O “vou-não-vou” foi inevitável, mas acabei cedendo ao pensamento de que se eu não fosse o Vitória perderia.
Antes do jogo recebi alguns amigos em casa. Um que é torcedor do Bahia comentou:
– Se o Vitória não ganhar hoje tá lenhado, hein?
Interessante como de uma hora pra outra eles voltaram a falar de futebol, aliviados pela conquista de permanecerem na Série B.
Repliquei dizendo que o contrario também podia acontecer, de o Vitória ganhar e ficar tranqüilo...
– Tá difícil disso acontecer – disse ele, com a urucubaca típica dos rebaixados.
Esse diálogo foi decisivo pra eu ir ao Barradão.
Apesar de eu não ter feito texto nem vídeo do jogo contra o Avaí, eu estava lá.
Como para aquele jogo eu achei que só valia ressaltar duas coisas, preferi ficar quieto. E as duas coisas são:
1) Algumas vezes gosto de captar imagens atrás do gol adversário, colado no alambrado, e muitas vezes a polícia impede. Dessa vez, um torcedor bradou apontando pro chão onde estavam os números dos “assentos” e dizendo:
– Eu paguei o ingresso e aqui é um lugar do estádio que eu posso ficar, sim... Aqui o número, isso aqui é um assento, tá numerado, é pro torcedor ficar... – dizia ele.
Apesar da explicação bastante plausível, não adiantou, o policial que comandava aquele pelotão estava de mau humor e irritadiço.
– Com essa mágoa na cara, o senhor deve ser Bahia – disse o torcedor corajoso.
Um policial subalterno do lado riu disfarçado, de canto de boca. Aquele devia ser Vitória.
2) O acarajé do Barradão. Comi pela primeira vez. Meu pai sempre comia, mas eu sempre recusava. Provei no jogo contra o Avaí e constatei que é um dos melhores acarajés que já comi, apesar da baiana de acarajé assumir pra mim que é torcedora do finado.
Ao contrário do que diziam, a torcida do Vitória compareceu ao estádio. O mantra que se ouvia por todo o estádio era “o Vitória tem que ganhar hoje, o Vitória tem que ganhar hoje...”. O grito de gol estava entalado na garganta do torcedor. Cinco derrotas seguidas, cinco partidas sem fazer um gol sequer. E parecia que levaria mais um. O time começou mal e o Barueri aproveitava os passes errados para contra-atacar com extrema velocidade. Viáfara e Fábio Ferreira fizeram as suas partes. O meio-campo não se entendia assim como os torcedores. Um torcedor bêbado do meu lado reclamava de Ramon e Roger sem parar. Um outro reclamava de Bida, outro de Leandrinho, outro de Berola... Um chegou a pedir Leandrão.
No final do primeiro tempo o time melhorou e o juiz (mais uma vez) não marcou um pênalti pro Vitória. Depois, um gol fez o grito sair da garganta, mas o juiz anulou, dessa vez com razão. Era mais um impedimento do ataque do Vitória. Dessa vez foi o zagueiro Fábio Ferreira, que chegou no Vitória desacreditado mas que tem jogado muito bem. Saiu comemorando com vontade, sem saber que seu gol fora anulado. Merece fazer o dele.
Posteriormente o Vitória colocou uma bola na trave e teve outras inúmeras chances de fazer um, dois ou três gols, bombardeando a defesa adversária, mas não fez. Veja aqui no vídeo exclusivo. Primeiro tempo zero a zero. O grito teria de esperar...
– Segundo tempo é bom que o Vitória ataca pro lado de cá... Esse lado é enladeirado – disse um torcedor.
E logo aos dois minutos, Leandro Domingues aproveitou um cruzamento (dele, Fábio Ferreira) e entre os zagueiros esticou a perna e cutucou a bola pra dentro. O famoso totózinho. Olhei pro juiz primeiro pra confirmar antes de comemorar. Um a zero Vitória. Sai pra lá urucubaca.
– Num falei? Esse lado é enladeirado, o ataque chega rápido.
Logo depois, aos 10 minutos, um lance que tem se tornado raro: um cruzamento bem feito encontrou Roger em uma rara posição regular, que num momento raro de eficiência cabeceou de forma espetacular. No seu caminho para o gol, do meu angulo, achei que a bola ia pra fora, mas foi pra fora do alcance da urucubaca. Golaço de cabeça. Dois a zero Vitória.
– Num falei? Esse lado é enladeirado, ajuda o Vitória que já tá ligado no movimento... – repetia o torcedor.
O jogo permaneceu assim até o final, quando o Vitória tomou aquele “gol-no-finalzinho” nosso de cada jogo. Dois a um. Ainda restavam três minutos de emoção, com uma bola parada cruzada na área rubro-negra, mas aos 48, finalmente, o alívio. Quarenta e sete pontos e a permanência na luta pela vaga da Sulamericana.
Liguei pros amigos tricolores e, como de praxe nesse ano, nenhum atendeu. Os urucubacas estavam putos.
Já que o ano já acabou pra eles, podemos fazer aqui um breve retrospecto: Paulo Carneiro (o rubro-negro do ano) entrou, o Bahia ganhou do Esporte Clube Ipitanga e a torcida disse “agora vai”; ganhou do Camaçari Futebol Clube e eles disseram “agora já foi”; ganharam do Vitória em pleno Barradão e eles disseram “agora já é”. Um amigo meu do trabalho disse, prazeroso:
– O cara da rádio falou que Paulo Carneiro comemorou nos gols do Bahia.
Mas aí o CampeoNeto Baiano continuou, eles foram pra final com o Vitória, perderam o primeiro jogo em casa, empataram o segundo, ficaram sem título pelo oitavo ano consecutivo, começou o Brasileiro, eles começaram a dar o costumeiro vexame e a torcida do Vitória disse: “agora já ia”.
Mas a torcida do Bahia tem algo pra se orgulhar, pois foi considerada a torcida mais otimista do ano pela frase "se o Bahia ganhar os 12 jogos que faltam ele sobe".
Depois do jogo contra o Barueri, de dentro do carro, indo pra casa, avistei um ser com a camisa do Bahia andando pela rua. Ao passar por ele, gritei "segunda divisão" e ele fez "u-hu". Deve ter achado que eu era Bahia e que eu estava comemorando...
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
sábado, 7 de novembro de 2009
Vitória no Barradão e em outros campos
O prestigiado portal Yougol fez uma entrevista com este que vos escreve sobre o blog, os vídeos e o Vitória.
Para ler, clique no link www.yougol.wordpress.com
Para ler, clique no link www.yougol.wordpress.com
sábado, 31 de outubro de 2009
Vitória X Corinthians (tudo muito estranho)
Depois de ouvir as mais diferenciadas resenhas de jornalistas, blogueiros, apresentadores de TV, jogadores e torcedores, a única coisa que posso dizer desse jogo é que foi um jogo muito estranho. A vibe que emanava no Barradão estava estranha. O Corinthians e sua torcida têm uma energia estranha da porra. Sai pra lá.
Uma semana antes do jogo, perguntei ao meu sobrinho jogador do infantil do Bahia (e torcedor do mesmo) se ele queria ir ao Barradão.
– Eu não... – respondeu ele.
Estava traumatizado. Esse ano foi duas vezes ao Barradão e nas duas viu o Vitória ganhar. Uma a zero no Grêmio e seis a dois no Santos.
– É contra o Corinthians, Ronaldo vem – insisti. – Indo pra Pituaçu, quando você vai ver um jogo desse? – perguntei.
Ele não soube responder e disse que iria.
Dentro do estádio ele me disse que viu Ronaldo no Fazendão:
– O cara é gordão e ele treina com um uniforme diferente de todos os outros jogadores... – se impressionou.
Um torcedor do meu lado talvez também tenha culpa na vibe negativa. Uma hora antes da partida começar ele já tava dizendo que Leandrão era uma merda.
– E você queria quem? Roger? – perguntou o do seu lado.
– Claro, bem melhor que Leandrão. Leandrão é uma merda, você vai ver.
E foi o primeiro tempo mais xumbrega desse ano no Barradão. O Corinthians inteligentemente entrou respeitando o Vitória enquanto o Vitória, erroneamente, entrou respeitando o Corinthians. Nem nos jogos do Campeonato Baiano, onde o Vitória é obrigado a jogar com times pequenos como Camaçari, Juazeiro, Bahia e Itabuna, teve um primeiro tempo assim. Jogo estranho da porra. Ronaldo ainda saiu reclamando do gramado. Gordo feito um porco gordo, não percebeu que era ele quem fazia os buracos ao pastar pelo campo, apesar de sabermos que porcos não pastam, chafurdam. Zero a zero.
E o segundo tempo começou e a energia estranha permanecia. O baixo astral ia e voltava, da torcida pro gramado, do gramado pra torcida. Negócio estranho da porra. Apesar do Corinthians ter vindo pra empatar, o Vitória parecia zonzo em campo. Até Viáfara estava falhando. Tudo foi muito estranho. Aos 21 minutos a zaga do Vitória se estranhou e deixou o argentino entrar sozinho e fazer um a zero. Placar que permaneceu até o fim graças a Roger, que entrou no lugar de Leandrão e perdeu um gol imperdível aos 49 minutos.
– Se fosse Leandrão fazia – gritou um torcedor.
E graças também aos árbitros que anularam um gol legítimo e não marcaram
pênalti(s) legítimo(s) a favor do Vitória. Era a primeira partida do senhor Márcio Chagas da Silva (RS) na primeira divisão. Muito estranho.
Ele ainda é considerado pelo comentarista de árbitro da Globo o melhor árbitro do Campeonato gaúcho de 2009. Muito estranho. Ou não.
Como diz um amigo meu:
– Com o juiz do lado, até o Bahia ganha.
Se bem que nem sei...
Para ver o vídeo do jogo, clique aqui.
E finalmente, depois de oito meses de espera, recebi a camisa oficial do time que foi prometida junto com a compra do Sou Mais Vitória. Fui buscar no Barradão na quinta-feira, um dia depois do jogo estranho.
– É no departamento de marketing – me disse o segurança.
Bati na porta e entrei. A sala era bem pequena:
– Vim buscar a camisa...
– Posso ver sua carteirinha? – me perguntou o cara que estava atrás de um laptop.
Ele pegou e me mandou segui-lo. Entramos em outra salinha com uma série de camisas espalhadas.
– Escolha a que você quiser: manga longa, manga curta, a vermelha e preta, a branca, a comemorativa... – disse ele.
Olhei todas e perguntei:
– Tem alguma sem o patrocínio?
Ele pensou um pouco e disse que não.
Camisa feia da porra. Não entendo (e como torcedor não admito) como a merda da marca de um patrocinador tenha mais peso que o ESCUDO do time. Departamento de Marketing estranho da porra. Se a marca da Insinuante tem que aparecer junto com outras cinco, que se contrate então um design profissional pra balancear as coisas, principalmente as cores. Da forma que está, o uniforme não carrega nenhuma identidade consigo e isso, de uma forma ou de outra, interfere no gramado. Sem identidade, ninguém respeita. Se um estrangeiro ver o time do Vitória na televisão não vai saber o que é escudo e o que é patrocinador. Camisa feia da porra. Comentei isso com o cara do departamento de marketing mas acho que ele achou que eu tava falando mal do Vitória e ficou meio pirado, tentando defender com argumentos esdrúxulos o porquê daquele carnaval de cores e símbolos na camisa, dizendo que aquilo era o certo. As cores da Insinuante ainda são vermelho e verde, e verde todos sabem que é a junção do amarelo com azul, e quem tem azul no uniforme é o time da putaquepariu.
Vou comprar uma televisão nova e só por isso vou na Ricardo Elektro que ainda divide em 17 vezes.
– Tem a camisa de Viáfara? – perguntei.
Ele riu com prazer, ao dizer que não. Que foi a primeira a acabar.
– E a de Apodi?
Ele riu de novo:
– Foi a segunda a acabar.
Esse diálogo bateu certinho com a pesquisa do IPEM para saber quem era o ídolo do Vitória no ano de 2009. O resultado foi:
1º Viáfara.
2º Apodi.
3º Paulo Carneiro.
– Tem a de Ramon, a de Vanderson, a de Uélinton, Roger, Leandrinho? – perguntei uma por uma e ele foi se regozijando ao dizer que todas tinham acabado.
Departamento de marketing estranho da porra.
– Essas camisas estão sendo distribuídas desde o mês passado, você tem que acompanhar o site do Sou Mais Vitória... Se acompanhasse iria saber e iria encontrar todas essas que pediu.
Então me responda Departamento de Marketing:
POR QUE PORRA VOCÊS PEDEM NOSSO E-MAIL NA FICHA DE INSCRIÇÃO?
Imagino que seria pra mandar:
“Caro associado rubro-negro, a camisa que prometemos no início do Campeonato Baiano, que chegaria em sua casa pelo Correio e até hoje, oito meses depois, ainda não entregamos já está disponível. É só vir ao Barradão em horário comercial e retirar a sua”.
Mas não é assim que funciona. O associado do Sou Mais Otário tem que ficar ligando, perguntando, se humilhando, entrando no site, pra conseguir saber das coisas. DEPARTAMENTO DE MARKETING ESTRANHO DA PORRA.
A minha camisa oficial, que acho feia pra caralho, mais feia que o jogo Vitória X Corinthians, mais feia que os travecos que Ronaldo pegou, está à venda. Na loja oficial ela custa R$129. Dê seu preço e venha buscar. Tamanho G.
Uma semana antes do jogo, perguntei ao meu sobrinho jogador do infantil do Bahia (e torcedor do mesmo) se ele queria ir ao Barradão.
– Eu não... – respondeu ele.
