão causou uma correria pelo estádio. Ouvi fogos de artifício e já imaginei a merda. Depois descobri que a merda foi pior. Um torcedor do Vitória, um completo energúmeno, por sinal, jogou um rojão na direção de dois torcedores do Coritiba que estavam sendo escoltados pela polícia. Além do absurdo por si só, que um ato estaparfúrdio desse é, o torcedor ignorante ainda faz o Vitória correr o risco de perder o mando de campo. Imbecil.
Depois de 25 minutos, a luz voltou e o Vitória do começo do jogo também, com a diferença que dessa vez não conseguiu marcar, perdendo três gols feitos, daqueles que fazem pipocar pelo estádio frases do tipo “até minha vó fazia” e “ vai chutar assim no c... da sua mãe seu filha da p...”.
Segundo tempo começou e eu ia me posicionar atrás do gol do Coritiba, bem embaixo, pra pegar alguns torcedores e, quem sabe, um bom ataque rubro-negro com direito a gol. Indo pra lá, encontrei com um amigo e resolvi ficar na parte de cima do estádio, vendo o jogo com ele. Não teve gols, mas teve uma defesa milagrosa de Viáfara que vale a pena ser exaltada. Pena que não filmei. Não teve gols, mas teve torcedores. Veja aqui na nossa câmera exclusiva.
O Coritiba estava melhor e a torcida foi ficando impaciente. Mancini colocou o argentino Trípodi, que é uma coisa a se estudar. Pode ser que ele melhore, tá cedo pra queimar ele de vez, portanto, ainda se pode dar mais uma chance. Até vi os vídeos dele jogando pelo juniores do Boca Junior. É legal, fez muito gol, chuta bem, cabeceia bem, mas, na moral, por que será que o Santos, na zona de rebaixamento, dispensou ele? Fica a dúvida.
Marco Antonio ainda perdeu duas chances que geraram mais gritos de “até minha vó na cadeira de rodas fazia”. Um cara do meu lado jurava pra todos que esse até ele fazia.
Finalmente o jogo terminou. Mais uma vitória no Barradão.
Parte da torcida vaiou. O time ganhou um jogo difícil, ganhou três pontos, chegou aos 40 e ainda tem gente que vaia. Tem torcedores que podiam ficar em casa.
Na volta pra casa, a lua continuava brilhando, iluminando o caminho da Libertadores, quem sabe...
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Vitória X Arbitragem (Ipatinga)
Peguei um amigo em casa e fomos ao Barradão para ver o Vitória contra o lanterninha invencível. No rádio, algum entendido da rádio, não lembro se foi Metrópole ou Transamérica, disse que o jogo seria, com certeza, 3 a 0 pro Vitória. Só falam merda. Foi zero a zero de novo, e zero a zero, como já disse, não rende crônicas. Zero a zero é a PQP.
Chegando ao estádio, mais uma vez, o burburinho sobre se o vegetal do Bahia iria jogar ou não no Barradão estava de volta. Realmente não entendo. Não conheço um torcedor do defunto que diz que vai ao Barradão, caso o jogo seja lá, e mesmo assim, insistem.
O jogo:
O argentino Trípodi estreou no ataque, deu raça, mas não fez gol; Ramon foi bem marcado e não fez nada; Marquinhos voltou depois de 20 dias, não rendeu tanto e foi vaiado (ato que considero de extrema ignorância por parte do torcedor); Vanderson perdeu um gol de cara; e o zagueiro Anderson Martins foi o único que fez um gol. Pena que não valeu, pois foi anulado pelo filha-da-puta-ladrão-descarado-vagabundo-sem-vergonha do árbitro Pericles Bassols Pegado Cortez, do Rio de Janeiro, que diante do que fez durante todo o jogo, só me faz duvidar dessa sua atitude em anular o gol rubro-negro. Não foi imparcial na distribuição dos cartões; foi conivente (ou PUTA, no dialeto do futebol) com a cera e com a violência do Ipatinga; não marcou faltas; marcou faltas quando deveria dar a lei da vantagem...
De saldo, o fim de semana não foi todo ruim, já que o desclassificado Bahia, mais uma vez, nos deu motivos pra algumas poucas e boas risadas. Tomou quatro, de virada, contra algum time que não lembro qual e que não tive o interesse de procurar na internet.
Em tempo: Veja aqui, na nossa câmera exclusiva, um flagrante do despreparo da polícia militar no Barradão.
Chegando ao estádio, mais uma vez, o burburinho sobre se o vegetal do Bahia iria jogar ou não no Barradão estava de volta. Realmente não entendo. Não conheço um torcedor do defunto que diz que vai ao Barradão, caso o jogo seja lá, e mesmo assim, insistem.
O jogo:
O argentino Trípodi estreou no ataque, deu raça, mas não fez gol; Ramon foi bem marcado e não fez nada; Marquinhos voltou depois de 20 dias, não rendeu tanto e foi vaiado (ato que considero de extrema ignorância por parte do torcedor); Vanderson perdeu um gol de cara; e o zagueiro Anderson Martins foi o único que fez um gol. Pena que não valeu, pois foi anulado pelo filha-da-puta-ladrão-descarado-vagabundo-sem-vergonha do árbitro Pericles Bassols Pegado Cortez, do Rio de Janeiro, que diante do que fez durante todo o jogo, só me faz duvidar dessa sua atitude em anular o gol rubro-negro. Não foi imparcial na distribuição dos cartões; foi conivente (ou PUTA, no dialeto do futebol) com a cera e com a violência do Ipatinga; não marcou faltas; marcou faltas quando deveria dar a lei da vantagem...
De saldo, o fim de semana não foi todo ruim, já que o desclassificado Bahia, mais uma vez, nos deu motivos pra algumas poucas e boas risadas. Tomou quatro, de virada, contra algum time que não lembro qual e que não tive o interesse de procurar na internet.
Em tempo: Veja aqui, na nossa câmera exclusiva, um flagrante do despreparo da polícia militar no Barradão.
domingo, 24 de agosto de 2008
Vitória X Sport (placar quebrado não se mexe)
Não tem muito o que escrever de um jogo quando o placar fica no 0 X 0.
E acredito que, nessa partida, a torcida tem sua parcela de culpa pelo jogo insosso.
Indo pro estádio, ainda no carro, ouvi a notícia em primeira mão de que o atacante Dinei, artilheiro do time no campeonato, não jogava mais pelo Vitória. Foi vendido ao clube espanhol Celta de Vigo. O passe dele era do Atlético PR, que tinha, de acordo com o contrato, o direito de vender o jogador quando bem entendesse até o dia 1 setembro. É bom a torcida se acostumar com isso. São as novas regras do futebol. Cabe ao Vitória aprender a usar isso também a seu favor.
O torcedor já estava na defensiva com os desfalques importantes do time (Renan, Marquinhos e Leonardo Silva) e com a escolha do técnico Vagner Mancini de improvisar Jackson no ataque.
– Hoje vai ser difícil – dizia um.
– Hoje vai ser foda – dizia outro.
Com a noticia da saída de Dinei, minutos antes do inicio do jogo, o nervosismo aumentou, fazendo o torcedor já entrar no estádio puto da vida, transferido isso pro time desde o apito inicial. De mau humor, a torcida reclamava de qualquer lateral perdido, ou erro de ataque de Jackson. Estava tensa, vaiando os jogadores, como se eles fossem os culpados pelos desfalques e pela transferência-surpresa de Dinei.
O time em campo foi um reflexo do torcedor na arquibancada. Confuso e nervoso. Por um momento, em contra ataques perigosos do Sport, cheguei a achar o empate um bom resultado. Saí mais chateado com a ansiosa torcida do que com o time. Porém, ainda assim, é melhor vaiar do que fazer o que os pobres coitados tricolores fizeram, ao invadir o Fazendão. O desespero lá deve estar grande. A torcida do Bahia realmente tem me feito rir muito ultimamente.
Se eu fosse do departamento de marketing de alguma das empresas que expõem suas marcas ao lado do placar do Barradão, estaria mais puto do que o torcedor do acabado Bahia. Veja aqui o porquê.
Enfim, não tem muito o que escrever de um jogo quando o placar é de 0 X 0. E nem tinha placar.
Em tempo:
O segundo turno começou igual ao primeiro turno. Derrota pro Cruzeiro, empate com o Sport e vitória em cima do Figueirense. Ontem, 23/08, fora de casa, o Vitória ganhou por 2 X 1 do Figueirense, sendo que o primeiro gol foi um incrível gol de bicicleta e, mais incrível que o gol de bicicleta, foi que o segundo gol foi de Rodrigão.
Em tempo II:
Esse blog, a partir de hoje, passa a ser em homenagem à memória do amigo Maneca Tanajura, torcedor e dirigente do Vitória, que morreu hoje, 24/08, domingo, em decorrência de um câncer, deixando o mesmo vazio que um zero a zero deixa.
E acredito que, nessa partida, a torcida tem sua parcela de culpa pelo jogo insosso.
Indo pro estádio, ainda no carro, ouvi a notícia em primeira mão de que o atacante Dinei, artilheiro do time no campeonato, não jogava mais pelo Vitória. Foi vendido ao clube espanhol Celta de Vigo. O passe dele era do Atlético PR, que tinha, de acordo com o contrato, o direito de vender o jogador quando bem entendesse até o dia 1 setembro. É bom a torcida se acostumar com isso. São as novas regras do futebol. Cabe ao Vitória aprender a usar isso também a seu favor.
O torcedor já estava na defensiva com os desfalques importantes do time (Renan, Marquinhos e Leonardo Silva) e com a escolha do técnico Vagner Mancini de improvisar Jackson no ataque.
– Hoje vai ser difícil – dizia um.