Estava traumatizado. Esse ano foi duas vezes ao Barradão e nas duas viu o Vitória ganhar. Uma a zero no Grêmio e seis a dois no Santos.
– É contra o Corinthians, Ronaldo vem – insisti. – Indo pra Pituaçu, quando você vai ver um jogo desse? – perguntei.
Ele não soube responder e disse que iria.
Dentro do estádio ele me disse que viu Ronaldo no Fazendão:
– O cara é gordão e ele treina com um uniforme diferente de todos os outros jogadores... – se impressionou.
Um torcedor do meu lado talvez também tenha culpa na vibe negativa. Uma hora antes da partida começar ele já tava dizendo que Leandrão era uma merda.
– E você queria quem? Roger? – perguntou o do seu lado.
– Claro, bem melhor que Leandrão. Leandrão é uma merda, você vai ver.
E foi o primeiro tempo mais xumbrega desse ano no Barradão. O Corinthians inteligentemente entrou respeitando o Vitória enquanto o Vitória, erroneamente, entrou respeitando o Corinthians. Nem nos jogos do Campeonato Baiano, onde o Vitória é obrigado a jogar com times pequenos como Camaçari, Juazeiro, Bahia e Itabuna, teve um primeiro tempo assim. Jogo estranho da porra. Ronaldo ainda saiu reclamando do gramado. Gordo feito um porco gordo, não percebeu que era ele quem fazia os buracos ao pastar pelo campo, apesar de sabermos que porcos não pastam, chafurdam. Zero a zero.
E o segundo tempo começou e a energia estranha permanecia. O baixo astral ia e voltava, da torcida pro gramado, do gramado pra torcida. Negócio estranho da porra. Apesar do Corinthians ter vindo pra empatar, o Vitória parecia zonzo em campo. Até Viáfara estava falhando. Tudo foi muito estranho. Aos 21 minutos a zaga do Vitória se estranhou e deixou o argentino entrar sozinho e fazer um a zero. Placar que permaneceu até o fim graças a Roger, que entrou no lugar de Leandrão e perdeu um gol imperdível aos 49 minutos.
– Se fosse Leandrão fazia – gritou um torcedor.
E graças também aos árbitros que anularam um gol legítimo e não marcaram
pênalti(s) legítimo(s) a favor do Vitória. Era a primeira partida do senhor Márcio Chagas da Silva (RS) na primeira divisão. Muito estranho.
Ele ainda é considerado pelo comentarista de árbitro da Globo o melhor árbitro do Campeonato gaúcho de 2009. Muito estranho. Ou não.
Como diz um amigo meu:
– Com o juiz do lado, até o Bahia ganha.
Se bem que nem sei...
Para ver o vídeo do jogo, clique aqui.
E finalmente, depois de oito meses de espera, recebi a camisa oficial do time que foi prometida junto com a compra do Sou Mais Vitória. Fui buscar no Barradão na quinta-feira, um dia depois do jogo estranho.
– É no departamento de marketing – me disse o segurança.
Bati na porta e entrei. A sala era bem pequena:
– Vim buscar a camisa...
– Posso ver sua carteirinha? – me perguntou o cara que estava atrás de um laptop.
Ele pegou e me mandou segui-lo. Entramos em outra salinha com uma série de camisas espalhadas.
– Escolha a que você quiser: manga longa, manga curta, a vermelha e preta, a branca, a comemorativa... – disse ele.
Olhei todas e perguntei:
– Tem alguma sem o patrocínio?
Ele pensou um pouco e disse que não.
Camisa feia da porra. Não entendo (e como torcedor não admito) como a merda da marca de um patrocinador tenha mais peso que o ESCUDO do time. Departamento de Marketing estranho da porra. Se a marca da Insinuante tem que aparecer junto com outras cinco, que se contrate então um design profissional pra balancear as coisas, principalmente as cores. Da forma que está, o uniforme não carrega nenhuma identidade consigo e isso, de uma forma ou de outra, interfere no gramado. Sem identidade, ninguém respeita. Se um estrangeiro ver o time do Vitória na televisão não vai saber o que é escudo e o que é patrocinador. Camisa feia da porra. Comentei isso com o cara do departamento de marketing mas acho que ele achou que eu tava falando mal do Vitória e ficou meio pirado, tentando defender com argumentos esdrúxulos o porquê daquele carnaval de cores e símbolos na camisa, dizendo que aquilo era o certo. As cores da Insinuante ainda são vermelho e verde, e verde todos sabem que é a junção do amarelo com azul, e quem tem azul no uniforme é o time da putaquepariu.
Vou comprar uma televisão nova e só por isso vou na Ricardo Elektro que ainda divide em 17 vezes.
– Tem a camisa de Viáfara? – perguntei.
Ele riu com prazer, ao dizer que não. Que foi a primeira a acabar.
– E a de Apodi?
Ele riu de novo:
– Foi a segunda a acabar.
Esse diálogo bateu certinho com a pesquisa do IPEM para saber quem era o ídolo do Vitória no ano de 2009. O resultado foi:
1º Viáfara.
2º Apodi.
3º Paulo Carneiro.
– Tem a de Ramon, a de Vanderson, a de Uélinton, Roger, Leandrinho? – perguntei uma por uma e ele foi se regozijando ao dizer que todas tinham acabado.
Departamento de marketing estranho da porra.
– Essas camisas estão sendo distribuídas desde o mês passado, você tem que acompanhar o site do Sou Mais Vitória... Se acompanhasse iria saber e iria encontrar todas essas que pediu.
Então me responda Departamento de Marketing:
POR QUE PORRA VOCÊS PEDEM NOSSO E-MAIL NA FICHA DE INSCRIÇÃO?
Imagino que seria pra mandar:
“Caro associado rubro-negro, a camisa que prometemos no início do Campeonato Baiano, que chegaria em sua casa pelo Correio e até hoje, oito meses depois, ainda não entregamos já está disponível. É só vir ao Barradão em horário comercial e retirar a sua”.
Mas não é assim que funciona. O associado do Sou Mais Otário tem que ficar ligando, perguntando, se humilhando, entrando no site, pra conseguir saber das coisas. DEPARTAMENTO DE MARKETING ESTRANHO DA PORRA.
A minha camisa oficial, que acho feia pra caralho, mais feia que o jogo Vitória X Corinthians, mais feia que os travecos que Ronaldo pegou, está à venda. Na loja oficial ela custa R$129. Dê seu preço e venha buscar. Tamanho G.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Vitória X Náutico (o de cima sobe, o de baixo desce)
O Náutico estava na zona de rebaixamento, o que o colocava como um adversário perigoso pro Vitória, já que nesse ano o time deu mole sempre com os de baixo: Sport, Fluminense, Santo André... O único de baixo que ele brocou esse ano foi o Bahia.
Apodi não jogaria. O que para muitos era um bom motivo. O ídolo anda sem moral. Os gols sofridos pelo seu lado irritaram os seus súditos.
– Vai ser bom pra ele, pra amadurecer – disse um torcedor de óculos escuros e bigodinho.
E Nino Paraíba, que entrou no seu lugar, já chegou amadurecido e acertou um cruzamento certeiro na cabeça de Ramon. Seria o primeiro gol se o goleiro do Náutico não tivesse defendido. Na jogada seguinte, em uma arrancada digna de Apodi de jogos atrás, Nino sofreu um pênalti:
– Quem vai bater? – perguntei.
– Roger – responderam dois ao mesmo tempo.
“Vai Roger, vai Roger, vai Roger...”, torcia os rubro negros enquanto ele ia pra bola. Mas quem foi na bola foi o goleiro do Náutico. Depois que a ficha do pênalti perdido caiu, os gritos subiram:
– POOOOORRA, quem tem que bater essa merda é Ramon, porra...
– Isso é por causa da artilharia, essa disgrama...
– Tomar no c... essa porra de artilharia...
Nisso o torcedor tá certo. Se o jogo tiver três a zero ou até mesmo dois a zero, tudo bem, pensa-se na artilharia, mas no zero a zero, não, tem de pensar nos três pontos. Pênalti tem de ser Ramon.
O Vitória continuou tentando e Nino Paraíba quase fez um, em um chute de fora da área. O grito pode mudar pra “Ei, Paraíba, faz um gol pra sua torcida”.
Zero a zero. Fim do primeiro tempo.
Um a zero pro Náutico, início do segundo tempo.
Mantendo sua cota de gols no início ou no fim das etapas, o Vitória sofreu um gol logo aos dois minutos.
– Agora que esse cara vai mudar? Por que não mudou nos vestiários, porra? – perguntou o de bigode a Mancini.
Logo após as alterações, Ramon foi protagonista de uma das melhores imagens da rodada. Sofreu uma falta dura, caiu cinematograficamente, sofreu no chão e quando viu que o que te atacou foi expulso, tirou o sofrimento da cara, levantou na hora e pediu pela bola, pois precisava jogar pra empatar o jogo. Incrível como ele não erra um passe. E aos 17, numa jogada que começou dos seus pés (como quase todas), a bola parou nos pés de Nino que outra vez cruzou na medida, dessa vez pra Leandrão, que acabara de entrar. De cabeça, um a um.
“Agora vai virar”, pensei. E aos 36, num cruzamento do “velhinho” Jackson, que também acabara de entrar, Leandrão desviou e fez o segundo gol dele no jogo, virando pra dois a um.
– Ele vai fazer três e vai pedir a música do Fantástico – gritou o de bigode.
Ele não fez o terceiro, mas o Vitória fez. Nos gols mais bonitos da rodada, nenhuma emissora colocou ele, o que foi um erro absurdo. Na lista estavam os gols de:
1) Pet, do Flamengo.
2) Perea, do Grêmio.
3) Arce, do Sport.
Os três realmente fizeram gols bonitos, mas o gol do Vitória foi bonito não pela jogada final, e sim pelo conjunto da obra, pela troca de passes que começou numa ingênua cobrança de lateral, foi passando de um pra outro em toques rápidos até chegar em Berola, que deu um nó desconcertante no marcador e tocou pro velhinho que se aproximava. Jackson, três a um Vitória. Veja vídeo aqui. E gol bonito (e gol olímpico no Palmeiras) Pet aprendeu todo mundo sabe aonde.
Apodi não jogaria. O que para muitos era um bom motivo. O ídolo anda sem moral. Os gols sofridos pelo seu lado irritaram os seus súditos.
– Vai ser bom pra ele, pra amadurecer – disse um torcedor de óculos escuros e bigodinho.
E Nino Paraíba, que entrou no seu lugar, já chegou amadurecido e acertou um cruzamento certeiro na cabeça de Ramon. Seria o primeiro gol se o goleiro do Náutico não tivesse defendido. Na jogada seguinte, em uma arrancada digna de Apodi de jogos atrás, Nino sofreu um pênalti:
– Quem vai bater? – perguntei.
– Roger – responderam dois ao mesmo tempo.
“Vai Roger, vai Roger, vai Roger...”, torcia os rubro negros enquanto ele ia pra bola. Mas quem foi na bola foi o goleiro do Náutico. Depois que a ficha do pênalti perdido caiu, os gritos subiram:
– POOOOORRA, quem tem que bater essa merda é Ramon, porra...
– Isso é por causa da artilharia, essa disgrama...
– Tomar no c... essa porra de artilharia...
Nisso o torcedor tá certo. Se o jogo tiver três a zero ou até mesmo dois a zero, tudo bem, pensa-se na artilharia, mas no zero a zero, não, tem de pensar nos três pontos. Pênalti tem de ser Ramon.
O Vitória continuou tentando e Nino Paraíba quase fez um, em um chute de fora da área. O grito pode mudar pra “Ei, Paraíba, faz um gol pra sua torcida”.
Zero a zero. Fim do primeiro tempo.
Um a zero pro Náutico, início do segundo tempo.
Mantendo sua cota de gols no início ou no fim das etapas, o Vitória sofreu um gol logo aos dois minutos.
– Agora que esse cara vai mudar? Por que não mudou nos vestiários, porra? – perguntou o de bigode a Mancini.
Logo após as alterações, Ramon foi protagonista de uma das melhores imagens da rodada. Sofreu uma falta dura, caiu cinematograficamente, sofreu no chão e quando viu que o que te atacou foi expulso, tirou o sofrimento da cara, levantou na hora e pediu pela bola, pois precisava jogar pra empatar o jogo. Incrível como ele não erra um passe. E aos 17, numa jogada que começou dos seus pés (como quase todas), a bola parou nos pés de Nino que outra vez cruzou na medida, dessa vez pra Leandrão, que acabara de entrar. De cabeça, um a um.
“Agora vai virar”, pensei. E aos 36, num cruzamento do “velhinho” Jackson, que também acabara de entrar, Leandrão desviou e fez o segundo gol dele no jogo, virando pra dois a um.
– Ele vai fazer três e vai pedir a música do Fantástico – gritou o de bigode.
Ele não fez o terceiro, mas o Vitória fez. Nos gols mais bonitos da rodada, nenhuma emissora colocou ele, o que foi um erro absurdo. Na lista estavam os gols de:
1) Pet, do Flamengo.
2) Perea, do Grêmio.
3) Arce, do Sport.
Os três realmente fizeram gols bonitos, mas o gol do Vitória foi bonito não pela jogada final, e sim pelo conjunto da obra, pela troca de passes que começou numa ingênua cobrança de lateral, foi passando de um pra outro em toques rápidos até chegar em Berola, que deu um nó desconcertante no marcador e tocou pro velhinho que se aproximava. Jackson, três a um Vitória. Veja vídeo aqui. E gol bonito (e gol olímpico no Palmeiras) Pet aprendeu todo mundo sabe aonde.
domingo, 11 de outubro de 2009
Vitória X Flamengo (empate xumbrega)
Na manhã da quarta-feira (dia do jogo), às seis e meia, passando pelo Farol da Barra vi um ônibus de turista com torcedores do Flamengo tirando fotos do ambiente. Imagino ser um grupo que acabara de chegar de qualquer cidade do interior do Nordeste e/ou adjacências. No Barradão, hoje o estádio mais temido do Brasileirão, os turistas do Flamengo, querendo comprovar que um dia pisaram naquele imponente santuário, também não paravam de tirar fotos. Se for procurar no Orkut, vai ter um monte de foto com legendas como “Ontem eu e meu primo Beto, no jogão do Flamengo contra o Vitória” ou “É, nóis no Barradão”.
Cheguei cedo e fui pro lugar que costumo ficar. Sentei e percebi que estava cercado de turistas do Flamengo. Pra não ouvir de perto aquela música constrangedora que eles cantam em cima de uma melodia do Mamonas Assassinas, deixei a superstição de lado e fui pro outro lado do estádio.
Do outro lado só tinha rubro-negro legítimo, que por todos os cantos enxotavam os turistas do Flamengo de lá, os mandando pro outro lado do estádio. Quer ir pro jogo com a camisa do time rival, tudo bem, mas que fique junto com os seus. Um amigo que foi comigo, quando voltou do banheiro disse que encontrou dois amigos dele, turistas do Flamengo, que compraram cadeira e foram expulsos de lá, pois estavam com a camisa do time. “Eu, eu, eu, caiu na Toca se f...”.
Estádio lotado. “Ei, Apodi, faz um gol aí pra mim”, gritavam em uníssono os torcedores do Vitória, que mais tarde o crucificariam por ter tentado, por duas vezes, fazer o gol, quando era pra ter cruzado. O Flamengo não tomava gol a seis jogos e aos 13 minutos do primeiro tempo fazia mais um; num contra-ataque, a bola sobrou pro maluco lá de cabelinho estranho: um a zero Flamengo. As caravanas deliraram.
– O Vitória tem que empatar logo – gritou um torcedor.
Ramon ouviu o que ele disse e logo em seguida bateu o escanteio na cabeça de Roger. Um a um.
Mas logo depois, falta pro Flamengo e Gléguer não botou fé em Pet e só colocou um ser humano na barreira. Como Pet aprendeu no Vitória, colocou a bola pelo único espaço aberto. Pareceu um frango, mas foi apenas ingenuidade.
– Esse Gléguer é uma merda, nunca confiei nele – gritou um do meu lado.
Dois a um e explosão eufórica no espaço reservado para os genéricos.
– O Vitória tem que empatar logo, de novo – disse aquele mesmo torcedor, de novo.
E Ramon, de novo, ouviu o que ele disse e pegou a bola pra bater uma falta na entrada da área. Bruno até botou fé e entupiu a barreira de gente, mas não adiantou. Golaço. Depois do gol Bruno ainda ficou parado por VINTE E OITO SEGUNDOS, tentando entender o que aconteceu. Veja CLICANDO AQUI. Dois a dois.
– Agora o Vitória tem que virar logo – disse aquele torcedor.
Ramon, comprovando a boa fase e a boa audição, num contra-ataque fulminante recebeu um passe com carinho e com afeto de Gláucio e fez três a dois Vitória.
Lembrei de um jogo no Barradão, em meados dos anos 90, um ano depois de Ramon nos deixar, quando um torcedor disse “ai, que saudade de Ramon”. Quase 15 anos depois, aos 37 anos, ele continua o mesmo atleta.
O Flamengo não tomava gols a seis jogos, mas bastou um primeiro tempo no Barradão pra tomar três. “Eu, eu, eu , caiu na Toca se f...”, gritavam os rubro-negros originais.
O segundo tempo foi mais morno, com o juiz e o Flamengo tentando e o Vitória contra-atacando. Numa cobrança de falta, Pet não levou fé em Gléguer e colocou a bola no cantinho, mas Gléguer dessa vez estava ligado e fez uma defesa espetacular. “Uh, é paredão, o goleiro do Leão”, gritava a torcida, inclusive o torcedor do meu lado que mais cedo o crucificou.
– Quanto tempo tem? – perguntou um.
– Quarenta – respondi.
– Bora, Vitória – disse ele.
Depois de um tempo, olhei pro relógio mais uma vez. Quarenta e quatro. “Bora, Vitória”, pensei. Mas aos quarenta e seis, as caravanas comemoraram. Num cruzamento a bola sobrou limpa pra Zé Roberto só empurrar.
– Se fosse Viáfara ele se antecipava – gritou o torcedor.
Se o empate em três a três com o Cruzeiro teve sabor de triunfo, o empate em três a três com o Flamengo foi o inverso. Os turistas do Flamengo foram à loucura, o que é até aceitável, pois empatar com o Vitória no Barradão deve ser motivo de alegria pra qualquer time.
Cheguei cedo e fui pro lugar que costumo ficar. Sentei e percebi que estava cercado de turistas do Flamengo. Pra não ouvir de perto aquela música constrangedora que eles cantam em cima de uma melodia do Mamonas Assassinas, deixei a superstição de lado e fui pro outro lado do estádio.
Do outro lado só tinha rubro-negro legítimo, que por todos os cantos enxotavam os turistas do Flamengo de lá, os mandando pro outro lado do estádio. Quer ir pro jogo com a camisa do time rival, tudo bem, mas que fique junto com os seus. Um amigo que foi comigo, quando voltou do banheiro disse que encontrou dois amigos dele, turistas do Flamengo, que compraram cadeira e foram expulsos de lá, pois estavam com a camisa do time. “Eu, eu, eu, caiu na Toca se f...”.
Estádio lotado. “Ei, Apodi, faz um gol aí pra mim”, gritavam em uníssono os torcedores do Vitória, que mais tarde o crucificariam por ter tentado, por duas vezes, fazer o gol, quando era pra ter cruzado. O Flamengo não tomava gol a seis jogos e aos 13 minutos do primeiro tempo fazia mais um; num contra-ataque, a bola sobrou pro maluco lá de cabelinho estranho: um a zero Flamengo. As caravanas deliraram.
– O Vitória tem que empatar logo – gritou um torcedor.
Ramon ouviu o que ele disse e logo em seguida bateu o escanteio na cabeça de Roger. Um a um.
Mas logo depois, falta pro Flamengo e Gléguer não botou fé em Pet e só colocou um ser humano na barreira. Como Pet aprendeu no Vitória, colocou a bola pelo único espaço aberto. Pareceu um frango, mas foi apenas ingenuidade.
– Esse Gléguer é uma merda, nunca confiei nele – gritou um do meu lado.
Dois a um e explosão eufórica no espaço reservado para os genéricos.
– O Vitória tem que empatar logo, de novo – disse aquele mesmo torcedor, de novo.
E Ramon, de novo, ouviu o que ele disse e pegou a bola pra bater uma falta na entrada da área. Bruno até botou fé e entupiu a barreira de gente, mas não adiantou. Golaço. Depois do gol Bruno ainda ficou parado por VINTE E OITO SEGUNDOS, tentando entender o que aconteceu. Veja CLICANDO AQUI. Dois a dois.
– Agora o Vitória tem que virar logo – disse aquele torcedor.
Ramon, comprovando a boa fase e a boa audição, num contra-ataque fulminante recebeu um passe com carinho e com afeto de Gláucio e fez três a dois Vitória.
Lembrei de um jogo no Barradão, em meados dos anos 90, um ano depois de Ramon nos deixar, quando um torcedor disse “ai, que saudade de Ramon”. Quase 15 anos depois, aos 37 anos, ele continua o mesmo atleta.
O Flamengo não tomava gols a seis jogos, mas bastou um primeiro tempo no Barradão pra tomar três. “Eu, eu, eu , caiu na Toca se f...”, gritavam os rubro-negros originais.
O segundo tempo foi mais morno, com o juiz e o Flamengo tentando e o Vitória contra-atacando. Numa cobrança de falta, Pet não levou fé em Gléguer e colocou a bola no cantinho, mas Gléguer dessa vez estava ligado e fez uma defesa espetacular. “Uh, é paredão, o goleiro do Leão”, gritava a torcida, inclusive o torcedor do meu lado que mais cedo o crucificou.
– Quanto tempo tem? – perguntou um.
– Quarenta – respondi.
– Bora, Vitória – disse ele.
Depois de um tempo, olhei pro relógio mais uma vez. Quarenta e quatro. “Bora, Vitória”, pensei. Mas aos quarenta e seis, as caravanas comemoraram. Num cruzamento a bola sobrou limpa pra Zé Roberto só empurrar.
– Se fosse Viáfara ele se antecipava – gritou o torcedor.
Se o empate em três a três com o Cruzeiro teve sabor de triunfo, o empate em três a três com o Flamengo foi o inverso. Os turistas do Flamengo foram à loucura, o que é até aceitável, pois empatar com o Vitória no Barradão deve ser motivo de alegria pra qualquer time.
domingo, 20 de setembro de 2009
Vitória X Internacional (entre a ôla e o olé)
Alguém anotou a placa do trator que passou levando tudo no Barradão?
Depois do líder, era a hora de pegar o vice líder, o Internacional, considerado pela grande maioria o melhor time do país. Pode até ser, mas, nesse jogo, o melhor time do país saiu de campo mais tonto que Maguila depois do nocaute que sofreu do Hollyfield original.
A torcida do Internacional estava um tanto pequenina e mesmo assim devia ter mais gente ali do que no estádio de Pituaçu, no jogo do dia anterior, com Bahia 1 X 2 Brasiliense.
Ainda bem que tem um time nessa porra pra honrar o Estado e o Nordeste.
Pra falar do Vitória nesse jogo, nada mais justo que começar do começo, falando do número um. Não tenho dúvidas de que Viáfara é o melhor goleiro em atividade no futebol brasileiro. A defesa que ele fez no chute de D’Alessandro, aos 40 do primeiro tempo, mudou o enredo do jogo e mais uma vez me faz ter de pedir desculpas a ele por não registrar os seus feitos nos vídeos que faço para este blog. Durante o jogo ele ainda fez outras defesas espetaculares, parando os chutes de Taison, Andrezinho e Alecsandro, porém, essa foi tão absurda que deixa as outras menores.
Do ídolo Apodi só tenho três coisas pra falar: deu vários chutes perigosos contra o gol colorado (sem falar na bicicleta), marcou feito gente grande e colocou Giñazu na roda pedindo pinico.
Na verdade, para escrever com justiça sobre esse jogo, sobretudo o segundo tempo, teria de esmiuçar todos os jogadores do Vitória, sem exceção, pois todos que entraram na partida foram fundamentais e jogaram com extrema excelência. Da defesa ao ataque, o time deu uma aula de futebol. O time e a torcida. Na hora do primeiro gol, antes da cobrança de escanteio magistral de Ramon, ela já cantava em uníssono, como que prevendo que o gol sairia naquela jogada. E na alta zaga gaúcha, Uéliton subiu com o canto que vinha das arquibancadas pra fazer um a zero Vitória. Veja vídeo aqui.
O Inter saiu desesperado. Fez a primeira substituição, não conseguiu segurar o Vitória e fez o segundo penalty do jogo (e o primeiro marcado pelo árbitro mineiro Alício Pena Junior). Ramon, el maestro, lançou, mais uma vez de forma magistral, na medida pra Roger, el artilheiro, que foi derrubado. O próprio Roger cobrou e dois a zero Vitória. Veja vídeo aqui.
O Inter em seguida fez a segunda substituição e dois minutos depois fez a terceira pra tentar alguma coisa, mas poderia ter feito a quarta, a quinta e a sexta que nada adiantaria. “Eu, eu, eu, caiu na Toca se f...”, avisava a torcida rubro-negra.
A bateria da filmadora acabou e não pude registrar os últimos cinco minutos, com a torcida fazendo ôla e gritando “olé”, enquanto o Vitória fazia o Inter de bobinho, por toda a extensão do gramado.
“Arerê, o gaúcho dá o c... e grita thcê, êê...”, cantava um torcedor do Vitória em direção a um grupo de colorados, na saída do estádio, dizendo a eles que o Vitória é Campeão Gaúcho, pois esse ano brocou o Grêmio, o Internacional e o Juventude.
Enquanto isso, do outro lado da cidade...
Liguei pra um amigo meu torcedor do Bahia, mas o celular dele estava na caixa.
Tem estado muito na caixa ultimamente.
Depois do líder, era a hora de pegar o vice líder, o Internacional, considerado pela grande maioria o melhor time do país. Pode até ser, mas, nesse jogo, o melhor time do país saiu de campo mais tonto que Maguila depois do nocaute que sofreu do Hollyfield original.
A torcida do Internacional estava um tanto pequenina e mesmo assim devia ter mais gente ali do que no estádio de Pituaçu, no jogo do dia anterior, com Bahia 1 X 2 Brasiliense.
Ainda bem que tem um time nessa porra pra honrar o Estado e o Nordeste.
Pra falar do Vitória nesse jogo, nada mais justo que começar do começo, falando do número um. Não tenho dúvidas de que Viáfara é o melhor goleiro em atividade no futebol brasileiro. A defesa que ele fez no chute de D’Alessandro, aos 40 do primeiro tempo, mudou o enredo do jogo e mais uma vez me faz ter de pedir desculpas a ele por não registrar os seus feitos nos vídeos que faço para este blog. Durante o jogo ele ainda fez outras defesas espetaculares, parando os chutes de Taison, Andrezinho e Alecsandro, porém, essa foi tão absurda que deixa as outras menores.
Do ídolo Apodi só tenho três coisas pra falar: deu vários chutes perigosos contra o gol colorado (sem falar na bicicleta), marcou feito gente grande e colocou Giñazu na roda pedindo pinico.