– Hoje vai ser foda – dizia outro.
Com a noticia da saída de Dinei, minutos antes do inicio do jogo, o nervosismo aumentou, fazendo o torcedor já entrar no estádio puto da vida, transferido isso pro time desde o apito inicial. De mau humor, a torcida reclamava de qualquer lateral perdido, ou erro de ataque de Jackson. Estava tensa, vaiando os jogadores, como se eles fossem os culpados pelos desfalques e pela transferência-surpresa de Dinei.
O time em campo foi um reflexo do torcedor na arquibancada. Confuso e nervoso. Por um momento, em contra ataques perigosos do Sport, cheguei a achar o empate um bom resultado. Saí mais chateado com a ansiosa torcida do que com o time. Porém, ainda assim, é melhor vaiar do que fazer o que os pobres coitados tricolores fizeram, ao invadir o Fazendão. O desespero lá deve estar grande. A torcida do Bahia realmente tem me feito rir muito ultimamente.
Se eu fosse do departamento de marketing de alguma das empresas que expõem suas marcas ao lado do placar do Barradão, estaria mais puto do que o torcedor do acabado Bahia. Veja aqui o porquê.
Enfim, não tem muito o que escrever de um jogo quando o placar é de 0 X 0. E nem tinha placar.
Em tempo:
O segundo turno começou igual ao primeiro turno. Derrota pro Cruzeiro, empate com o Sport e vitória em cima do Figueirense. Ontem, 23/08, fora de casa, o Vitória ganhou por 2 X 1 do Figueirense, sendo que o primeiro gol foi um incrível gol de bicicleta e, mais incrível que o gol de bicicleta, foi que o segundo gol foi de Rodrigão.
Em tempo II:
Esse blog, a partir de hoje, passa a ser em homenagem à memória do amigo Maneca Tanajura, torcedor e dirigente do Vitória, que morreu hoje, 24/08, domingo, em decorrência de um câncer, deixando o mesmo vazio que um zero a zero deixa.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
Vitória X Vasco (nas nuvens)
Eu não pude ir a esse jogo pelo fato de estar no Rio de Janeiro fazendo o lançamento do meu livro e estava com a volta marcada para Domingo, ontem, dia do jogo no Barradão. Até tentei uma passagem que fosse mais cedo, para dar tempo de ir ao jogo, mas não consegui. O mais cedo que consegui foi no vôo 1602 da Gol, que saiu às 16:10.
Por um apagão no sistema, os assentos não puderam ser reservados, entrando em vigor a lei do assento livre. Me posicionei na frente da fila, pois sabia eu que o Barradão está na rota de pouso dos aviões que chegam a Salvador. Sempre que estou no Barradão, vejo os aviões pousando, já bem baixos… Me posicionei do lado em que daria pra ver o estádio.
Chegando em Salvador, fiquei atento e foi certeiro. Vi o Barradão lá de cima. Não dava pra ver o placar, porém, dava pra ver as luzes de fogos de artifício que a torcida do Vitória acende quando o time está com o jogo ganho. Meu otimismo foi interrompido por uma voz pobre e sofredora, na cadeira da minha frente:
– Ó o Barradão ali… Deve tá tomando um ferro do Vasco… – disse ele, que ficou falando impropérios contra o Vitória.
Desci do avião e caminhamos lado a lado, indo buscar as bagagens. Eu ia ligar pra um amigo meu que estava no Barradão, mas ele fez antes:
– E ai, a merda do Vitória tomou quanto? – ele perguntou pra alguém do outro lado da linha.
O outro lado da linha respondeu. Fiquei atento também.
– CINCO – gritou ele, que percebeu que eu estava de olho e orelha na conversa.
Confesso que tremi, mas durou pouco, pois logo depois ele fez a pergunta pro outro lado da linha, como que para confirmar:
– O Vitória deu cinco a zero no Vasco?!
– As luzes da torcida nunca falham – disse pra ele, que ficou meio sem entender, ainda atordoado com a noticia, olhando pra mim com cara de bunda...
Foi como estar no Barradão.
Por um apagão no sistema, os assentos não puderam ser reservados, entrando em vigor a lei do assento livre. Me posicionei na frente da fila, pois sabia eu que o Barradão está na rota de pouso dos aviões que chegam a Salvador. Sempre que estou no Barradão, vejo os aviões pousando, já bem baixos… Me posicionei do lado em que daria pra ver o estádio.
Chegando em Salvador, fiquei atento e foi certeiro. Vi o Barradão lá de cima. Não dava pra ver o placar, porém, dava pra ver as luzes de fogos de artifício que a torcida do Vitória acende quando o time está com o jogo ganho. Meu otimismo foi interrompido por uma voz pobre e sofredora, na cadeira da minha frente:
– Ó o Barradão ali… Deve tá tomando um ferro do Vasco… – disse ele, que ficou falando impropérios contra o Vitória.
Desci do avião e caminhamos lado a lado, indo buscar as bagagens. Eu ia ligar pra um amigo meu que estava no Barradão, mas ele fez antes:
– E ai, a merda do Vitória tomou quanto? – ele perguntou pra alguém do outro lado da linha.
O outro lado da linha respondeu. Fiquei atento também.
– CINCO – gritou ele, que percebeu que eu estava de olho e orelha na conversa.
Confesso que tremi, mas durou pouco, pois logo depois ele fez a pergunta pro outro lado da linha, como que para confirmar:
– O Vitória deu cinco a zero no Vasco?!
– As luzes da torcida nunca falham – disse pra ele, que ficou meio sem entender, ainda atordoado com a noticia, olhando pra mim com cara de bunda...
Foi como estar no Barradão.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
Vitória X Atlético-PR (aos 43 do segundo tempo, aos 36 anos...)
E como foi prometido, Xandão, meu amigo atleticano paranaense, que foi comigo no Vitória X Náutico, pisou o pé (quente, por sinal) pela segunda vez no Barradão.
O porém é que, durante a aproximação do dia do jogo, mais pessoas foram querendo ir com a gente. No final, fomos cinco. Só eu de Vitória contra um atleticano e três torcedores do pobre Bahia. Compreendo eles, coitados...
Nos instalamos na torcida do Atlético. Os comentários ali eram de choro de perdedor antes da hora: “Estamos com seis desfalques”, “ Fulaninho tá machucado”, “Joãozinho nhé, nhé, nhé...”. Um, de camisa do Atlético, soltou um “oxente” em uma de suas falas, transparecendo que era mais um torcedor do pobre coitado do Bahia querendo ver um joguinho de futebol de primeira. “Esse cavalo é égua”, pensei.
No primeiro tempo, ficamos separados. Fui para atrás do gol em que o Vitória atacava, enquanto eles ficaram na torcida do Atlético Paranaense. Vi o time atacar, atacar, atacar, não fazer gol e tomar um. Pior do que tomar um gol é tomar um gol olímpico, chovendo e com um bando de tricolor comemorando.
Um senhor que se protegia da chuva com uma bandeira me chamou, dizendo que tinha espaço pra mim. Abriu mais um pedaço e ficamos juntos, enrolados na bandeira do Vitória, reclamando da chuva e dos dois Neys, o que fez o gol e o que tomou o gol.
Por causa de Willians Santana, fiquei encharcado com a chuva. Ele chutou na trave e o dono da bandeira, enquanto a bola ainda fazia a sua trajetória, achou que ia ser gol e saiu correndo levando a bandeira. Voltou pedindo desculpa.
– Não me contive, achei que ia ser gol – disse ele.
Por causa da chuva, não obtive nesse jogo boas imagens. Mas tem um pequeno registro, da nossa câmera exclusiva do Barradão On Line.
Um torcedor atrás de mim, puto da vida com o Vitória, usava a palavra “displicente” a todo momento. Um passe errado de Marquinhos, e ele dizia “esse Marquinhos é displicente”. Passe errado de Leonardo, “esse Leonardo é muito displicente”.
Acabou o primeiro tempo e fui pra torcida atleticana, me encontrar com meus amigos.
Ouvi piadas sobre a vesguice do goleiro Ney, que pior do que o gol tomado só a sua participação no comercial do Vitória. A diretoria errou feio. O comercial é horrível. Horroroso. De segunda divisão. Os jogadores não são atores. Eles vendem ingressos se fizerem gols, e não aparecendo na TV dizendo frases decoradas.
O gol olímpico era o tema do intervalo.
“Gol olímpico é foda, humilhante”, diziam eles, humilhando...
O segundo tempo começou e Xandão estava confiante na vitória. O Atlético voltou melhor diante do Vitória. O Ney do Vitória se redimiu do gol olímpico fazendo uma defesa contra uma cabeçada certeira, do fogo amigo de Marcelo Cordeiro. Perder o jogo tomando um gol olímpico, tudo bem, mas perder o jogo tomando um gol olímpico e um outro contra seria demais.
Defender uma bola de um atacante adversário deve ser mais fácil do que defender uma bola que veio do seu zagueiro. Do adversário você já esperava por aquilo.
Mas aos sete minutos, o Vitória foi pra cima, e, num bate-rebate louco na área atleticana, a bola sobrou pra ele, Marquinhos, o displicente, que tava ali só olhando, e a bola já foi em direção a ele certinha, na medida, pra ele já chegar chutando, que foi o que fez. Um gol simples, veja na câmera exclusiva, com uma comemoração emocionante.
Rubro-negros felizes de um lado, rubro-negros e tricolores tristes de outro. É até bom que eles fiquem juntos, já fazem amizade, ano que vem podem se bater na série B, lá em Feira...
“Agora o Vitória vai brocar”, pensaram todos.