Na verdade, para escrever com justiça sobre esse jogo, sobretudo o segundo tempo, teria de esmiuçar todos os jogadores do Vitória, sem exceção, pois todos que entraram na partida foram fundamentais e jogaram com extrema excelência. Da defesa ao ataque, o time deu uma aula de futebol. O time e a torcida. Na hora do primeiro gol, antes da cobrança de escanteio magistral de Ramon, ela já cantava em uníssono, como que prevendo que o gol sairia naquela jogada. E na alta zaga gaúcha, Uéliton subiu com o canto que vinha das arquibancadas pra fazer um a zero Vitória. Veja vídeo aqui.
O Inter saiu desesperado. Fez a primeira substituição, não conseguiu segurar o Vitória e fez o segundo penalty do jogo (e o primeiro marcado pelo árbitro mineiro Alício Pena Junior). Ramon, el maestro, lançou, mais uma vez de forma magistral, na medida pra Roger, el artilheiro, que foi derrubado. O próprio Roger cobrou e dois a zero Vitória. Veja vídeo aqui.
O Inter em seguida fez a segunda substituição e dois minutos depois fez a terceira pra tentar alguma coisa, mas poderia ter feito a quarta, a quinta e a sexta que nada adiantaria. “Eu, eu, eu, caiu na Toca se f...”, avisava a torcida rubro-negra.
A bateria da filmadora acabou e não pude registrar os últimos cinco minutos, com a torcida fazendo ôla e gritando “olé”, enquanto o Vitória fazia o Inter de bobinho, por toda a extensão do gramado.
“Arerê, o gaúcho dá o c... e grita thcê, êê...”, cantava um torcedor do Vitória em direção a um grupo de colorados, na saída do estádio, dizendo a eles que o Vitória é Campeão Gaúcho, pois esse ano brocou o Grêmio, o Internacional e o Juventude.
Enquanto isso, do outro lado da cidade...
Liguei pra um amigo meu torcedor do Bahia, mas o celular dele estava na caixa.
Tem estado muito na caixa ultimamente.
terça-feira, 15 de setembro de 2009
Vitória X Palmeiras (valeu, São Marcos)
No meio da semana eu já tinha ido ao jogo da seleção e durante a partida cheguei a conclusão de que um jogo do Vitória é bem mais emocionante. Algumas coisas são até semelhantes, pois em ambas tem torcedor do Bahia fazendo papel de otário.
No jogo contra o Chile, sentei colado com a torcida chilena e a torcida do Bahia, que por estar vestida com as mesmas cores do Chile, era motivo de piada por parte dos hermanos:
– Vocês são chilenos? – perguntava um.
Como ali era a única forma do tricolor baiano aparecer pro Brasil, eles tentaram durante o jogo um grito de “Bahia”, mas foram humilhantemente calados pelas vaias que ecoaram pelo estádio de Pituaçu.
No Barradão eles são mais covardes e foram de verde. Revoltados pela humilhação sofrida no dia anterior, quando tomaram de 4 x 1 da Portuguesa, os torcedores do Bahia foram torcer pro Palmeiras, acreditando que assim poderiam sentir um pouquinho do doce sabor da vitória. Tentaram de novo ecoar alguns gritos, porém, mais uma vez, foram abafados pela massa rubro-negra que enchia o estádio.
Jogo contra o líder do campeonato é sempre apreensivo, mas no banheiro, mijando antes do jogo, enquanto um torcedor do Palmeiras, ou melhor, do Bahia, mijava, um outro rubro-negro disse:
– Esse palmeirense tá aqui mijando, mas tem um palmeirense que sempre que joga contra o Vitória se caga todo...
– Quem é? – perguntou um outro anônimo.
– Marcos – respondeu, gerando risada de todos, menos do torcedor indefinido.
O fato do goleiro palmeirense se cagar contra o Vitória (lembrando o 7 x 2 e o rebaixamento anos atrás) geraria outras risadas aos 19 minutos do primeiro tempo. Ramon cruzou, ele foi tirar de forma estabanada, mirou na moleira de Uéliton e um a zero Vitória. Veja o vídeo exclusivo aqui.
O Vitória, que antes do gol já tinha metido uma bola na trave com Roger, continuou pressionando e aos 36 minutos, o nome do time nessa fase da competição perdeu o gol mais feito de todos os babas do fim de semana. Na jogada, Marcos cagou de novo, dessa vez numa simples saída de bola, e a dita cuja sobrou pra Berola que tentou limpa-lo, mas, talvez pelo goleiro já estar todo melado, não conseguiu.
– Que porra! Lá no meu baba, que eu PAGO pra jogar, se eu perder um gol desse eu sou tirado na hora. Esse cara GANHA pra isso e perde o gol?! Putaquepariu, vá tomar no c... – gritava um torcedor do meu lado, fortalecendo as palavras em caixa alta.
Pior que ter perdido esse gol foi tomar um logo depois, o que fez a torcida se irritar mais ainda desse gol perdido. Mais até do que com o gol sofrido:
– Se tivesse feito dois a zero o jogo era outro... Era pra chegar chutando. Porra! – reclamava o mesmo, que fez esse discurso durante todo o intervalo.
Um a um e fim do primeiro tempo.
O segundo tempo começou e o Palmeiras parecia querer ganhar. Voltou melhor, mas como o goleiro do Vitória não se caga diante deles, defendeu as duas jogadas dos paulistas. Depois disso, pra desespero dos tricolores, só deu Vitória e aos 25 minutos a bola sobrou pro cara que tinha perdido o gol feito e, dessa vez, ele não repetiu o erro. Neto Berola, dois a um Vitória.
Logo depois, como se só estivesse ali até concertar o erro, Berola saiu do jogo dando lugar a Derlei, que estreava. Aos 35 ele mandou perto, mas aos 39 mandou pra longe. Pra longe do alcance de Marcos, que até salvou o que seria um gol olímpico de Ramon, mas ficou ajoelhado dentro do gol, vendo o estreante fazer o terceiro rubro-negro.
“É, o Vitória é foda”, pensou o goleiro alviverde.
Depois o Palmeiras fez um golzinho sem graça, mas muitos tricolores já deixavam o estádio.
Vitória 3 X 2 Palmeiras.
Perder em casa, em um jogo da segunda divisão, é uma coisa.
Ser humilhado em casa com um chocolate, em um jogo da segunda divisão, com o quarto gol de cobertura, é outra coisa.
Ganhar em casa, em um jogo da primeira divisão é uma coisa.
Ganhar do líder, em um jogo da primeira divisão, no mesmo fim de semana que o outro é humilhado com um chocolate, com o quarto gol de cobertura, é outra coisa.
Moro do lado de um escola infantil e nessa segunda-feira, às sete da manhã, os gritos de “nêêêêêêgooooo, nêêêêêêgooooo” entoados pelas crianças soavam como uma divertida melodia. Fim de semana acachapante.
No jogo contra o Chile, sentei colado com a torcida chilena e a torcida do Bahia, que por estar vestida com as mesmas cores do Chile, era motivo de piada por parte dos hermanos:
– Vocês são chilenos? – perguntava um.
Como ali era a única forma do tricolor baiano aparecer pro Brasil, eles tentaram durante o jogo um grito de “Bahia”, mas foram humilhantemente calados pelas vaias que ecoaram pelo estádio de Pituaçu.
No Barradão eles são mais covardes e foram de verde. Revoltados pela humilhação sofrida no dia anterior, quando tomaram de 4 x 1 da Portuguesa, os torcedores do Bahia foram torcer pro Palmeiras, acreditando que assim poderiam sentir um pouquinho do doce sabor da vitória. Tentaram de novo ecoar alguns gritos, porém, mais uma vez, foram abafados pela massa rubro-negra que enchia o estádio.
Jogo contra o líder do campeonato é sempre apreensivo, mas no banheiro, mijando antes do jogo, enquanto um torcedor do Palmeiras, ou melhor, do Bahia, mijava, um outro rubro-negro disse:
– Esse palmeirense tá aqui mijando, mas tem um palmeirense que sempre que joga contra o Vitória se caga todo...
– Quem é? – perguntou um outro anônimo.
– Marcos – respondeu, gerando risada de todos, menos do torcedor indefinido.
O fato do goleiro palmeirense se cagar contra o Vitória (lembrando o 7 x 2 e o rebaixamento anos atrás) geraria outras risadas aos 19 minutos do primeiro tempo. Ramon cruzou, ele foi tirar de forma estabanada, mirou na moleira de Uéliton e um a zero Vitória. Veja o vídeo exclusivo aqui.
O Vitória, que antes do gol já tinha metido uma bola na trave com Roger, continuou pressionando e aos 36 minutos, o nome do time nessa fase da competição perdeu o gol mais feito de todos os babas do fim de semana. Na jogada, Marcos cagou de novo, dessa vez numa simples saída de bola, e a dita cuja sobrou pra Berola que tentou limpa-lo, mas, talvez pelo goleiro já estar todo melado, não conseguiu.
– Que porra! Lá no meu baba, que eu PAGO pra jogar, se eu perder um gol desse eu sou tirado na hora. Esse cara GANHA pra isso e perde o gol?! Putaquepariu, vá tomar no c... – gritava um torcedor do meu lado, fortalecendo as palavras em caixa alta.
Pior que ter perdido esse gol foi tomar um logo depois, o que fez a torcida se irritar mais ainda desse gol perdido. Mais até do que com o gol sofrido:
– Se tivesse feito dois a zero o jogo era outro... Era pra chegar chutando. Porra! – reclamava o mesmo, que fez esse discurso durante todo o intervalo.
Um a um e fim do primeiro tempo.
O segundo tempo começou e o Palmeiras parecia querer ganhar. Voltou melhor, mas como o goleiro do Vitória não se caga diante deles, defendeu as duas jogadas dos paulistas. Depois disso, pra desespero dos tricolores, só deu Vitória e aos 25 minutos a bola sobrou pro cara que tinha perdido o gol feito e, dessa vez, ele não repetiu o erro. Neto Berola, dois a um Vitória.
Logo depois, como se só estivesse ali até concertar o erro, Berola saiu do jogo dando lugar a Derlei, que estreava. Aos 35 ele mandou perto, mas aos 39 mandou pra longe. Pra longe do alcance de Marcos, que até salvou o que seria um gol olímpico de Ramon, mas ficou ajoelhado dentro do gol, vendo o estreante fazer o terceiro rubro-negro.
“É, o Vitória é foda”, pensou o goleiro alviverde.
Depois o Palmeiras fez um golzinho sem graça, mas muitos tricolores já deixavam o estádio.
Vitória 3 X 2 Palmeiras.
Perder em casa, em um jogo da segunda divisão, é uma coisa.
Ser humilhado em casa com um chocolate, em um jogo da segunda divisão, com o quarto gol de cobertura, é outra coisa.
Ganhar em casa, em um jogo da primeira divisão é uma coisa.
Ganhar do líder, em um jogo da primeira divisão, no mesmo fim de semana que o outro é humilhado com um chocolate, com o quarto gol de cobertura, é outra coisa.
Moro do lado de um escola infantil e nessa segunda-feira, às sete da manhã, os gritos de “nêêêêêêgooooo, nêêêêêêgooooo” entoados pelas crianças soavam como uma divertida melodia. Fim de semana acachapante.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Vitória X Cruzeiro (empate vitorioso)
Chuva da porra, horário de filha da puta, time sem emplacar, amigo desistindo de ir, mulher insistindo pra não ir... mas eu fui. Às 18 em ponto parei meu carro no estacionamento e fiquei esperando o temporal passar. Deu 18:15 e a chuva só aumentou. O rádio dizia que o campo estava encharcado. “Se a chuva não passar, vou voltar pra casa”, pensei. Deu 18:20, a chuva não passou e a rádio entrevistou um torcedor de dentro do estádio:
– E aí, muita chuva, né? – perguntou o repórter.
– Rapaz, muita chuva, mas eu queria pedir ao torcedor do Vitória que estiver me ouvindo agora, que ele venha pro jogo, que enfrente a chuva, porque saiba que o Vitória tá nessa situação porque ele joga na primeira divisão do campeonato brasileiro, então só tem jogo difícil e tem que ser assim, porque a coisa é na raça, pois pra tá aqui é pra jogar com os melhores, com Internacional, com Flamengo, com Cruzeiro, Palmeiras, Corinthians... então, torcedor, você que tá me ouvindo, venha... – o repórter ficou mudo e eu abri a porta do carro.
Coloquei a filmadora debaixo do meu eficiente casaco de chuva e fiquei na fila do nada eficiente Sou Mais Vitória. O estádio bem mais vazio que o habitual e ainda assim tinha fila.
Entrei no estádio e a chuva, suavemente, passou.
Mesmo entrando com o jogo já em andamento, fui ao banheiro. Não consigo ver o jogo com vontade de mijar. Mijei, sentei e gol do Cruzeiro. Três minutos de jogo. No lamaçal, jogadores escorregando, drible doido surtindo efeito, um maluco chutou, Viáfara fez seu milagre nosso de cada jogo, a defesa fez sua merda nossa de cada jogo, a bola sobrou pra outro maluco que, livre, quase não precisou chutar, pois a bola bateu nele e foi entrando. Um a zero Cruzeiro. A nação rubro-negra não se intimidou e deu apoio aos seus soldados:
– É primeira divisão, porra, é isso mesmo, vamo virar essa porra – gritou o cara do meu lado.
Quando ele se sentou, perguntei:
– E aí, man, beleza... Por acaso foi você quem deu uma entrevista no rádio agora a pouco?
– Não, porquê?
– Nada não...
E o Vitória partiu pra cima. Nino Paraíba teve a difícil missão de substituir um ídolo em um jogo difícil e se saiu muito bem. Rápido como Apodi, deu canseira na boa defesa do Cruzeiro. O Vitória foi com tudo: pelo meio, pelo lado esquerdo, pelo lado direito, de falta, de escanteio, de cabeça, de gol impedido, com Ramon, Leandro, Roger, Neto Berola (que acredito que vai ser o nome do Vitória nessa fase da competição), mas a bola não entrava.