Mas o Atlético, com seus desfalques, continuou indo pra cima, perdendo chances que lhe custariam a partida. Confesso que cheguei a pensar “o empate vai ser um bom resultado”. A defesa do Vitória falhou mais do que o normal em relação aos outros jogos que assisti no Barradão. O Ney do Atlético fazia o que queria com a defesa do Vitória, fez até gol olímpico, mas não fez outro gol.
E aos 43 minutos, aos 36 anos de idade, Ramon, como que para coroar a sua permanência e teimosia em ficar os 90 minutos, recebeu o passe de Marquinhos, matando a bola no peito e chutando de primeira, no cantinho, furando a rede do Atlético... um gol simples. E, na regra do futebol, dois gols “simples” valem mais que um olímpico.
Dois gols simples valeram três pontos, permanência no topo da tabela e volta sorridente pra casa, num engarrafamento na saída do estádio, num carro com cinco pessoas. Só eu de rubro-negro, um atleticano e três tricolores...
Em tempo: O próximo jogo no Barradão é contra o Vasco, mas não poderei assistir. Atualizarei o blog no jogo da 2º rodada do 2º turno, do dia 20/08, contra o Sport.
O porém é que, durante a aproximação do dia do jogo, mais pessoas foram querendo ir com a gente. No final, fomos cinco. Só eu de Vitória contra um atleticano e três torcedores do pobre Bahia. Compreendo eles, coitados...
Nos instalamos na torcida do Atlético. Os comentários ali eram de choro de perdedor antes da hora: “Estamos com seis desfalques”, “ Fulaninho tá machucado”, “Joãozinho nhé, nhé, nhé...”. Um, de camisa do Atlético, soltou um “oxente” em uma de suas falas, transparecendo que era mais um torcedor do pobre coitado do Bahia querendo ver um joguinho de futebol de primeira. “Esse cavalo é égua”, pensei.
No primeiro tempo, ficamos separados. Fui para atrás do gol em que o Vitória atacava, enquanto eles ficaram na torcida do Atlético Paranaense. Vi o time atacar, atacar, atacar, não fazer gol e tomar um. Pior do que tomar um gol é tomar um gol olímpico, chovendo e com um bando de tricolor comemorando.
Um senhor que se protegia da chuva com uma bandeira me chamou, dizendo que tinha espaço pra mim. Abriu mais um pedaço e ficamos juntos, enrolados na bandeira do Vitória, reclamando da chuva e dos dois Neys, o que fez o gol e o que tomou o gol.
Por causa de Willians Santana, fiquei encharcado com a chuva. Ele chutou na trave e o dono da bandeira, enquanto a bola ainda fazia a sua trajetória, achou que ia ser gol e saiu correndo levando a bandeira. Voltou pedindo desculpa.
– Não me contive, achei que ia ser gol – disse ele.
Por causa da chuva, não obtive nesse jogo boas imagens. Mas tem um pequeno registro, da nossa câmera exclusiva do Barradão On Line.
Um torcedor atrás de mim, puto da vida com o Vitória, usava a palavra “displicente” a todo momento. Um passe errado de Marquinhos, e ele dizia “esse Marquinhos é displicente”. Passe errado de Leonardo, “esse Leonardo é muito displicente”.
Acabou o primeiro tempo e fui pra torcida atleticana, me encontrar com meus amigos.
Ouvi piadas sobre a vesguice do goleiro Ney, que pior do que o gol tomado só a sua participação no comercial do Vitória. A diretoria errou feio. O comercial é horrível. Horroroso. De segunda divisão. Os jogadores não são atores. Eles vendem ingressos se fizerem gols, e não aparecendo na TV dizendo frases decoradas.
O gol olímpico era o tema do intervalo.
“Gol olímpico é foda, humilhante”, diziam eles, humilhando...
O segundo tempo começou e Xandão estava confiante na vitória. O Atlético voltou melhor diante do Vitória. O Ney do Vitória se redimiu do gol olímpico fazendo uma defesa contra uma cabeçada certeira, do fogo amigo de Marcelo Cordeiro. Perder o jogo tomando um gol olímpico, tudo bem, mas perder o jogo tomando um gol olímpico e um outro contra seria demais.
Defender uma bola de um atacante adversário deve ser mais fácil do que defender uma bola que veio do seu zagueiro. Do adversário você já esperava por aquilo.
Mas aos sete minutos, o Vitória foi pra cima, e, num bate-rebate louco na área atleticana, a bola sobrou pra ele, Marquinhos, o displicente, que tava ali só olhando, e a bola já foi em direção a ele certinha, na medida, pra ele já chegar chutando, que foi o que fez. Um gol simples, veja na câmera exclusiva, com uma comemoração emocionante.
Rubro-negros felizes de um lado, rubro-negros e tricolores tristes de outro. É até bom que eles fiquem juntos, já fazem amizade, ano que vem podem se bater na série B, lá em Feira...
“Agora o Vitória vai brocar”, pensaram todos.
Mas o Atlético, com seus desfalques, continuou indo pra cima, perdendo chances que lhe custariam a partida. Confesso que cheguei a pensar “o empate vai ser um bom resultado”. A defesa do Vitória falhou mais do que o normal em relação aos outros jogos que assisti no Barradão. O Ney do Atlético fazia o que queria com a defesa do Vitória, fez até gol olímpico, mas não fez outro gol.
E aos 43 minutos, aos 36 anos de idade, Ramon, como que para coroar a sua permanência e teimosia em ficar os 90 minutos, recebeu o passe de Marquinhos, matando a bola no peito e chutando de primeira, no cantinho, furando a rede do Atlético... um gol simples. E, na regra do futebol, dois gols “simples” valem mais que um olímpico.
Dois gols simples valeram três pontos, permanência no topo da tabela e volta sorridente pra casa, num engarrafamento na saída do estádio, num carro com cinco pessoas. Só eu de rubro-negro, um atleticano e três tricolores...
Em tempo: O próximo jogo no Barradão é contra o Vasco, mas não poderei assistir. Atualizarei o blog no jogo da 2º rodada do 2º turno, do dia 20/08, contra o Sport.
domingo, 27 de julho de 2008
Vitória X Náutico ("Para o alto e avante" é com a gente.
O jogo que não fui, Vitória X São Paulo, o Vitória perdeu. Mas se redimiu bonito no Maracanã, contra o Flamengo, e agora jogava em casa de novo, contra o Náutico. Levei um amigo, Xandão, que nunca tinha ido ao Barradão.
Xandão é Paranaense e veio morar em Salvador ainda pequenino. Torce pro Atlético de lá.
Para evitar congestionamento usual que acontece quando em jogo, chegamos cedo ao estádio e mesmo com as luzes apagadas, Xandão pode constatar que o estádio, arquitetado pelo brilhante Lev Smarcevski, é do caralho. Não é a toa que a diretoria do Bahia mendigou e não conseguiu. Agora mendigou ao Governador para que este mendigasse ao Vitória para que deixasse o Bahia jogar lá. A torcida do Bahia sempre manifestou o seu desprezo e “nojo” pelo estádio, nada mais natural que a torcida do Vitória seja radicalmente contra.
O acesso realmente é ruim, daí o engarrafamento de praxe, mas já que o Governador entrou na questão, a melhoria do local é um dever seu, Jaques Tricolor.
Para mim, que freqüento o Barradão, os banheiros ainda podem melhorar muito, assim como os bares, mas Xandão, que na Bahia só freqüentou a Fonte Nova, ficou impressionado com o banheiro.
– Tem pia... – disse ele.
Com o estádio vazio, ficamos andando pela sua extensão calmamente, no ponto mais alto da arquibancada, quando avistamos um grupo de crianças uniformizadas com o padrão do Vitória. São do time infantil e estavam ali pra entrar com o time profissional em campo. Estavam esperando o portão que liga a arquibancada ao gramado ser aberto para eles. O portão mágico. Tinham entre 6 e 12 anos. A maioria das classes desfavorecidas. São obrigados a mostrar o boletim para poderem iniciar a carreira no clube. Outra obrigação é a de comprar o uniforme do clube, que custa 60 reais o kit (sem a chuteira), que vem com marcas da Canal Jeans, Tintas Iquine e Insinuante, e que é feito de um tecido vagabundo, diferente do padrão oficial. Se não comprar o uniforme lá, não pode ser “atleta” do clube. Se comprar fora, um igual, sai por menos de 25 reais.
– Pior sou eu, que tive de gastar esse dinheiro pra vestir esse uniforme, sendo torcedor do Bahia – disse Robson, 12 anos.
Segundo ele, no Vitória ele tem mais chances de se dar bem.
– Tô jogando aqui porque tô pensando de forma profissional – disse ele.
Um uniformizado, de uns 8 anos, do nada, saiu em disparada, na direção do alambrado, descendo os enormes e intermináveis degraus. Um outro, assim que o viu correndo ladeira abaixo, gritou “é Viáfara ali”, e desceu correndo também, em direção ao goleiro do Vitória que entrou em campo para aquecer. Um tropeço poderia ser fatal. Uns 10 foram em seguida. Alguns ficaram.
– Quero ver é subir – disse Robson, o tricolor.
– Quero ver é a merda do seu Bahia subir? – disse um camisa 10, do infantil, ao lado de Robson.
O jogo começou e o Vitória foi pra cima, mostrando desde o começo que quer e que está com um time preparado para ficar na parte de cima da classificação.
O goleiro do Náutico, que segundo um cara do meu lado “foi o goleiro que o Vitória tentou trazer antes do campeonato começar”, salvou o time de um massacre ainda nos minutos iniciais.
– O Vitória fez de tudo pra que ele jogasse o brasileiro aqui, mas não conseguiu – dizia ele, a cada defesa do goleiro.
O Náutico só chegou com perigo uma vez, quando o atacante perdeu um gol de dentro da pequena área.