– Esse Roger é uma merda. Que porra... Ele come quem nessa direção? Só pode comer alguém? – desabafou um abafado, impaciente com os constantes gols perdidos de Roger.
Fim do primeiro tempo. Um a zero pro Cruzeiro. Pensei como seria o dia seguinte, a segunda-feira, com meus amigos do trabalho felizes com o Bahia. Quando o Bahia perdeu o CampeoNeto Baiano (pela oitava vez seguida), eles fingiram desprezo; aí a merda ganha um joguinho na segunda divisão e eles fazem carreata. Imaginei como seria o dia seguinte se aquele placar de um a zero persistisse.
Começou o segundo tempo e o Vitória continuou melhor em campo. Mas foi o Cruzeiro quem fez o segundo gol. Pênalti, gol e dois a zero.
“Dá pra empatar”, pensei com fé e quando vi a bola cruzar na área, bem na minha frente (veja aqui no vídeo exclusivo), vi que ela ia pra cabeça de Roger. Lembrei do gol contra o Flamengo no Engenhão nesse ano e pensei “esse ele vai fazer” e fez. Dois a um, três minutos depois do dois a zero. Faltavam ainda 25 minutos de jogo. “Dá pra empatar”, pensei de novo. E até virar...
O Vitória continuou indo pra cima e o Cruzeiro só tentando os contra-ataques. O Cruzeiro chegou três vezes ao ataque e fez gol em todos. Aos 31, três a um. Foi um banho de água fria, principalmente pelo fato da chuva ter voltado com tudo logo depois desse gol.
Faltavam 14 minutos. Era o mesmo placar pelo qual o Bahia ganhara no dia anterior, também contra um time azul e branco. Pensei até em faltar o trabalho. Se o jogo fosse fora de casa, vá lá... Mas no Barradão é foda.
Aos 38 minutos, a chuva, que passou o jogo todo quieta, anunciava o final melancólico. Faltavam apenas sete minutos e dois gols para pelo menos manter a dignidade. Com a chuva que caía, eu não poderia mais filmar nada para não molhar a máquina e achei melhor ir embora. Desanimado, subi as escadas em direção à saída. Uns dez passos depois que saí do estádio, ouvi o “grande grito” vindo de dentro: GOOOLLLLLL. Primeira vez que eu ouvia um gol de fora do Barradão. Até foi emocionante, mas perguntei o tempo a um torcedor que ouvia pelo rádio, ele respondeu “41”. Um outro que nos ouvia, gritou, revoltado:
– E isso é hora de fazer gol? Perde vinte gols durante o jogo e só faz um gol agora? Que porra!
A chuva engrossou ainda mais, fui andando sozinho em direção ao meu carro, pulando as lamas, cruzando os carros engarrafados e meditando “bora, Vitória, faz mais um gol, só mais um, só mais um, só mais um...”.
Os gritos foram chegando aos poucos, em ondas, até que me dei conta de que só podia ter sido o terceiro gol do Vitória. E era. O buzinaço começou e um cara de uma camionete abriu o vidro só pra me dizer “gol de Roger, gol de Roger”, enquanto a chuva encharcava o interior de seu carro. Gol não: golaço. Desconfio seriamente que pedi tanto “só mais um” que foi por isso que o Vitória não virou o jogo. Se Roger faz aquele quarto gol...
Mas foi um três a três com gosto de vitória, com perdão do trocadilho.
Primeira divisão é assim. Jogo de gente grande. E time grande.
– E aí, muita chuva, né? – perguntou o repórter.
– Rapaz, muita chuva, mas eu queria pedir ao torcedor do Vitória que estiver me ouvindo agora, que ele venha pro jogo, que enfrente a chuva, porque saiba que o Vitória tá nessa situação porque ele joga na primeira divisão do campeonato brasileiro, então só tem jogo difícil e tem que ser assim, porque a coisa é na raça, pois pra tá aqui é pra jogar com os melhores, com Internacional, com Flamengo, com Cruzeiro, Palmeiras, Corinthians... então, torcedor, você que tá me ouvindo, venha... – o repórter ficou mudo e eu abri a porta do carro.
Coloquei a filmadora debaixo do meu eficiente casaco de chuva e fiquei na fila do nada eficiente Sou Mais Vitória. O estádio bem mais vazio que o habitual e ainda assim tinha fila.
Entrei no estádio e a chuva, suavemente, passou.
Mesmo entrando com o jogo já em andamento, fui ao banheiro. Não consigo ver o jogo com vontade de mijar. Mijei, sentei e gol do Cruzeiro. Três minutos de jogo. No lamaçal, jogadores escorregando, drible doido surtindo efeito, um maluco chutou, Viáfara fez seu milagre nosso de cada jogo, a defesa fez sua merda nossa de cada jogo, a bola sobrou pra outro maluco que, livre, quase não precisou chutar, pois a bola bateu nele e foi entrando. Um a zero Cruzeiro. A nação rubro-negra não se intimidou e deu apoio aos seus soldados:
– É primeira divisão, porra, é isso mesmo, vamo virar essa porra – gritou o cara do meu lado.
Quando ele se sentou, perguntei:
– E aí, man, beleza... Por acaso foi você quem deu uma entrevista no rádio agora a pouco?
– Não, porquê?
– Nada não...
E o Vitória partiu pra cima. Nino Paraíba teve a difícil missão de substituir um ídolo em um jogo difícil e se saiu muito bem. Rápido como Apodi, deu canseira na boa defesa do Cruzeiro. O Vitória foi com tudo: pelo meio, pelo lado esquerdo, pelo lado direito, de falta, de escanteio, de cabeça, de gol impedido, com Ramon, Leandro, Roger, Neto Berola (que acredito que vai ser o nome do Vitória nessa fase da competição), mas a bola não entrava.
– Esse Roger é uma merda. Que porra... Ele come quem nessa direção? Só pode comer alguém? – desabafou um abafado, impaciente com os constantes gols perdidos de Roger.
Fim do primeiro tempo. Um a zero pro Cruzeiro. Pensei como seria o dia seguinte, a segunda-feira, com meus amigos do trabalho felizes com o Bahia. Quando o Bahia perdeu o CampeoNeto Baiano (pela oitava vez seguida), eles fingiram desprezo; aí a merda ganha um joguinho na segunda divisão e eles fazem carreata. Imaginei como seria o dia seguinte se aquele placar de um a zero persistisse.
Começou o segundo tempo e o Vitória continuou melhor em campo. Mas foi o Cruzeiro quem fez o segundo gol. Pênalti, gol e dois a zero.
“Dá pra empatar”, pensei com fé e quando vi a bola cruzar na área, bem na minha frente (veja aqui no vídeo exclusivo), vi que ela ia pra cabeça de Roger. Lembrei do gol contra o Flamengo no Engenhão nesse ano e pensei “esse ele vai fazer” e fez. Dois a um, três minutos depois do dois a zero. Faltavam ainda 25 minutos de jogo. “Dá pra empatar”, pensei de novo. E até virar...
O Vitória continuou indo pra cima e o Cruzeiro só tentando os contra-ataques. O Cruzeiro chegou três vezes ao ataque e fez gol em todos. Aos 31, três a um. Foi um banho de água fria, principalmente pelo fato da chuva ter voltado com tudo logo depois desse gol.
Faltavam 14 minutos. Era o mesmo placar pelo qual o Bahia ganhara no dia anterior, também contra um time azul e branco. Pensei até em faltar o trabalho. Se o jogo fosse fora de casa, vá lá... Mas no Barradão é foda.
Aos 38 minutos, a chuva, que passou o jogo todo quieta, anunciava o final melancólico. Faltavam apenas sete minutos e dois gols para pelo menos manter a dignidade. Com a chuva que caía, eu não poderia mais filmar nada para não molhar a máquina e achei melhor ir embora. Desanimado, subi as escadas em direção à saída. Uns dez passos depois que saí do estádio, ouvi o “grande grito” vindo de dentro: GOOOLLLLLL. Primeira vez que eu ouvia um gol de fora do Barradão. Até foi emocionante, mas perguntei o tempo a um torcedor que ouvia pelo rádio, ele respondeu “41”. Um outro que nos ouvia, gritou, revoltado:
– E isso é hora de fazer gol? Perde vinte gols durante o jogo e só faz um gol agora? Que porra!
A chuva engrossou ainda mais, fui andando sozinho em direção ao meu carro, pulando as lamas, cruzando os carros engarrafados e meditando “bora, Vitória, faz mais um gol, só mais um, só mais um, só mais um...”.
Os gritos foram chegando aos poucos, em ondas, até que me dei conta de que só podia ter sido o terceiro gol do Vitória. E era. O buzinaço começou e um cara de uma camionete abriu o vidro só pra me dizer “gol de Roger, gol de Roger”, enquanto a chuva encharcava o interior de seu carro. Gol não: golaço. Desconfio seriamente que pedi tanto “só mais um” que foi por isso que o Vitória não virou o jogo. Se Roger faz aquele quarto gol...
Mas foi um três a três com gosto de vitória, com perdão do trocadilho.
Primeira divisão é assim. Jogo de gente grande. E time grande.
domingo, 16 de agosto de 2009
Vitória X Coritiba (Sulamericana)
Jogo às 19:15 de uma quinta-feira é sacanagem, mas era também a estréia do Vitória em uma competição internacional. Consegui sair às 18:50 do trabalho e só entrei no Barradão aos 25 do primeiro tempo.
Aproveitando que já estava atrasado, aproveitei o fraco movimento no stand do “Sou mais Vitória” e finalmente peguei minha carteira. A camisa oficial, garantiu a funcionária, chegaria, sem falta, em setembro. Fiz a carteira em fevereiro.
Procurando lugar, percebi que o Vitória começou mal o jogo. Em uma tentativa frustrada de contra-ataque, os torcedores perderam a paciência:
– Que é que tá acontecendo com esse Vitória hoje? – gritou um bigodudo.
– Que porra é essa, Vitória? – gritou um careca, amigo do bigodudo.
Sentei atrás de um grupo que não parava de falar. Sentei de propósito para ouvir a conversa. Estádio vazio é bom pra isso.
¬– Vitória tá mal, é? – perguntei.
– Mal? Se tivesse mal tava bom. O Vitória tá um cu...
Outro fator bom do estádio vazio foi que, em uma bola no meio campo, Willian dominou sem perceber que tinha um marcador do Coritiba atrás dele. A torcida junta gritou “LADRÃO”. Willian na hora tocou a bola.
Em outro lance, Apodi estava marcando perto da arquibancada e conseguiu desarmar a jogada, botando a bola pra fora. O careca gritou:
– Boa, Apodi, seu lugar é aí, porra...
Apodi, na hora, olhou na direção da gente.
“Porra, ele ouviu, ele ouviu...”, disseram vários ao mesmo tempo.
O Vitória criou algumas jogadas no final do primeiro tempo. Roger perdeu um gol debaixo da trave e os torcedores, como em todos os temas sobre futebol, não se entendem:
– Ele é muito lento – disse o bigodudo.
Um gordinho defendeu:
– Rapaz, o cara é bom, não é à toa que ele fez nove gols. Isso aqui é primeira divisão, fazer nove gols na primeira divisão não é pra qualquer um...
– Fez nove mas perdeu noventa...
Apodi também tentou chutando de fora, mas o goleiro espalmou e o primeiro tempo terminou zero a zero.
Pro segundo tempo, fui filmar perto do gol do ataque do Vitória. Colado no alambrado estavam dezenas de crianças. Aquelas criaturas inocentes e engraçadas infernizavam Eduardo, o goleiro do Coritiba, que se aquecia pro segundo tempo. “Vai tomar frango”, “Viado” e “Cabeça de rola” era o que o pobre rapaz mais ouvia.
E no primeiro minuto, ele tomou um. Não foi um frango, mas foi gol. Um a zero Vitória. Veja vídeo aqui.
Um cara me viu filmado, se aproximou e começou a falar:
– Rapaz, eu acho que tem que colocar Bida no lugar de Willian e Neto Berola no lugar de Jackson. Tô falando isso porque o torcedor não é burro. Eu jogo bola, você joga bola... A gente entende, né não?
Willian entrou pela esquerda e chutou forte. O goleiro defendeu. Em outro contra-ataque, Jackson chegou atrasado.
O cara ficou pirado:
– Que burrice da porra, viu Ricardo? – disse, gritando para Ricardo Silva, o técnico do Vitória nessa partida. Ele continuou: – Deixar de botar um cara de 20 anos pra colocar um de 40 é foda. Não tá vendo que o ataque tá sem velocidade?
Em outro momento, Gléguer falhou e, mesmo tendo sido o herói do último jogo, o torcedor me faz crer que se Cristo voltasse, que ele seria novamente crucificado:
– Esse Gléguer nunca me passou confiança – vociferava ele, virando pra mim, dizendo: – Esse time vai ter que melhorar. Dando 160 mil reais por mês pra Mancini, esse time vai ter que melhorar...
A torcida toda estava impaciente com Jackson. Ele perdia uma bola e a torcida pedia sua saída. E isso de pegar no pé de Jackson não foi a primeira vez que aconteceu no Barradão, assim como não foi a primeira vez que aconteceu de, justamente nesse momento, Jackson fazer um gol: uma arrancada digna de um garoto que terminou com a bola no canto esquerdo do gol, mostrando pra torcida que o que importa no futebol é a raça. Dois a zero, um bom placar para o jogo de volta.
Depois Jackson ainda quase fez outro, chutando de longe no canto direito, fazendo Eduardo se esticar todo.