O Vitória atacava. Chute de fora da área, defesa do goleiro:
– Eduardo o nome desse goleiro, o Vitória tentou trazer ele, ofereceu uma grana alta pra ele, mas não conseguiu... – ele dizia para o ar, em voz alta, para que todos ao redor ouvissem a informação preciosa que ele possuía.
Williams, Ramon e Marquinhos, três jogadores que já foram muito criticados pela torcida, hoje são a base do esquema tático ofensivo do time. O primeiro gol – veja os melhores momentos na nossa câmera exclusiva –, a bola passou pelos três. Foi cruzada por Williams, desviada por Ramon e sobrada pra Marquinhos, que chutou cruzado e no canto. O goleiro que o Vitória quis trazer e que não conseguiu, mesmo oferecendo uma grana alta, não chegou na bola e tomou o gol. 1 x 0.
O segundo tempo foi a mesma coisa. O Náutico, por estar perdendo, começou mais ofensivo, mas nada conseguia de concreto, sempre sendo parado por Renan, um jogador que tem sido o muro do Vitória, não deixando passar nada. Não jogou contra o São Paulo.
Aos 16 minutos, numa disputa no meio de campo, a bola sobrou, de novo, pro atento Marquinhos, que já foi do infantil do Vitória, e com velocidade chegou com a bola na área adversária, chutando com força, fazendo o seu segundo gol na partida. Deve ter aprendido a ser veloz assim quando era do infantil e corria pelo estádio, em direção ao seu ídolo, ao vê-lo entrar em campo pra aquecer.
Fim do jogo. 2 X 0. Vitória terminou a 14º rodada em segundo colocado.
O próximo jogo no Barradão é quarta-feira agora, dia 30/07, pela 16º rodada. Vitória X Atlético Paranaense. Xandão disse que vai comigo.
Eu e Renan estaremos lá, esperando por ele.
Xandão é Paranaense e veio morar em Salvador ainda pequenino. Torce pro Atlético de lá.
Para evitar congestionamento usual que acontece quando em jogo, chegamos cedo ao estádio e mesmo com as luzes apagadas, Xandão pode constatar que o estádio, arquitetado pelo brilhante Lev Smarcevski, é do caralho. Não é a toa que a diretoria do Bahia mendigou e não conseguiu. Agora mendigou ao Governador para que este mendigasse ao Vitória para que deixasse o Bahia jogar lá. A torcida do Bahia sempre manifestou o seu desprezo e “nojo” pelo estádio, nada mais natural que a torcida do Vitória seja radicalmente contra.
O acesso realmente é ruim, daí o engarrafamento de praxe, mas já que o Governador entrou na questão, a melhoria do local é um dever seu, Jaques Tricolor.
Para mim, que freqüento o Barradão, os banheiros ainda podem melhorar muito, assim como os bares, mas Xandão, que na Bahia só freqüentou a Fonte Nova, ficou impressionado com o banheiro.
– Tem pia... – disse ele.
Com o estádio vazio, ficamos andando pela sua extensão calmamente, no ponto mais alto da arquibancada, quando avistamos um grupo de crianças uniformizadas com o padrão do Vitória. São do time infantil e estavam ali pra entrar com o time profissional em campo. Estavam esperando o portão que liga a arquibancada ao gramado ser aberto para eles. O portão mágico. Tinham entre 6 e 12 anos. A maioria das classes desfavorecidas. São obrigados a mostrar o boletim para poderem iniciar a carreira no clube. Outra obrigação é a de comprar o uniforme do clube, que custa 60 reais o kit (sem a chuteira), que vem com marcas da Canal Jeans, Tintas Iquine e Insinuante, e que é feito de um tecido vagabundo, diferente do padrão oficial. Se não comprar o uniforme lá, não pode ser “atleta” do clube. Se comprar fora, um igual, sai por menos de 25 reais.
– Pior sou eu, que tive de gastar esse dinheiro pra vestir esse uniforme, sendo torcedor do Bahia – disse Robson, 12 anos.
Segundo ele, no Vitória ele tem mais chances de se dar bem.
– Tô jogando aqui porque tô pensando de forma profissional – disse ele.
Um uniformizado, de uns 8 anos, do nada, saiu em disparada, na direção do alambrado, descendo os enormes e intermináveis degraus. Um outro, assim que o viu correndo ladeira abaixo, gritou “é Viáfara ali”, e desceu correndo também, em direção ao goleiro do Vitória que entrou em campo para aquecer. Um tropeço poderia ser fatal. Uns 10 foram em seguida. Alguns ficaram.
– Quero ver é subir – disse Robson, o tricolor.
– Quero ver é a merda do seu Bahia subir? – disse um camisa 10, do infantil, ao lado de Robson.
O jogo começou e o Vitória foi pra cima, mostrando desde o começo que quer e que está com um time preparado para ficar na parte de cima da classificação.
O goleiro do Náutico, que segundo um cara do meu lado “foi o goleiro que o Vitória tentou trazer antes do campeonato começar”, salvou o time de um massacre ainda nos minutos iniciais.
– O Vitória fez de tudo pra que ele jogasse o brasileiro aqui, mas não conseguiu – dizia ele, a cada defesa do goleiro.
O Náutico só chegou com perigo uma vez, quando o atacante perdeu um gol de dentro da pequena área.
O Vitória atacava. Chute de fora da área, defesa do goleiro:
– Eduardo o nome desse goleiro, o Vitória tentou trazer ele, ofereceu uma grana alta pra ele, mas não conseguiu... – ele dizia para o ar, em voz alta, para que todos ao redor ouvissem a informação preciosa que ele possuía.
Williams, Ramon e Marquinhos, três jogadores que já foram muito criticados pela torcida, hoje são a base do esquema tático ofensivo do time. O primeiro gol – veja os melhores momentos na nossa câmera exclusiva –, a bola passou pelos três. Foi cruzada por Williams, desviada por Ramon e sobrada pra Marquinhos, que chutou cruzado e no canto. O goleiro que o Vitória quis trazer e que não conseguiu, mesmo oferecendo uma grana alta, não chegou na bola e tomou o gol. 1 x 0.
O segundo tempo foi a mesma coisa. O Náutico, por estar perdendo, começou mais ofensivo, mas nada conseguia de concreto, sempre sendo parado por Renan, um jogador que tem sido o muro do Vitória, não deixando passar nada. Não jogou contra o São Paulo.
Aos 16 minutos, numa disputa no meio de campo, a bola sobrou, de novo, pro atento Marquinhos, que já foi do infantil do Vitória, e com velocidade chegou com a bola na área adversária, chutando com força, fazendo o seu segundo gol na partida. Deve ter aprendido a ser veloz assim quando era do infantil e corria pelo estádio, em direção ao seu ídolo, ao vê-lo entrar em campo pra aquecer.
Fim do jogo. 2 X 0. Vitória terminou a 14º rodada em segundo colocado.
O próximo jogo no Barradão é quarta-feira agora, dia 30/07, pela 16º rodada. Vitória X Atlético Paranaense. Xandão disse que vai comigo.
Eu e Renan estaremos lá, esperando por ele.
sábado, 12 de julho de 2008
Vitória X Botafogo Tricolor
Sabendo que o Barradão iria estar mais cheio que os jogos anteriores, cheguei cedo e me posicionei atrás do gol em que o Vitória costuma começar atacando nos primeiros tempos das partidas. Ao meu lado, a torcida do Botafogo.
– Metade ali é torcedor do Bahia – disse-me um senhor de aparentemente 60 anos, de bermuda, chinelo, radinho no ouvido, cigarro na boca e um copo de cerveja sem álcool do lado.
Não duvidei.
A torcida do Botafogo parecia confiante. Mas isso só durou até o apito inicial.
No meu ponto clássico de filmar o jogo, mais uma vez, como o leitor poderá observar nos dois textos abaixo, os impropérios dirigidos ao goleiro adversário irá existir em todos os jogos do Vitória no Barradão. Prometo que tentarei mostrar todos. A vitima dessa vez foi o goleiro do Botafogo, o uruguaio Castillo.
Um torcedor, atento a nacionalidade do goleiro adversário, além de gritar coisas normais como “viado”, “frangueiro” ou “sua mulher tá dando pro time do Flamengo”, ele gritava “Castillo maricon... Castillo maricon...”. Porém, ele mesmo, percebendo que o xingamento que usava causava estranheza entre os seus, tratou de se explicar:
– Maricon é viado, significa viado, em espanhol. É pra ele entender... – dizia ele.
Mas os xingamentos era o que mais de suave Castillo ouviria naquela noite.
Logo aos 11 minutos, o atacante Marquinhos entrou na área e sofreu um pênalti. Ramon na cobrança, atenção, vai bater “Castillo maricon, goooooollllll”. 1 X 0.
Filmei a alegria da torcida e fui então filmar a torcida do Botafogo. Fui andando e, opa, hein, o que é isso? Torcedores do Bahia, com a camisa do Bahia, na torcida do Botafogo? Tsc, tsc... que vergonha, hein? Realmente, que decepção! Mais rebaixados, impossível. Fiquei com pena.
Mas eu gosto do torcedor do Bahia. Os acho pessoas engraçadíssimas. Veja a cara deles no vídeo exclusivo e diga se não são seres vivos interessantes de se observar.
Não senti tanto desprezo. Tentei ser compreensivo. Deve tá sendo difícil pra eles, coitados, não assistem um joguinho de primeira a muitos anos, aliás, não têm nem onde jogar.
Mas foi bom que, com o ranço de time perdedor, infectaram o pobre do Botafogo.
Estavam com uma camisa que tem um TAZ estampado. Ui, que meda!