Na subida das escadas, ido embora, muitos diziam:
– O velhinho é foda... Eu te falei, o velhinho tem que ser titular...
Aproveitando que já estava atrasado, aproveitei o fraco movimento no stand do “Sou mais Vitória” e finalmente peguei minha carteira. A camisa oficial, garantiu a funcionária, chegaria, sem falta, em setembro. Fiz a carteira em fevereiro.
Procurando lugar, percebi que o Vitória começou mal o jogo. Em uma tentativa frustrada de contra-ataque, os torcedores perderam a paciência:
– Que é que tá acontecendo com esse Vitória hoje? – gritou um bigodudo.
– Que porra é essa, Vitória? – gritou um careca, amigo do bigodudo.
Sentei atrás de um grupo que não parava de falar. Sentei de propósito para ouvir a conversa. Estádio vazio é bom pra isso.
¬– Vitória tá mal, é? – perguntei.
– Mal? Se tivesse mal tava bom. O Vitória tá um cu...
Outro fator bom do estádio vazio foi que, em uma bola no meio campo, Willian dominou sem perceber que tinha um marcador do Coritiba atrás dele. A torcida junta gritou “LADRÃO”. Willian na hora tocou a bola.
Em outro lance, Apodi estava marcando perto da arquibancada e conseguiu desarmar a jogada, botando a bola pra fora. O careca gritou:
– Boa, Apodi, seu lugar é aí, porra...
Apodi, na hora, olhou na direção da gente.
“Porra, ele ouviu, ele ouviu...”, disseram vários ao mesmo tempo.
O Vitória criou algumas jogadas no final do primeiro tempo. Roger perdeu um gol debaixo da trave e os torcedores, como em todos os temas sobre futebol, não se entendem:
– Ele é muito lento – disse o bigodudo.
Um gordinho defendeu:
– Rapaz, o cara é bom, não é à toa que ele fez nove gols. Isso aqui é primeira divisão, fazer nove gols na primeira divisão não é pra qualquer um...
– Fez nove mas perdeu noventa...
Apodi também tentou chutando de fora, mas o goleiro espalmou e o primeiro tempo terminou zero a zero.
Pro segundo tempo, fui filmar perto do gol do ataque do Vitória. Colado no alambrado estavam dezenas de crianças. Aquelas criaturas inocentes e engraçadas infernizavam Eduardo, o goleiro do Coritiba, que se aquecia pro segundo tempo. “Vai tomar frango”, “Viado” e “Cabeça de rola” era o que o pobre rapaz mais ouvia.
E no primeiro minuto, ele tomou um. Não foi um frango, mas foi gol. Um a zero Vitória. Veja vídeo aqui.
Um cara me viu filmado, se aproximou e começou a falar:
– Rapaz, eu acho que tem que colocar Bida no lugar de Willian e Neto Berola no lugar de Jackson. Tô falando isso porque o torcedor não é burro. Eu jogo bola, você joga bola... A gente entende, né não?
Willian entrou pela esquerda e chutou forte. O goleiro defendeu. Em outro contra-ataque, Jackson chegou atrasado.
O cara ficou pirado:
– Que burrice da porra, viu Ricardo? – disse, gritando para Ricardo Silva, o técnico do Vitória nessa partida. Ele continuou: – Deixar de botar um cara de 20 anos pra colocar um de 40 é foda. Não tá vendo que o ataque tá sem velocidade?
Em outro momento, Gléguer falhou e, mesmo tendo sido o herói do último jogo, o torcedor me faz crer que se Cristo voltasse, que ele seria novamente crucificado:
– Esse Gléguer nunca me passou confiança – vociferava ele, virando pra mim, dizendo: – Esse time vai ter que melhorar. Dando 160 mil reais por mês pra Mancini, esse time vai ter que melhorar...
A torcida toda estava impaciente com Jackson. Ele perdia uma bola e a torcida pedia sua saída. E isso de pegar no pé de Jackson não foi a primeira vez que aconteceu no Barradão, assim como não foi a primeira vez que aconteceu de, justamente nesse momento, Jackson fazer um gol: uma arrancada digna de um garoto que terminou com a bola no canto esquerdo do gol, mostrando pra torcida que o que importa no futebol é a raça. Dois a zero, um bom placar para o jogo de volta.
Depois Jackson ainda quase fez outro, chutando de longe no canto direito, fazendo Eduardo se esticar todo.
Na subida das escadas, ido embora, muitos diziam:
– O velhinho é foda... Eu te falei, o velhinho tem que ser titular...
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Vitória X Fluminense (tudo de novo)
----
Antes de falar do jogo, uma curiosidade: descobri que no álbum de figurinhas do campeonato brasileiro deste ano, que o Bahia, diferente de outros times, só teve direito a uma página.
----
O caminho ao estádio estava vazio. O Dia dos Pais (e as últimas derrotas do time) fez muitos torcedores não saírem de casa. Eu já não pude ir ao jogo contra o São Paulo, pois, mesmo sendo sábado, eu estava trabalhando. Desconfio que deu azar já que foi a primeira derrota no Barradão nesse campeonato. Tinha que ir nesse.
Fui ler o texto que fiz para o jogo Vitória X Fluminense do ano passado e achei que podia copiar e colar aqui. Muitas semelhanças entre os jogos: foi num dia de sol forte, o Vitória jogou com o uniforme número dois, o Fluminense estava na zona de rebaixamento, o Vitória saiu na frente, o Fluminense virou...
No jogo desse fim de semana, Roger deu o passe pra um gol, fez o outro, furou feio em um chute, foi fominha em outro lance, chegou lento em outra jogada... E Apodi tentou, Leandro Domingues tentou, Ramon entrou... Mas o jogo, também como no ano passado, acabou 2 x 2. Veja o vídeo aqui.
– Começou a crise – disseram os tricolores que trabalham comigo, na segunda-feira, um dia depois desse empate com o Fluminense.
Renato Gaúcho, hoje técnico do Fluminense, em 1989 disse que aqui na Bahia só tinha índio. Em compensação levou um ovo de mira laser na moleira. Veja vídeo aqui. E o torcedor do Bahia, como sempre mulher de malandro, ainda vai ao Barradão torcer pra ele. Vi muitos por lá, infiltrados, com crise de abstinência por um jogo da primeira divisão.
No dia do jogo contra o São Paulo, ficamos trabalhando ouvindo o jogo pela internet. Quando o São Paulo fez o gol, houve uma efusiva comemoração por parte da parte tricolor da sala. Eu e André, os únicos rubro-negros, fomos compreensivos com eles e deixamos que festejassem.
No sábado seguinte, trabalhando de novo, foi a vez de ouvir na internet Vila Nova X Bahia. Gol do Vila Nova e a parte rubro-negra humilhou os tricolores da sala ficando em completo silêncio. Eles também ficaram em silêncio, cabisbaixos... Aí eu olhei pra André e dei uma risadinha discreta que foi percebida pelos tricolores. Os caras então perderam o controle:
– Que é que esse torcedor do Vitória quer, meu Deus? – dizia um, menosprezando.
– Perderam de um a zero do São Paulo em casa, não podem falar nada – disse outro, sem senso de proporção.
– Sou bi, sou bi e você é o quê? – perguntou um, em completo desespero.
Respondi a ele que eu era hetero, mas que tudo bem, não tenho preconceitos...
E tudo isso porque eu dei uma risadinha.
Como já falei uma vez aqui nesse blog, inclusive no texto do ano passado do jogo contra o Fluminense, não filmo o ataque adversário. Faço isso por superstição (e pra economizar a fita e a bateria da filmadora), o que é muitas vezes injusto com o goleiro Viáfara, pois nunca registro os seus feitos. Um filho de um amigo meu tem dois colegas na escola que eram Bahia, mas que viraram Vitória por causa de Viáfara e Apodi.
Mas dessa vez a injustiça será com o goleiro que o substitui, Gléguer. Vale a lembrança das fantásticas defesas que fez durante o jogo todo, sobretudo, aos 48 do segundo tempo. Essas, além de espetaculares, valeram tanto quanto os dois gols do Vitória no jogo. O jogo acabou logo em seguida e Gléguer foi injustiçado por toda a torcida, que vaiava o time. Era pra ter aplaudido.
O campeonato é longo. É o campeonato brasileiro da primeira divisão, todo jogo é difícil, portanto, para mim, um empate em casa, faltando metade do campeonato, passa longe de ser algo desesperador. Mas mesmo assim Capergiani foi demitido. Para muitos ali no Barradão, para a imprensa que fatura com isso e para o pobre torcedor do Bahia, o empate em casa era motivo de crise no Vitória.
Quando acabei de escrever esse texto, descobri que o jogo Bahia X Ponte Preta acabou 2 x 2. Empatou em casa e está a um ponto da zona do rebaixamento para a 3º Divisão.
Cheguei ao trabalho e pra respeitar a dor dos meu colegas, não fiquei em silêncio e perguntei com uma certa dose de misericórdia:
– E esse Bahia, hein?
São meus amigos, gosto deles e achei que o silêncio seria muita humilhação.
Antes de falar do jogo, uma curiosidade: descobri que no álbum de figurinhas do campeonato brasileiro deste ano, que o Bahia, diferente de outros times, só teve direito a uma página.
----
O caminho ao estádio estava vazio. O Dia dos Pais (e as últimas derrotas do time) fez muitos torcedores não saírem de casa. Eu já não pude ir ao jogo contra o São Paulo, pois, mesmo sendo sábado, eu estava trabalhando. Desconfio que deu azar já que foi a primeira derrota no Barradão nesse campeonato. Tinha que ir nesse.
Fui ler o texto que fiz para o jogo Vitória X Fluminense do ano passado e achei que podia copiar e colar aqui. Muitas semelhanças entre os jogos: foi num dia de sol forte, o Vitória jogou com o uniforme número dois, o Fluminense estava na zona de rebaixamento, o Vitória saiu na frente, o Fluminense virou...
No jogo desse fim de semana, Roger deu o passe pra um gol, fez o outro, furou feio em um chute, foi fominha em outro lance, chegou lento em outra jogada... E Apodi tentou, Leandro Domingues tentou, Ramon entrou... Mas o jogo, também como no ano passado, acabou 2 x 2. Veja o vídeo aqui.
– Começou a crise – disseram os tricolores que trabalham comigo, na segunda-feira, um dia depois desse empate com o Fluminense.
Renato Gaúcho, hoje técnico do Fluminense, em 1989 disse que aqui na Bahia só tinha índio. Em compensação levou um ovo de mira laser na moleira. Veja vídeo aqui. E o torcedor do Bahia, como sempre mulher de malandro, ainda vai ao Barradão torcer pra ele. Vi muitos por lá, infiltrados, com crise de abstinência por um jogo da primeira divisão.
No dia do jogo contra o São Paulo, ficamos trabalhando ouvindo o jogo pela internet. Quando o São Paulo fez o gol, houve uma efusiva comemoração por parte da parte tricolor da sala. Eu e André, os únicos rubro-negros, fomos compreensivos com eles e deixamos que festejassem.
No sábado seguinte, trabalhando de novo, foi a vez de ouvir na internet Vila Nova X Bahia. Gol do Vila Nova e a parte rubro-negra humilhou os tricolores da sala ficando em completo silêncio. Eles também ficaram em silêncio, cabisbaixos... Aí eu olhei pra André e dei uma risadinha discreta que foi percebida pelos tricolores. Os caras então perderam o controle:
– Que é que esse torcedor do Vitória quer, meu Deus? – dizia um, menosprezando.
– Perderam de um a zero do São Paulo em casa, não podem falar nada – disse outro, sem senso de proporção.
– Sou bi, sou bi e você é o quê? – perguntou um, em completo desespero.
Respondi a ele que eu era hetero, mas que tudo bem, não tenho preconceitos...
E tudo isso porque eu dei uma risadinha.
Como já falei uma vez aqui nesse blog, inclusive no texto do ano passado do jogo contra o Fluminense, não filmo o ataque adversário. Faço isso por superstição (e pra economizar a fita e a bateria da filmadora), o que é muitas vezes injusto com o goleiro Viáfara, pois nunca registro os seus feitos. Um filho de um amigo meu tem dois colegas na escola que eram Bahia, mas que viraram Vitória por causa de Viáfara e Apodi.
Mas dessa vez a injustiça será com o goleiro que o substitui, Gléguer. Vale a lembrança das fantásticas defesas que fez durante o jogo todo, sobretudo, aos 48 do segundo tempo. Essas, além de espetaculares, valeram tanto quanto os dois gols do Vitória no jogo. O jogo acabou logo em seguida e Gléguer foi injustiçado por toda a torcida, que vaiava o time. Era pra ter aplaudido.
O campeonato é longo. É o campeonato brasileiro da primeira divisão, todo jogo é difícil, portanto, para mim, um empate em casa, faltando metade do campeonato, passa longe de ser algo desesperador. Mas mesmo assim Capergiani foi demitido. Para muitos ali no Barradão, para a imprensa que fatura com isso e para o pobre torcedor do Bahia, o empate em casa era motivo de crise no Vitória.
Quando acabei de escrever esse texto, descobri que o jogo Bahia X Ponte Preta acabou 2 x 2. Empatou em casa e está a um ponto da zona do rebaixamento para a 3º Divisão.
Cheguei ao trabalho e pra respeitar a dor dos meu colegas, não fiquei em silêncio e perguntei com uma certa dose de misericórdia:
– E esse Bahia, hein?
São meus amigos, gosto deles e achei que o silêncio seria muita humilhação.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Vitória X Coritiba (coxa vermelha e preta)
Domingo de manhã fui pra praia. No caminho, avistei inúmeros transeuntes com camisa do Bahia. Ganharam um jogo no dia anterior, foram pra décima primeira colocação do campeonato da segunda divisão e fizeram carreata com buzinaço. No dia seguinte saíram às ruas orgulhosos do incrível feito. A manchete do jornal Correio estampava “Tricolor voltou”.