Nem deu tempo pra primeira lágrima tricolor descer (diante da cena, vou ignorar os torcedores do Botafogo), quando Marquinhos, dois minutos depois, fez uma jogada incrível e tocou na medida pra Ramon, que, antes de marcar o segundo dele e do Vitória no jogo, driblou com o corpo o zagueiro carioca.
A festa já começou ali e nem parou quando o Botafogo fez um gol de pênalti, aos 25. A torcida já sabia que a noite era de chocolate, tanto que, quatro minutos depois, Marquinhos quase marcou de bicicleta, e, cinco minutos depois, mais uma vez, ele deu outro passe certeiro, dessa vez pra Marcelo Cordeiro, que entrou fuzilando o gol de Castillo. Terceiro gol do Vitória. E, aos 45 do primeiro tempo, Ramon, mais uma vez, cobrando um pênalti sofrido por Vanderson, marcou o terceiro gol dele na partida e o quarto do Vitória.
“Que saudade quando eram só os xingamentos”, pensou Castillo.
No intervalo do jogo, tentei ir ao outro lado do estádio, para poder me posicionar atrás do gol adversário, mas nem consegui chegar perto e tive de ver o segundo tempo na parte de cima, quase na saída. O quinto gol aconteceu aos três minutos, quando eu estava subindo. Nem vi o gol e também não tenho muito a dizer do jogo no segundo tempo. Em uma posição desprivilegiada, confesso que ainda não adquiri total controle para filmar, anotar pérolas que são ditas a todo instante pelos torcedores e ainda prestar atenção no jogo para poder fazer a resenha aqui no blog. Espero um dia conseguir.
O que vi do segundo tempo foi o trivial de um jogo que está 5 a 1. O time que está perdendo vindo pra cima e o que está ganhando indo no contra-ataque. Assim o Vitória permaneceu. Até tomou o segundo gol, mas manteve a soberania do jogo.
A próxima rodada no Barradão será quarta-feira (12º rodada), contra o São Paulo e, infelizmente, o “Vitória no Barradão”, por motivos de força maior, não fará a cobertura desse jogo, voltando no jogo seguinte.
Um amigo meu, que apesar de ser baiano torce pro São Paulo, disse que iria pro jogo.
Teve sorte de que eu não vou estar lá pra filmar. Mas vai ter o azar de conhecer um amigo meu, Marquinhos.
– Metade ali é torcedor do Bahia – disse-me um senhor de aparentemente 60 anos, de bermuda, chinelo, radinho no ouvido, cigarro na boca e um copo de cerveja sem álcool do lado.
Não duvidei.
A torcida do Botafogo parecia confiante. Mas isso só durou até o apito inicial.
No meu ponto clássico de filmar o jogo, mais uma vez, como o leitor poderá observar nos dois textos abaixo, os impropérios dirigidos ao goleiro adversário irá existir em todos os jogos do Vitória no Barradão. Prometo que tentarei mostrar todos. A vitima dessa vez foi o goleiro do Botafogo, o uruguaio Castillo.
Um torcedor, atento a nacionalidade do goleiro adversário, além de gritar coisas normais como “viado”, “frangueiro” ou “sua mulher tá dando pro time do Flamengo”, ele gritava “Castillo maricon... Castillo maricon...”. Porém, ele mesmo, percebendo que o xingamento que usava causava estranheza entre os seus, tratou de se explicar:
– Maricon é viado, significa viado, em espanhol. É pra ele entender... – dizia ele.
Mas os xingamentos era o que mais de suave Castillo ouviria naquela noite.
Logo aos 11 minutos, o atacante Marquinhos entrou na área e sofreu um pênalti. Ramon na cobrança, atenção, vai bater “Castillo maricon, goooooollllll”. 1 X 0.
Filmei a alegria da torcida e fui então filmar a torcida do Botafogo. Fui andando e, opa, hein, o que é isso? Torcedores do Bahia, com a camisa do Bahia, na torcida do Botafogo? Tsc, tsc... que vergonha, hein? Realmente, que decepção! Mais rebaixados, impossível. Fiquei com pena.
Mas eu gosto do torcedor do Bahia. Os acho pessoas engraçadíssimas. Veja a cara deles no vídeo exclusivo e diga se não são seres vivos interessantes de se observar.
Não senti tanto desprezo. Tentei ser compreensivo. Deve tá sendo difícil pra eles, coitados, não assistem um joguinho de primeira a muitos anos, aliás, não têm nem onde jogar.
Mas foi bom que, com o ranço de time perdedor, infectaram o pobre do Botafogo.
Estavam com uma camisa que tem um TAZ estampado. Ui, que meda!
Nem deu tempo pra primeira lágrima tricolor descer (diante da cena, vou ignorar os torcedores do Botafogo), quando Marquinhos, dois minutos depois, fez uma jogada incrível e tocou na medida pra Ramon, que, antes de marcar o segundo dele e do Vitória no jogo, driblou com o corpo o zagueiro carioca.
A festa já começou ali e nem parou quando o Botafogo fez um gol de pênalti, aos 25. A torcida já sabia que a noite era de chocolate, tanto que, quatro minutos depois, Marquinhos quase marcou de bicicleta, e, cinco minutos depois, mais uma vez, ele deu outro passe certeiro, dessa vez pra Marcelo Cordeiro, que entrou fuzilando o gol de Castillo. Terceiro gol do Vitória. E, aos 45 do primeiro tempo, Ramon, mais uma vez, cobrando um pênalti sofrido por Vanderson, marcou o terceiro gol dele na partida e o quarto do Vitória.
“Que saudade quando eram só os xingamentos”, pensou Castillo.
No intervalo do jogo, tentei ir ao outro lado do estádio, para poder me posicionar atrás do gol adversário, mas nem consegui chegar perto e tive de ver o segundo tempo na parte de cima, quase na saída. O quinto gol aconteceu aos três minutos, quando eu estava subindo. Nem vi o gol e também não tenho muito a dizer do jogo no segundo tempo. Em uma posição desprivilegiada, confesso que ainda não adquiri total controle para filmar, anotar pérolas que são ditas a todo instante pelos torcedores e ainda prestar atenção no jogo para poder fazer a resenha aqui no blog. Espero um dia conseguir.
O que vi do segundo tempo foi o trivial de um jogo que está 5 a 1. O time que está perdendo vindo pra cima e o que está ganhando indo no contra-ataque. Assim o Vitória permaneceu. Até tomou o segundo gol, mas manteve a soberania do jogo.
A próxima rodada no Barradão será quarta-feira (12º rodada), contra o São Paulo e, infelizmente, o “Vitória no Barradão”, por motivos de força maior, não fará a cobertura desse jogo, voltando no jogo seguinte.
Um amigo meu, que apesar de ser baiano torce pro São Paulo, disse que iria pro jogo.
Teve sorte de que eu não vou estar lá pra filmar. Mas vai ter o azar de conhecer um amigo meu, Marquinhos.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Vitória X Goiás (4 a 3 é a PQP)
O segundo jogo que iria assistir no campeonato brasileiro de 2008. Meu pai pediu que eu não fosse.
– No último Vitória X Goiás que você foi, o Vitória estava dando 3 a 0 e no segundo tempo deixou virar pra 4 a 3 – advertiu ele, falando do jogo de 2003, quando eu entrei no Barradão exatamente no início do segundo tempo. Assumo a culpa.
– Mas dessa vez vou chegar cedo – respondi, confiante.
Comprei meu ingresso dois dias antes e, sem fila, entrei no estádio.
Pelo estádio, o comentário nas rodinhas de conversa era o tema “Bahia jogar no Barradão”. A maioria esmagadora era radicalmente contra. Mas acredito que o Vitória pode lucrar com isso, além do dinheiro do aluguel. Acredito que se houver melhorias significativas nos acessos ao estádio (e nos estacionamentos), feitas pela diretoria do Bahia, além de uma cláusula dizendo que “se bagunçar, não trago mais”, que a proposta pode ser conversada. Seria um investimento. O Bahia precisa de espaço pra que sua torcida vá, para que ele tenha lucro. Para ter lucro, precisa investir. E nós, torcedores do Vitória, poderemos lucrar com isso.
Para esse jogo, além do bom e velho papel e caneta, levei uma câmera para filmar alguns lances. Com medo de perder algum gol, filmei todos os escanteios, faltas e ataques do Vitória, que começou o jogo bastante sonolento.
– Ramon tá fora de forma – gritou um gordinho do meu lado.
Procurando um ângulo bom para filmar, me posicionei atrás do gol do Goiás.
Escanteio pro Vitória. Liguei a câmera. “Esse goleiro dá c..., viu?”, gritou um senhor do meu lado. Escanteio cobrado, a bola bateu em alguém, sobrou livre na pequena área pra Dinei e é Gol... GOOOOOOOO/ Não valeu. Não valeu. O árbitro invalidou o lance. Depois, na filmagem, o leitor poderá ver que o gol foi legal, pois a bola bateu no zagueiro do Goiás, sobrando livre pra Dinei.
O senhor do meu lado ficou puto e continuou a infernizar o goleiro do Goiás. Qualquer ataque do Vitória e ele dizia “é agora, viu, seu goleiro viado?”.
E aos 44 do primeiro tempo, Ramon cobrou a falta no cantinho. Na CAMÊRA EXCLUSIVA 1 o leitor poderá ver que a jogada foi ensaiada e executada com perfeição. Juntos da barreira do Goiás, o jogadores 7, 3 e 9 saíram da frente no momento exato pra bola passar, atrapalhando o goleiro, que teve de ouvir “eu lhe falei, eu lhe falei”.