Ontem o tricolor voltou ao normal e empatou com o Juventude, dentro de Pituaçu, depois de abrir dois a zero. A manchete do Correio foi “Tricolor dá mole”.
Um amigo meu torcedor do Vitória disse que ia dar um pacote de meia pro Bahia.
¬- Tenho vários pares lá em casa.
Ele disse que ouviu a resenha do jogo e que a reclamação chorosa era “o Bahia não tem meia, o Bahia não tem meia...”.
Já na praia, avistei um grupo jogando bola, fazendo salão. Um deles estava com a camisa do Vitória. Fui dar um mergulho e ao passar por ele, perguntei:
¬– E esse Vitória hoje?
– Vai brocar – respondeu.
Minha irmã nunca foi a um estádio e momentos antes de sair de casa, ela me ligou dizendo que iria também. “Vai dar sorte”, pensei, espantando pra longe a chance dela ser pé-frio.
Era um jogo importante onde o Vitória precisava vencer por dois motivos óbvios: era no Barradão e era a chance de voltar ao G4.
Quando o time empatou com o Atlético MG, os torcedores do Bahia começaram a dizer:
– Agora é ladeira abaixo.
– Depois perdeu pro Corinthians e eles disseram:
– Nunca mais vai voltar ao G4.
Interessante é que antes do campeonato começar, a urucubaca era de que o Vitória ia cair. Agora a urucubaca é de que o Vitória não fica entre os quatro. São uma espécie divertida esses torcedores do Bahia.
O jogo começou com os olhos em Roger. Na verdade, começou com os olhos em Gléguer, o goleiro reserva que substituía, de última hora, o milagroso Viáfara, pegando a torcida de surpresa.
Roger é o artilheiro do time, fez oito gols, mas perdeu 80. Nesses dois jogos citados acima, o Vitória só não somou quatro pontos por causa dele. O time tem criado, tem jogado bem, o coloca na cara do gol, mas ele perde.
– Essa disgraça não joga nada. Desde o início do campeonato que tô dizendo isso... – dizia um revoltado senhor do meu lado.
Uns defendiam o jogador com “o cara é bom, o cara é bom, não fez oito gols à toa...”.
– Oito gols de cagada, com a bola batendo nele e entrando – gritava o revoltado.
Itacaré é o nome mais falado nessas discussões. A torcida quer que ele entre logo, dizendo que ele está com fome de bola e que jamais perderia os gols que Roger vem perdendo.
Primeiro tempo acabou 0 x 0. Com Roger e o Vitória perdendo alguns gols feitos.
– Aí tem que ser jogada de baba, porra; tem que ser jogada de baba – disse o tal senhor, depois de um dos inúmeros gols perdidos. – Dá um-dois, dá um dois... – dizia ele, falando da famosa tabelinha rápida na entrada da área.
– Brincadeira uma porra dessa, viu? – disse outro.
Apesar do zero a zero e do fantasma de outro empate no Barradão, a torcida aplaudiu o time que saía de campo, reconhecendo o esforço em buscar o gol. O Vitória não está no G4 à toa.
O Vitória veio pro segundo tempo ainda melhor do que no final do primeiro, quando foi mais objetivo. Queria o gol. Bida, que acabara de entrar, quase fez o dele logo no início. O gol iria sair. Tinha de sair. O Barueri estava perdendo e um gol colocaria o Vitória na terceira colocação. E num passe magistral, sublime e poético de Bida, Leandro Domingues matou no peito e mostrou a Roger como é que faz. Chutaço, golaço, um a zero, minha porra.
Filmei o gol. Pelo menos foi o que achei na hora. Só em casa, editando, que percebi que não filmei. Dessa vez foi eu quem perdi o gol.
Por causa disso, inicialmente, achei que não valia a pena fazer o vídeo (clique aqui). Sem o gol não teria graça, mas depois mudei de idéia. Trabalhar com o que tem é o que deve ser feito. Carpegiani tá fazendo assim e tá no caminho certo.
Menção honrosa para minha irmã, que estreou com pé quente e para ótima atuação do goleiro Gléguer, que estreou da mesma maneira.
O lance agora é G3.
Ontem o tricolor voltou ao normal e empatou com o Juventude, dentro de Pituaçu, depois de abrir dois a zero. A manchete do Correio foi “Tricolor dá mole”.
Um amigo meu torcedor do Vitória disse que ia dar um pacote de meia pro Bahia.
¬- Tenho vários pares lá em casa.
Ele disse que ouviu a resenha do jogo e que a reclamação chorosa era “o Bahia não tem meia, o Bahia não tem meia...”.
Já na praia, avistei um grupo jogando bola, fazendo salão. Um deles estava com a camisa do Vitória. Fui dar um mergulho e ao passar por ele, perguntei:
¬– E esse Vitória hoje?
– Vai brocar – respondeu.
Minha irmã nunca foi a um estádio e momentos antes de sair de casa, ela me ligou dizendo que iria também. “Vai dar sorte”, pensei, espantando pra longe a chance dela ser pé-frio.
Era um jogo importante onde o Vitória precisava vencer por dois motivos óbvios: era no Barradão e era a chance de voltar ao G4.
Quando o time empatou com o Atlético MG, os torcedores do Bahia começaram a dizer:
– Agora é ladeira abaixo.
– Depois perdeu pro Corinthians e eles disseram:
– Nunca mais vai voltar ao G4.
Interessante é que antes do campeonato começar, a urucubaca era de que o Vitória ia cair. Agora a urucubaca é de que o Vitória não fica entre os quatro. São uma espécie divertida esses torcedores do Bahia.
O jogo começou com os olhos em Roger. Na verdade, começou com os olhos em Gléguer, o goleiro reserva que substituía, de última hora, o milagroso Viáfara, pegando a torcida de surpresa.
Roger é o artilheiro do time, fez oito gols, mas perdeu 80. Nesses dois jogos citados acima, o Vitória só não somou quatro pontos por causa dele. O time tem criado, tem jogado bem, o coloca na cara do gol, mas ele perde.
– Essa disgraça não joga nada. Desde o início do campeonato que tô dizendo isso... – dizia um revoltado senhor do meu lado.
Uns defendiam o jogador com “o cara é bom, o cara é bom, não fez oito gols à toa...”.
– Oito gols de cagada, com a bola batendo nele e entrando – gritava o revoltado.
Itacaré é o nome mais falado nessas discussões. A torcida quer que ele entre logo, dizendo que ele está com fome de bola e que jamais perderia os gols que Roger vem perdendo.
Primeiro tempo acabou 0 x 0. Com Roger e o Vitória perdendo alguns gols feitos.
– Aí tem que ser jogada de baba, porra; tem que ser jogada de baba – disse o tal senhor, depois de um dos inúmeros gols perdidos. – Dá um-dois, dá um dois... – dizia ele, falando da famosa tabelinha rápida na entrada da área.
– Brincadeira uma porra dessa, viu? – disse outro.
Apesar do zero a zero e do fantasma de outro empate no Barradão, a torcida aplaudiu o time que saía de campo, reconhecendo o esforço em buscar o gol. O Vitória não está no G4 à toa.
O Vitória veio pro segundo tempo ainda melhor do que no final do primeiro, quando foi mais objetivo. Queria o gol. Bida, que acabara de entrar, quase fez o dele logo no início. O gol iria sair. Tinha de sair. O Barueri estava perdendo e um gol colocaria o Vitória na terceira colocação. E num passe magistral, sublime e poético de Bida, Leandro Domingues matou no peito e mostrou a Roger como é que faz. Chutaço, golaço, um a zero, minha porra.
Filmei o gol. Pelo menos foi o que achei na hora. Só em casa, editando, que percebi que não filmei. Dessa vez foi eu quem perdi o gol.
Por causa disso, inicialmente, achei que não valia a pena fazer o vídeo (clique aqui). Sem o gol não teria graça, mas depois mudei de idéia. Trabalhar com o que tem é o que deve ser feito. Carpegiani tá fazendo assim e tá no caminho certo.
Menção honrosa para minha irmã, que estreou com pé quente e para ótima atuação do goleiro Gléguer, que estreou da mesma maneira.
O lance agora é G3.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Vitória X Atlético MG (o Galo e uma galinha)
O jogo seria difícil. Era contra o líder do campeonato e com o Vitória desfalcado dos seus três zagueiros titulares. Zagueiros estes que vêm fazendo um ótimo campeonato.
Como sempre, mesmo com chuva, muitas crianças no estádio.
Na parte de cima a torcida do Atlético MG era escoltada pela polícia até o local dos visitantes. Um princípio de confusão começa. Eu estava no terceiro degrau, bem em cima, e pude ver a confusão entre as pernas dos torcedores dos degraus acima. O clássico Coturnos X Chinelos começava. Um torcedor do Vitória passa por mim apressado, descendo os enormes degraus como se estivesse fugindo de algo. Algo de farda e cassetete na mão. Subiu só pra procurar confusão, fez sua bagunça e desceu correndo. A vontade que dá é de dar um empurrão pra ele descer capotando arquibancada abaixo... Mas é só uma vontade.
Também não filmo briga. Gasta a bateria da filmadora e a fita custa caro. Tem coisas mais interessantes pra filmar, como um torcedor do Bahia no meio da torcida do Atlético MG. Parecia uma galinha no meio dos galos. Toda saltitante. Como não tem time pra torcer tem que ir ciscar no Barradão.
– Ah, no jogo do Bahia com o Fast também tinha torcedor do Vitória que eu vi – disse um amigo meu tricolor.
– No do Bahia com o Amazonense também – disse outro.
– Tem vídeo disso? – perguntei.
– Não...
– O meu tem. (clique aqui)
O Vitória começou mal. Parecia que a zaga improvisada daria mole a qualquer hora. E até deu um, mas, assim como Jesus, Viáfara salva.
O Atlético MG permanecia no campo de ataque. O Vitória parecia desconfiado da zaga improvisada e não arriscava muito. Só com o passar dos minutos, ganhando mais confiança, que o time passou a dominar o meio de campo. Eu queria que o primeiro tempo terminasse logo, pois depois da conversa nos vestiários o Vitória só poderia melhorar. Carpegiani estava vendo os erros. Concertaria.
No finalzinho, um delírio frustrante com um gol anulado. Realmente estava impedido, mas se fosse, por exemplo, do Corinthians, desconfio de que não seria anulado.
Mesmo sem jogar bem o Vitória saiu aplaudido de campo.
A conversa nos vestiários funcionou e o time voltou outro pro segundo tempo. Ficou mais tempo no campo de ataque, buscou o gol, criou jogadas... Mas a porra da bola não entrou. Roger bateu um pênalti mais de perto que um pênalti; escolheu o canto, chutou, venceu o goleiro, mas a bola caprichosamente foi na trave.
– Se essa não entrou, não entra mais nenhuma hoje – disse um torcedor do meu lado, que também reclamou muito de Apodi, inclusive dizendo que a culpa dele tá jogando mal é da escova que ele fez no cabelo.
Apodi não voou tanto nesse jogo, mas seus cabelos...
Acredito que Apodi não jogou bem também por conta do problema da zaga. A zaga não comprometeu em nada, não cometeu erros fatais, porém deixou o time receoso.
O saldo positivo foi que em outra ocasião de desfalque o time vai estar mais confiante.
Apodi foi substituído e um início de vaia pra ele começou, mas foi logo engolido por aplausos e gritos de “uh, é Apodi” por parte dos torcedores mais sensatos.
O Vitória jogou bem. Merecia ter ganhado e um empate, mesmo em casa, da forma que foi, não é um resultado pra se lastimar.
– Ah, o Vitória se fudeu – disseram os torcedores do time de Paulo Carneiro no dia seguinte.
Como o Bahia só dá vexame, é uma alegria enorme pra eles o Vitória empatar em casa.
Como sempre, mesmo com chuva, muitas crianças no estádio.
Na parte de cima a torcida do Atlético MG era escoltada pela polícia até o local dos visitantes. Um princípio de confusão começa. Eu estava no terceiro degrau, bem em cima, e pude ver a confusão entre as pernas dos torcedores dos degraus acima. O clássico Coturnos X Chinelos começava. Um torcedor do Vitória passa por mim apressado, descendo os enormes degraus como se estivesse fugindo de algo. Algo de farda e cassetete na mão. Subiu só pra procurar confusão, fez sua bagunça e desceu correndo. A vontade que dá é de dar um empurrão pra ele descer capotando arquibancada abaixo... Mas é só uma vontade.
Também não filmo briga. Gasta a bateria da filmadora e a fita custa caro. Tem coisas mais interessantes pra filmar, como um torcedor do Bahia no meio da torcida do Atlético MG. Parecia uma galinha no meio dos galos. Toda saltitante. Como não tem time pra torcer tem que ir ciscar no Barradão.
– Ah, no jogo do Bahia com o Fast também tinha torcedor do Vitória que eu vi – disse um amigo meu tricolor.
– No do Bahia com o Amazonense também – disse outro.
– Tem vídeo disso? – perguntei.
– Não...
– O meu tem. (clique aqui)
O Vitória começou mal. Parecia que a zaga improvisada daria mole a qualquer hora. E até deu um, mas, assim como Jesus, Viáfara salva.
O Atlético MG permanecia no campo de ataque. O Vitória parecia desconfiado da zaga improvisada e não arriscava muito. Só com o passar dos minutos, ganhando mais confiança, que o time passou a dominar o meio de campo. Eu queria que o primeiro tempo terminasse logo, pois depois da conversa nos vestiários o Vitória só poderia melhorar. Carpegiani estava vendo os erros. Concertaria.