1 X 0 pro Vitória.
Intervalo do primeiro tempo. Apesar do gol, a torcida continuou insatisfeita com Ramon. O gordinho citado acima, faixa dos 34, de bermuda e com uma camisa do Vitória bem apertada, gritava com muita raiva, para uma rodinha de cinco torcedores:
– Wagner Mancini que vá chupar uma p..., porra de experiência, Ramon tá acabado. Tá fora de forma...
Aí ele parava, respirava, e voltava a berrar:
– Caralho de buceta de porra de experiência é minha pica. O cara tá fudido, parece uma carniça.
Pensei “opa, vou filmar”. Apertei REC e pude comprovar o poder da câmera:
– O que você tava dizendo? – falei.
– Não, o que eu queria dizer é que o treinador tá um pouco equivocado escalando o meio campo com o atleta Ramon Menezes, pois, assistindo aos jogos, é nítido de que ele não se encontra em sua melhor forma física...
– Cadê a raiva, maluco? – perguntei.
A imagem ficou tão sem graça que nem postei.
Segundo tempo começou e o Vitória pareceu mais acordado, voltou ofensivo.
Fui pro outro lado do estádio para ficar sempre no lado do ataque rubro-negro e tentar assim o melhor ângulo de filmagem.
No primeiro minuto, Ramon quase faz o segundo e de novo de falta. Harlei defendeu.
O Goiás foi pra cima, mas, como foi dito no texto do jogo contra o Santos, a defesa do Vitória está bem montada. O Goiás até criou algumas jogadas, mas todas neutralizadas pelos zagueiros do Vitória, em especial, Anderson Martins, que passa o jogo todo concentrado.
Aos 10, Ramon cobrou outra falta perigosa e aos 15 minutos Pituca foi expulso, deixando o Goiás com 10 jogadores em campo.
Na moral, “Pituca” é foda.
Aos 23, Willians Santana, que já foi muito criticado pela torcida, saiu de campo muito aplaudido. Jackson entrou em seu lugar e o jogo ficou morno até os 30, quando Mancini tirou Ramon e colocou Ricardinho.
Marcelo, um amigo que vai sempre aos jogos comigo, comentou:
– Agora você vai ver o que é velocidade.
Aos 33, Ricardinho já puxou um contra-ataque rápido, mas o juiz marcou impedimento de Vanderson.
O Goiás passou a atacar mais e a torcida foi ficando nervosa. Ouvi um grito e reconheci a voz. Olhei e constatei que o gordinho-nervoso também mudou de lado no segundo tempo.
– Como é que tira Willians Santana? – gritou ele.
– Ele saiu machucado – respondeu um amigo dele.
– Machucado é minha p... – respondeu ele.
O jogo seguiu truncado até os 42, quando Ricardinho levou á sério a maior lei do futebol. A lei que é ensinada desde pequeno em qualquer escolinha de futebol, em qualquer baba de rua, a lei “abriu-chutou”.
Golaço. Veja aqui na CAMÊRA EXCLUSIVA 2.
Jogo acabando, dois a zero, e aos 45, o juiz disse que teria mais 4 minutos de jogo. Lembrei da virada do 4 X 3 e, ainda traumatizado, fiz uma promessa: “não filmo mais o jogo”. E assim perdi a chance de filmar o terceiro gol do Vitória, quando Dinei entrou sozinho, aos 46, exorcizando de vez o fantasma da virada do 4 a 3.
Na saída, o gordinho gritava:
– Tem que tirar Ramon, Marquinhos, Cordeiro, Renan...
Marcelo comentou comigo, num tom alto:
– Porra, o time dá 3 a 0 e o cara quer mudar o time todo.
O gordinho ouviu:
– 3 a 0 é minha p...
No dia seguinte, no passeio matinal de domingo, pela orla da Ondina, passei pelo Clube Espanhol e parei para ver o baba que acontecia. Um cara que ficava no ataque, reclamava de tudo e de todos. A bola nunca chegava nele. E quando chegava, ele fazia merda.
– Esses que reclamam no baba desse jeito são os que vão pro estádio ver um jogo e ficam reclamando dos jogadores... São uns merdas – disse um expectador, do meu lado.
– No último Vitória X Goiás que você foi, o Vitória estava dando 3 a 0 e no segundo tempo deixou virar pra 4 a 3 – advertiu ele, falando do jogo de 2003, quando eu entrei no Barradão exatamente no início do segundo tempo. Assumo a culpa.
– Mas dessa vez vou chegar cedo – respondi, confiante.
Comprei meu ingresso dois dias antes e, sem fila, entrei no estádio.
Pelo estádio, o comentário nas rodinhas de conversa era o tema “Bahia jogar no Barradão”. A maioria esmagadora era radicalmente contra. Mas acredito que o Vitória pode lucrar com isso, além do dinheiro do aluguel. Acredito que se houver melhorias significativas nos acessos ao estádio (e nos estacionamentos), feitas pela diretoria do Bahia, além de uma cláusula dizendo que “se bagunçar, não trago mais”, que a proposta pode ser conversada. Seria um investimento. O Bahia precisa de espaço pra que sua torcida vá, para que ele tenha lucro. Para ter lucro, precisa investir. E nós, torcedores do Vitória, poderemos lucrar com isso.
Para esse jogo, além do bom e velho papel e caneta, levei uma câmera para filmar alguns lances. Com medo de perder algum gol, filmei todos os escanteios, faltas e ataques do Vitória, que começou o jogo bastante sonolento.
– Ramon tá fora de forma – gritou um gordinho do meu lado.
Procurando um ângulo bom para filmar, me posicionei atrás do gol do Goiás.
Escanteio pro Vitória. Liguei a câmera. “Esse goleiro dá c..., viu?”, gritou um senhor do meu lado. Escanteio cobrado, a bola bateu em alguém, sobrou livre na pequena área pra Dinei e é Gol... GOOOOOOOO/ Não valeu. Não valeu. O árbitro invalidou o lance. Depois, na filmagem, o leitor poderá ver que o gol foi legal, pois a bola bateu no zagueiro do Goiás, sobrando livre pra Dinei.
O senhor do meu lado ficou puto e continuou a infernizar o goleiro do Goiás. Qualquer ataque do Vitória e ele dizia “é agora, viu, seu goleiro viado?”.
E aos 44 do primeiro tempo, Ramon cobrou a falta no cantinho. Na CAMÊRA EXCLUSIVA 1 o leitor poderá ver que a jogada foi ensaiada e executada com perfeição. Juntos da barreira do Goiás, o jogadores 7, 3 e 9 saíram da frente no momento exato pra bola passar, atrapalhando o goleiro, que teve de ouvir “eu lhe falei, eu lhe falei”.
1 X 0 pro Vitória.
Intervalo do primeiro tempo. Apesar do gol, a torcida continuou insatisfeita com Ramon. O gordinho citado acima, faixa dos 34, de bermuda e com uma camisa do Vitória bem apertada, gritava com muita raiva, para uma rodinha de cinco torcedores:
– Wagner Mancini que vá chupar uma p..., porra de experiência, Ramon tá acabado. Tá fora de forma...
Aí ele parava, respirava, e voltava a berrar:
– Caralho de buceta de porra de experiência é minha pica. O cara tá fudido, parece uma carniça.
Pensei “opa, vou filmar”. Apertei REC e pude comprovar o poder da câmera:
– O que você tava dizendo? – falei.
– Não, o que eu queria dizer é que o treinador tá um pouco equivocado escalando o meio campo com o atleta Ramon Menezes, pois, assistindo aos jogos, é nítido de que ele não se encontra em sua melhor forma física...
– Cadê a raiva, maluco? – perguntei.
A imagem ficou tão sem graça que nem postei.
Segundo tempo começou e o Vitória pareceu mais acordado, voltou ofensivo.
Fui pro outro lado do estádio para ficar sempre no lado do ataque rubro-negro e tentar assim o melhor ângulo de filmagem.
No primeiro minuto, Ramon quase faz o segundo e de novo de falta. Harlei defendeu.
O Goiás foi pra cima, mas, como foi dito no texto do jogo contra o Santos, a defesa do Vitória está bem montada. O Goiás até criou algumas jogadas, mas todas neutralizadas pelos zagueiros do Vitória, em especial, Anderson Martins, que passa o jogo todo concentrado.
Aos 10, Ramon cobrou outra falta perigosa e aos 15 minutos Pituca foi expulso, deixando o Goiás com 10 jogadores em campo.
Na moral, “Pituca” é foda.
Aos 23, Willians Santana, que já foi muito criticado pela torcida, saiu de campo muito aplaudido. Jackson entrou em seu lugar e o jogo ficou morno até os 30, quando Mancini tirou Ramon e colocou Ricardinho.
Marcelo, um amigo que vai sempre aos jogos comigo, comentou:
– Agora você vai ver o que é velocidade.
Aos 33, Ricardinho já puxou um contra-ataque rápido, mas o juiz marcou impedimento de Vanderson.
O Goiás passou a atacar mais e a torcida foi ficando nervosa. Ouvi um grito e reconheci a voz. Olhei e constatei que o gordinho-nervoso também mudou de lado no segundo tempo.
– Como é que tira Willians Santana? – gritou ele.
– Ele saiu machucado – respondeu um amigo dele.
– Machucado é minha p... – respondeu ele.
O jogo seguiu truncado até os 42, quando Ricardinho levou á sério a maior lei do futebol. A lei que é ensinada desde pequeno em qualquer escolinha de futebol, em qualquer baba de rua, a lei “abriu-chutou”.
Golaço. Veja aqui na CAMÊRA EXCLUSIVA 2.
Jogo acabando, dois a zero, e aos 45, o juiz disse que teria mais 4 minutos de jogo. Lembrei da virada do 4 X 3 e, ainda traumatizado, fiz uma promessa: “não filmo mais o jogo”. E assim perdi a chance de filmar o terceiro gol do Vitória, quando Dinei entrou sozinho, aos 46, exorcizando de vez o fantasma da virada do 4 a 3.
Na saída, o gordinho gritava:
– Tem que tirar Ramon, Marquinhos, Cordeiro, Renan...
Marcelo comentou comigo, num tom alto:
– Porra, o time dá 3 a 0 e o cara quer mudar o time todo.
O gordinho ouviu:
– 3 a 0 é minha p...
No dia seguinte, no passeio matinal de domingo, pela orla da Ondina, passei pelo Clube Espanhol e parei para ver o baba que acontecia. Um cara que ficava no ataque, reclamava de tudo e de todos. A bola nunca chegava nele. E quando chegava, ele fazia merda.
– Esses que reclamam no baba desse jeito são os que vão pro estádio ver um jogo e ficam reclamando dos jogadores... São uns merdas – disse um expectador, do meu lado.
Vitória X Santos (Chuva rima com menta)
Foi o primeiro jogo do Vitória que fui assistir na Série A deste ano. O último jogo que vi do Vitória na Série A foi em 2004. Até chamei um amigo meu que é torcedor do Bahia para ir comigo assistir ao jogo, usando isso como argumento:
– Bora, rapaz, tem quanto tempo que você não vê um jogo de primeira?
Mas ele não quis ir.
O dia estava chuvoso e em diversos momentos cogitei não ir ao estádio. Mas, mesmo na dúvida, fui. Logo na entrada, já com o ingresso na mão, avistei uns guarda-chuvas abertos expostos no chão. De um lado, o céu de Salvador estava azul, de outro, branco e preto. “Melhor comprar antes que comece a chover”, pensei, preocupado com as nuvens do lado de lá e com a inflação que o guarda-chuva sofreria com a mudança no tempo.
Assim que entrei no estádio, a primeira mudança que percebi com a subida do Vitória pra Série A foram os anúncios do Itaú e da Vivo no gramado. Assim como os anúncios, para a Série A aumentou também a fiscalização sobre pessoas que poderiam ter acesso ao gramado. Ainda não conseguimos, mas o Barradão On Line está tentando normalizar a situação para que em breve possamos voltar a acessar o campo de jogo. Para Vitória x Santos, assisti só das arquibancadas.
Antes do Vitória, o guarda-chuva entrou em campo. Foram os R$6 mais bem pagos dos últimos anos. A chuva veio forte. Bom guarda-chuva, recebeu um vento contrário e não virou, e ainda me manteve seco. Problema de jogo com chuva é que ninguém senta e assim tem que ver o jogo de pé.
Gol a favor. Mesmo com tempo ruim, a torcida marcou presença.
Começou a partida e com ela as opiniões dos torcedores pipocando pelo estádio. Um torcedor de boné, cigarro na boca, 50 anos e sem camisa, reclamava em voz alta que “não tem mais cerveja nessa merda”. Agora é lei, não pode mais vender cerveja dentro de estádio.
- “Mas eu vi vendendo cerveja ali” - disse um torcedor de calça jeans, camisa oficial, óculos de grau e fone nos ouvidos, querendo criar a amizade que sempre acontece em estádios de futebol.
Essas amizades são interessantes. Começam e acabam em pouco mais de 90 minutos. São intensas, pois ali o objetivo de todos é o mesmo. As diferenças sociais e, principalmente, as diferenças pessoais desaparecem. Se o cara tá desempregado desde 2005, o outro a mulher tá traindo, o do lado descobriu que o filho tá usando drogas, se Varela e ACM Neto se uniram... Nada importa, e nada barra o acolhimento pelo próximo, que só existe em um jogo de futebol, em uma tentativa de se criar um laço humanitário.
– “Aonde?” – perguntou o que reclamava.
– “Ali, tinha a placa ‘Schin, 1,50’” – disse apontando para o bar.
Ele subiu correndo os degraus, feliz da vida, encontrou o amigo do jogo, o mensageiro das boas novas, o cara que vai comemorar o gol com ele... Mas voltou com três cigarros na mão, gritando com a lei, com o técnico Vágner Mancini por ter escalado Willians Santana e com o torcedor que tentou ser gente boa, avisando da cervejinha que viu sendo vendida...
– “É CERVEJA SEM ÁLCOOL” – gritou ele, puto da vida.
O que queria ser gente boa desceu uns cinco degraus depois dessa.
O Vitória começou bem. Atacou com consistência e teve chances reais de gol aos nove, aos onze e aos quinze, com Fábio Costa fazendo grandes defesas nas três ocasiões.
Fábio, de costa.
Um gordinho simpático do meu lado, uns 12 anos, uma barriga bem redonda, camisa oficial de manga longa, acompanhado do pai, gritava a cada passe dado:
– “Bolão, bolão, bolão...”.
Aí, quando o cara que iria receber o tal bolão dominava a bola, ele dizia:
– “Calma, calma, calma...”.
E depois dizia “bolão, bolão, bolão” de novo, se o jogador desse um outro passe certo. E, aos 22, antes de uma cobrança de falta na intermediária, ele disse:
– “Ó o gol do Vitória aí, ó o gol aí...”.
Marco Antonio colocou a bola na área, o gordinho gritou “bolão, bolão, bolão”, Dinei entrou sozinho, “bolão, bolão, gol, goool, eu falei, eu faleeeeeeeeeeiiiii, gooooooool, eu faleeeeeeei...”. O gordinho foi abraçado por gente como a porra. Eu fiquei anotando as coisas e recebi um tapão nas costas, junto com o grito “comemora, porra”, de um cara que nunca vi na vida. Comemorei a lei, que acabou com os banhos de cerveja que aconteciam através dos copos que voavam nos gols do Vitória.
Desci para bem próximo do gramado para tentar fazer uma boa foto do jogo. Três policiais intimidavam qualquer torcedor a se aproximar do muro. Me aproximei com a câmera e eles não fizeram nada. Um minuto depois, recebendo um chamado pelo rádio, eles saíram dali e, no mesmo instante, uns 10 torcedores se agarraram na grade gritando “Fábio Costa viado, vou comer seu c...”.
Um torcedor de bermuda e camisa verde falava, calmamente, achando que assim ganharia a confiança do goleiro, que olharia para ele:
– “Fábio, Fábio, olhe pra cá, sério, na boa, Fábio, olhe pra cá...”.
Aí, ele foi se irritando aos poucos:
– “Olhe pra cá, porra...”.
Ele continuou enchendo o saco de Fábio Costa, que hora nenhuma se desconcentrou e fez outra defesa importante aos 33, em um chute de Dinei. E o time do Santos só encheu o saco de Viáfara aos 43 minutos. Viáfara fez também boa defesa, sem rebote, em um chute forte de Molina.
Eu pensava que o nome do goleiro do Vitória era Biafra. Até imaginei que a mãe dele (ou o pai) deveria ser fã do cantor Biafra e fez uma homenagem. Só escrevendo este texto foi que pesquisei e descobri que não era Biafra, e sim Viáfara. Gosto mais de “Biafra”. Nomes à parte, Viáfara se mostrou um grande goleiro, principalmente no segundo tempo.
Intervalo de jogo, consegui comprar uma água sem muito sofrimento, diferente de quando vendia cerveja, que, da forma que era vendida, com um número mínimo de funcionários para servir uma multidão de milhares de pessoas, era uma completa falta de respeito com os torcedores e com os próprios funcionários do bar. A diretoria precisa ficar atenta a isso. Já que o futebol moderno virou empresa, os torcedores viraram clientes, então é bom tratar bem. No Vitória x Santos, tinha fila para as mulheres entrarem no banheiro feminino.
Recado pra diretoria: trate bem as nossas torcedoras.
Converso com um funcionário a respeito da proibição de cerveja e ele diz que o trabalho ficou mais tranqüilo, mas que alguns perderam o emprego. Um outro torcedor que ouvia nossa conversa gritou, ao me ver anotando a conversa:
– “É pro A Tarde, é?”.
Falei que era pro Barradão On Line e ele disse que queria dar uma opinião:
– “Anote aí, essa lei é um absurdo... O cara que bebe fica mais nervoso ainda quando não bebe. É um absurdo... E, pior, ele já chega no estádio bêbado, enche a cara muito mais do que o normal lá fora, e já chega aqui mamado”.
Gols contra. A gente sabe que os banheiros poderiam ser maiores e melhores, mas não justifica essa falta de educação.
O segundo tempo começou e o Santos foi pra cima, contradizendo sua condição de time com 10 jogadores desde o sete minutos da segunda etapa, com a expulsão de Wesley. Com o Santos atacando, Biafra (vou chamá-lo de Biafra), se tornou um jogador importante, assim como os zagueiros do Vitória.
O meio-campo caiu de produção, o Santos investia o tempo todo e nada conseguia de concreto, mostrando que o Vitória estava com uma defesa coesa. Que continue assim.
Aos 21 minutos, a chuva voltou. A torcida estava impaciente com a possibilidade de tomar um gol em casa por um time com menos um. Willians Santana foi trocado por Muriqui.
– “Quem?” – perguntou um torcedor pra mim.
– Muriqui – respondi.
Mas ele não entendeu bem, pois logo depois Muriqui errou um passe e ele gritou:
– “Esse Piriquito é uma merda”.
– Muriqui – disse eu, o corrigindo.
– “Muriquito, Piriquito, é tudo mesma merda” – gritou ele.
Depois, ele disse que se o Vitória tomasse um gol a culpa era do treinador, que mexeu errado. E reclamou do atacante Marquinhos.
– “Esse não joga no meu baba... é medroso”.
Aos 45, a primeira falha da defesa, mas o atacante do Santos falhou mais ainda e a bola foi pra fora. Resultado final: Vitória 1x0 Santos. O time foi para a oitava colocação.
Na saída, em direção ao carro, dois torcedores conversavam:
– “Apostei 10 cervejas”.
– “Com quem?” – perguntou o amigo.
– “Uns cara aí do Bahia...”.
– “Então vamo tomar” – finalizou.
Em tempo: Já dentro do carro, ouvi no rádio que naquele momento se inaugurava no Barradão uma nova sala de imprensa, muito luxuosa e bem equipada, construída para atender aos profissionais da imprensa. Tô esperando esse cuidado com nós, torcedores, com bares e banheiros nesse estilo.
– Bora, rapaz, tem quanto tempo que você não vê um jogo de primeira?
Mas ele não quis ir.
O dia estava chuvoso e em diversos momentos cogitei não ir ao estádio. Mas, mesmo na dúvida, fui. Logo na entrada, já com o ingresso na mão, avistei uns guarda-chuvas abertos expostos no chão. De um lado, o céu de Salvador estava azul, de outro, branco e preto. “Melhor comprar antes que comece a chover”, pensei, preocupado com as nuvens do lado de lá e com a inflação que o guarda-chuva sofreria com a mudança no tempo.
Assim que entrei no estádio, a primeira mudança que percebi com a subida do Vitória pra Série A foram os anúncios do Itaú e da Vivo no gramado. Assim como os anúncios, para a Série A aumentou também a fiscalização sobre pessoas que poderiam ter acesso ao gramado. Ainda não conseguimos, mas o Barradão On Line está tentando normalizar a situação para que em breve possamos voltar a acessar o campo de jogo. Para Vitória x Santos, assisti só das arquibancadas.
Antes do Vitória, o guarda-chuva entrou em campo. Foram os R$6 mais bem pagos dos últimos anos. A chuva veio forte. Bom guarda-chuva, recebeu um vento contrário e não virou, e ainda me manteve seco. Problema de jogo com chuva é que ninguém senta e assim tem que ver o jogo de pé.
Gol a favor. Mesmo com tempo ruim, a torcida marcou presença.
Começou a partida e com ela as opiniões dos torcedores pipocando pelo estádio. Um torcedor de boné, cigarro na boca, 50 anos e sem camisa, reclamava em voz alta que “não tem mais cerveja nessa merda”. Agora é lei, não pode mais vender cerveja dentro de estádio.
- “Mas eu vi vendendo cerveja ali” - disse um torcedor de calça jeans, camisa oficial, óculos de grau e fone nos ouvidos, querendo criar a amizade que sempre acontece em estádios de futebol.
Essas amizades são interessantes. Começam e acabam em pouco mais de 90 minutos. São intensas, pois ali o objetivo de todos é o mesmo. As diferenças sociais e, principalmente, as diferenças pessoais desaparecem. Se o cara tá desempregado desde 2005, o outro a mulher tá traindo, o do lado descobriu que o filho tá usando drogas, se Varela e ACM Neto se uniram... Nada importa, e nada barra o acolhimento pelo próximo, que só existe em um jogo de futebol, em uma tentativa de se criar um laço humanitário.
– “Aonde?” – perguntou o que reclamava.
– “Ali, tinha a placa ‘Schin, 1,50’” – disse apontando para o bar.
Ele subiu correndo os degraus, feliz da vida, encontrou o amigo do jogo, o mensageiro das boas novas, o cara que vai comemorar o gol com ele... Mas voltou com três cigarros na mão, gritando com a lei, com o técnico Vágner Mancini por ter escalado Willians Santana e com o torcedor que tentou ser gente boa, avisando da cervejinha que viu sendo vendida...
– “É CERVEJA SEM ÁLCOOL” – gritou ele, puto da vida.
O que queria ser gente boa desceu uns cinco degraus depois dessa.
O Vitória começou bem. Atacou com consistência e teve chances reais de gol aos nove, aos onze e aos quinze, com Fábio Costa fazendo grandes defesas nas três ocasiões.
Fábio, de costa.
Um gordinho simpático do meu lado, uns 12 anos, uma barriga bem redonda, camisa oficial de manga longa, acompanhado do pai, gritava a cada passe dado:
– “Bolão, bolão, bolão...”.
Aí, quando o cara que iria receber o tal bolão dominava a bola, ele dizia:
– “Calma, calma, calma...”.
E depois dizia “bolão, bolão, bolão” de novo, se o jogador desse um outro passe certo. E, aos 22, antes de uma cobrança de falta na intermediária, ele disse:
– “Ó o gol do Vitória aí, ó o gol aí...”.
Marco Antonio colocou a bola na área, o gordinho gritou “bolão, bolão, bolão”, Dinei entrou sozinho, “bolão, bolão, gol, goool, eu falei, eu faleeeeeeeeeeiiiii, gooooooool, eu faleeeeeeei...”. O gordinho foi abraçado por gente como a porra. Eu fiquei anotando as coisas e recebi um tapão nas costas, junto com o grito “comemora, porra”, de um cara que nunca vi na vida. Comemorei a lei, que acabou com os banhos de cerveja que aconteciam através dos copos que voavam nos gols do Vitória.
Desci para bem próximo do gramado para tentar fazer uma boa foto do jogo. Três policiais intimidavam qualquer torcedor a se aproximar do muro. Me aproximei com a câmera e eles não fizeram nada. Um minuto depois, recebendo um chamado pelo rádio, eles saíram dali e, no mesmo instante, uns 10 torcedores se agarraram na grade gritando “Fábio Costa viado, vou comer seu c...”.
Um torcedor de bermuda e camisa verde falava, calmamente, achando que assim ganharia a confiança do goleiro, que olharia para ele:
– “Fábio, Fábio, olhe pra cá, sério, na boa, Fábio, olhe pra cá...”.
Aí, ele foi se irritando aos poucos:
– “Olhe pra cá, porra...”.
Ele continuou enchendo o saco de Fábio Costa, que hora nenhuma se desconcentrou e fez outra defesa importante aos 33, em um chute de Dinei. E o time do Santos só encheu o saco de Viáfara aos 43 minutos. Viáfara fez também boa defesa, sem rebote, em um chute forte de Molina.
Eu pensava que o nome do goleiro do Vitória era Biafra. Até imaginei que a mãe dele (ou o pai) deveria ser fã do cantor Biafra e fez uma homenagem. Só escrevendo este texto foi que pesquisei e descobri que não era Biafra, e sim Viáfara. Gosto mais de “Biafra”. Nomes à parte, Viáfara se mostrou um grande goleiro, principalmente no segundo tempo.
Intervalo de jogo, consegui comprar uma água sem muito sofrimento, diferente de quando vendia cerveja, que, da forma que era vendida, com um número mínimo de funcionários para servir uma multidão de milhares de pessoas, era uma completa falta de respeito com os torcedores e com os próprios funcionários do bar. A diretoria precisa ficar atenta a isso. Já que o futebol moderno virou empresa, os torcedores viraram clientes, então é bom tratar bem. No Vitória x Santos, tinha fila para as mulheres entrarem no banheiro feminino.
Recado pra diretoria: trate bem as nossas torcedoras.
Converso com um funcionário a respeito da proibição de cerveja e ele diz que o trabalho ficou mais tranqüilo, mas que alguns perderam o emprego. Um outro torcedor que ouvia nossa conversa gritou, ao me ver anotando a conversa:
– “É pro A Tarde, é?”.
Falei que era pro Barradão On Line e ele disse que queria dar uma opinião:
– “Anote aí, essa lei é um absurdo... O cara que bebe fica mais nervoso ainda quando não bebe. É um absurdo... E, pior, ele já chega no estádio bêbado, enche a cara muito mais do que o normal lá fora, e já chega aqui mamado”.
Gols contra. A gente sabe que os banheiros poderiam ser maiores e melhores, mas não justifica essa falta de educação.
O segundo tempo começou e o Santos foi pra cima, contradizendo sua condição de time com 10 jogadores desde o sete minutos da segunda etapa, com a expulsão de Wesley. Com o Santos atacando, Biafra (vou chamá-lo de Biafra), se tornou um jogador importante, assim como os zagueiros do Vitória.
O meio-campo caiu de produção, o Santos investia o tempo todo e nada conseguia de concreto, mostrando que o Vitória estava com uma defesa coesa. Que continue assim.
Aos 21 minutos, a chuva voltou. A torcida estava impaciente com a possibilidade de tomar um gol em casa por um time com menos um. Willians Santana foi trocado por Muriqui.
– “Quem?” – perguntou um torcedor pra mim.
– Muriqui – respondi.
Mas ele não entendeu bem, pois logo depois Muriqui errou um passe e ele gritou:
– “Esse Piriquito é uma merda”.
– Muriqui – disse eu, o corrigindo.
– “Muriquito, Piriquito, é tudo mesma merda” – gritou ele.
Depois, ele disse que se o Vitória tomasse um gol a culpa era do treinador, que mexeu errado. E reclamou do atacante Marquinhos.
– “Esse não joga no meu baba... é medroso”.
Aos 45, a primeira falha da defesa, mas o atacante do Santos falhou mais ainda e a bola foi pra fora. Resultado final: Vitória 1x0 Santos. O time foi para a oitava colocação.
Na saída, em direção ao carro, dois torcedores conversavam:
– “Apostei 10 cervejas”.
– “Com quem?” – perguntou o amigo.
– “Uns cara aí do Bahia...”.
– “Então vamo tomar” – finalizou.
Em tempo: Já dentro do carro, ouvi no rádio que naquele momento se inaugurava no Barradão uma nova sala de imprensa, muito luxuosa e bem equipada, construída para atender aos profissionais da imprensa. Tô esperando esse cuidado com nós, torcedores, com bares e banheiros nesse estilo.
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