No finalzinho, um delírio frustrante com um gol anulado. Realmente estava impedido, mas se fosse, por exemplo, do Corinthians, desconfio de que não seria anulado.
Mesmo sem jogar bem o Vitória saiu aplaudido de campo.
A conversa nos vestiários funcionou e o time voltou outro pro segundo tempo. Ficou mais tempo no campo de ataque, buscou o gol, criou jogadas... Mas a porra da bola não entrou. Roger bateu um pênalti mais de perto que um pênalti; escolheu o canto, chutou, venceu o goleiro, mas a bola caprichosamente foi na trave.
– Se essa não entrou, não entra mais nenhuma hoje – disse um torcedor do meu lado, que também reclamou muito de Apodi, inclusive dizendo que a culpa dele tá jogando mal é da escova que ele fez no cabelo.
Apodi não voou tanto nesse jogo, mas seus cabelos...
Acredito que Apodi não jogou bem também por conta do problema da zaga. A zaga não comprometeu em nada, não cometeu erros fatais, porém deixou o time receoso.
O saldo positivo foi que em outra ocasião de desfalque o time vai estar mais confiante.
Apodi foi substituído e um início de vaia pra ele começou, mas foi logo engolido por aplausos e gritos de “uh, é Apodi” por parte dos torcedores mais sensatos.
O Vitória jogou bem. Merecia ter ganhado e um empate, mesmo em casa, da forma que foi, não é um resultado pra se lastimar.
– Ah, o Vitória se fudeu – disseram os torcedores do time de Paulo Carneiro no dia seguinte.
Como o Bahia só dá vexame, é uma alegria enorme pra eles o Vitória empatar em casa.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Vitória X Santos (peixe de chocolate)
Levei de novo meu sobrinho torcedor do Bahia. Como já disse, faço isso pelo menino, pra ele ver um jogo de primeira, com jogadores de primeira, com times de primeira... Além de tudo, ele foi pé quente contra o Grêmio.
Como já disse também, ele joga no infantil do Bahia e viu o time do Santos por lá no Fazendão, treinando pro confronto com o Vitória.
“Mancini fez um golaço”, disse ele, comentando sobre um coletivo em que o treinador (ex) do Santos participou.
Também levei Cezar, um amigo que não ia ao Barradão desde 2004.
– Você não é pé frio, não, né?
– Tá maluco... – respondeu ele.
Chegamos cedo e pela primeira vez na história dessa porra eu não peguei fila pra entrar pela portaria do “Sou mais Vitória”.
O jogo começou.
– O jogo vai ser duro – disse um senhor do meu lado – Mancini conhece o Vitória.É um a zero Vitória – completou.
E em três minutos esse um a zero apareceu. Vacilo clássico de goleiro X astúcia clássica de atacante. Foi dar um chutão, furou, atacante atento, gol.Um a zero. Torcida comemorando e meu sobrinho disse:
– O Santos vai virar.
– Quem vai virar é você, que vai virar Vitória – respondi.
Um gol dessa forma, no início do jogo, além de mexer com o emocional de um time, desmonta todo o seu esquema tático. E isso ficou evidente. O Peixe ficou sem ar, balançando pra lá e pra cá, até que aos 15 minutos Leandro Domingues fez um lançamento primoroso para Roger, o autor do primeiro gol, que chutou para uma boa defesa de Douglas, o goleiro do Santos, o redimindo da merda que fez no lance do primeiro gol. Porém, ele deu rebote e a bola voltou pra Roger, que se redimiu da merda que fez no primeiro chute. Dois a zero.
– Assim vai ser mole – disse o senhor do meu lado, que antes tinha dito que ia ser duro. O que ele não imaginava, nem ninguém ali, é que seria tão mole.
Aos 24 minutos, outro contra ataque fulminante e terceiro gol do Vitória. Três a zero. Aos 28, quatro a zero com um gol Victor Ramos, zagueiro da divisão de base.
– Acabou o jogo. Acho até que vou sair do estádio. Lá fora posso tomar uma cerveja e ver o resto do jogo pelo rádio – brincou Cezar.
O Santos tremia em campo. Tentou sem perigo por algumas vezes, mas nada acontecia. O Vitória, naturalmente, diminuiu o ritmo depois do chocolate que dava. O Santos continuou tentando e conseguiu um pênalti no último lance. Quatro a um. Logo depois da cobrança do pênalti o juiz apitou o fim do primeiro tempo. Os aplausos da torcida do Santos pro golzinho nem foram ouvidos, pois foram abafados pelos aplausos da torcida do Vitória, que aplaudia o time que saia de campo.
– O Santos vai virar – disse meu sobrinho.
Segundo tempo começou e como era de se esperar, o Santos veio pra cima. O gol no final do tempo anterior deu um ânimo extra aos jogadores, que numa falta cobrada ao 16 minutos, chegou ao segundo gol. Quatro a dois.
– O Santos vai virar – disse meu sobrinho.
A torcida do Vitória não se abalou muito, mas o time, um pouco, e num rápido contra ataque, a bola chegou na cabeça de Kleber Pereira. Graças a uma defesa milagrosa de Viáfara, o Santos não fez quatro a três. A torcida então sentiu o baque.
– O time relaxou – gritou um torcedor.
– O Santos vai virar – disse meu sobrinho.
O Vitória passou a errar passes no meio de campo e o Santos passou a gostar do jogo.
O clima ficou tenso. Um quatro a três seria emoção demais.
– Tomara que essa porra acabe logo – disse Cezar.
Mas o Vitória tem uma coisa que nenhum time tem. Apodi. Com Apodi, as chances do Vitória estar no campo de ataque são maiores. O time recuperou o fôlego, recuperou o meio campo e voltou a atacar. Criou boas chances e conseguiu um pênalti onde Leandro Domingues, que deu o passe para três dos quatro gols, converteu. Cinco a dois. Nem meu sobrinho falou mais nada. O chocolate já estava escancarado. Cinco minutos depois, Jackson, que acabara de entrar, fez o dele depois de quatro meses parado. Primeiro ele perdeu um gol de cara, chutando pra fora, mas logo depois, ele começou uma jogada tocando pra Roger e correndo pra receber em velocidade, cabeceando de forma fulminante. Seis a dois.
Veja aqui o vídeo do jogo. Não consegui filmar todos os gols (foram muitos), mas tem boas cenas.
Ironia do destino: Mancini pediu demissão do Vitória, mas no primeiro confronto depois disso, o Vitória foi lá e “demitiu” Mancini. Ele achou que conhecia o Vitória, mas na verdade era o Vitória que o conhecia.
Cezar disse:
– Rapaz, quando o juiz apitar, dê um zoom pra filmar Mancini de perto que você vai ver um cara se aproximando dele com a rescisão e uma caneta.
Depois disso o Santos ficou entregue e o Vitória perdeu gols sucessivos. Poderia ter sido nove ou dez a dois. Apodi infernizou o ataque do time que o desprezou no ano passado. Não tem como ele não correr, é só ele pegar na bola que vinte mil pessoas começam a gritar “vai, Apodi, vai, Apodi, vai, maluco, vai, Apodi...”. E ele vai.
Apodi é ídolo. Devia ter uma estátua dele no Barradão. Só assim pra ver ele parado.
Os torcedores do Bahia torcem contra Apodi, fazem piadas sobre ele, tentam denegrir, invejosamente, o nosso velocista... Mas a gente entende. Os caras estão acabados.
De vez em quando eu leio blogs alheios de torcedores do Bahia (assim como leio blogs de torcedores do Flamengo, do Corinthians, do Internacional...) e os textos dos torcedores do Bahia são o reflexo da nostalgia. Os temas são sempre “ah, como era bom aquele tempo, 30 anos atrás...”, ou de revolta por goleadas sofridas contra Américas da PQP, Ipatingas e Figueirenses.
E Paulo Carneiro vestindo a camisa do Bahia foi a coisa mais estapafúrdia do ano. O termo “vestir a camisa da empresa” pode se empregar em qualquer ocasião, menos em um time de futebol, onde a camisa é o que veste, sobretudo, o torcedor. Mudar de time quando criança, tudo bem, é normal, é aceitável, o indivíduo está começando a entender as coisas, vendo quem ganha, quem perde e assim passa a gostar de um time ou de outro. Conheço tricolores filhos de rubro-negros e vice-versa. Mas virar a folha depois de velho é lamentável. A torcida do Bahia ainda aceita esse tipo de coisa.
Quando ele foi anunciado, eles repudiaram:
– Um rubro-negro no meu Baêa?! Nem com a porra – diziam os tricolores.
Aí ele deu uma entrevista cheia de pompa, usando uma linguagem moderna de marketing, falando em números, falando do seu passado...
– O cara é um bom administrador, hoje o futebol moderno precisa disso... – mudaram o discurso.
Chega a ser decepcionante ver em como acreditam em tudo. É como lotar a Fonte Nova pra recepcionar Viola em 2005, com 37 anos de idade. Cinqüenta mil foram ver Kaká no Real Madri; mais que isso foi ver Viola. Muitos tricolores ainda se vangloriam desses números.
De qualquer forma, já que Paulo Carneiro fez isso de vestir a camisa, ou ele devia ter feito um regime ou ter pedido à empresa que confecciona aquele pano uma XXG.
Enquanto isso, muitas crianças no Barradão comemoravam, felizes, rindo contentes por causa do seu time. Deve ser por isso que meus amigos torcedores do Bahia andam tão nervosos. Os torcedores mirins do seu time estão sumindo. Sem crianças nos estádios não existe felicidade. Elas estão querendo ir ver o jogo do Vitória.
Como já disse também, ele joga no infantil do Bahia e viu o time do Santos por lá no Fazendão, treinando pro confronto com o Vitória.
“Mancini fez um golaço”, disse ele, comentando sobre um coletivo em que o treinador (ex) do Santos participou.
Também levei Cezar, um amigo que não ia ao Barradão desde 2004.
– Você não é pé frio, não, né?
– Tá maluco... – respondeu ele.
Chegamos cedo e pela primeira vez na história dessa porra eu não peguei fila pra entrar pela portaria do “Sou mais Vitória”.
O jogo começou.
– O jogo vai ser duro – disse um senhor do meu lado – Mancini conhece o Vitória.É um a zero Vitória – completou.
E em três minutos esse um a zero apareceu. Vacilo clássico de goleiro X astúcia clássica de atacante. Foi dar um chutão, furou, atacante atento, gol.Um a zero. Torcida comemorando e meu sobrinho disse:
– O Santos vai virar.
– Quem vai virar é você, que vai virar Vitória – respondi.
Um gol dessa forma, no início do jogo, além de mexer com o emocional de um time, desmonta todo o seu esquema tático. E isso ficou evidente. O Peixe ficou sem ar, balançando pra lá e pra cá, até que aos 15 minutos Leandro Domingues fez um lançamento primoroso para Roger, o autor do primeiro gol, que chutou para uma boa defesa de Douglas, o goleiro do Santos, o redimindo da merda que fez no lance do primeiro gol. Porém, ele deu rebote e a bola voltou pra Roger, que se redimiu da merda que fez no primeiro chute. Dois a zero.
– Assim vai ser mole – disse o senhor do meu lado, que antes tinha dito que ia ser duro. O que ele não imaginava, nem ninguém ali, é que seria tão mole.
Aos 24 minutos, outro contra ataque fulminante e terceiro gol do Vitória. Três a zero. Aos 28, quatro a zero com um gol Victor Ramos, zagueiro da divisão de base.
– Acabou o jogo. Acho até que vou sair do estádio. Lá fora posso tomar uma cerveja e ver o resto do jogo pelo rádio – brincou Cezar.
O Santos tremia em campo. Tentou sem perigo por algumas vezes, mas nada acontecia. O Vitória, naturalmente, diminuiu o ritmo depois do chocolate que dava. O Santos continuou tentando e conseguiu um pênalti no último lance. Quatro a um. Logo depois da cobrança do pênalti o juiz apitou o fim do primeiro tempo. Os aplausos da torcida do Santos pro golzinho nem foram ouvidos, pois foram abafados pelos aplausos da torcida do Vitória, que aplaudia o time que saia de campo.
– O Santos vai virar – disse meu sobrinho.
Segundo tempo começou e como era de se esperar, o Santos veio pra cima. O gol no final do tempo anterior deu um ânimo extra aos jogadores, que numa falta cobrada ao 16 minutos, chegou ao segundo gol. Quatro a dois.
– O Santos vai virar – disse meu sobrinho.
A torcida do Vitória não se abalou muito, mas o time, um pouco, e num rápido contra ataque, a bola chegou na cabeça de Kleber Pereira. Graças a uma defesa milagrosa de Viáfara, o Santos não fez quatro a três. A torcida então sentiu o baque.
– O time relaxou – gritou um torcedor.
– O Santos vai virar – disse meu sobrinho.
O Vitória passou a errar passes no meio de campo e o Santos passou a gostar do jogo.
O clima ficou tenso. Um quatro a três seria emoção demais.
– Tomara que essa porra acabe logo – disse Cezar.
Mas o Vitória tem uma coisa que nenhum time tem. Apodi. Com Apodi, as chances do Vitória estar no campo de ataque são maiores. O time recuperou o fôlego, recuperou o meio campo e voltou a atacar. Criou boas chances e conseguiu um pênalti onde Leandro Domingues, que deu o passe para três dos quatro gols, converteu. Cinco a dois. Nem meu sobrinho falou mais nada. O chocolate já estava escancarado. Cinco minutos depois, Jackson, que acabara de entrar, fez o dele depois de quatro meses parado. Primeiro ele perdeu um gol de cara, chutando pra fora, mas logo depois, ele começou uma jogada tocando pra Roger e correndo pra receber em velocidade, cabeceando de forma fulminante. Seis a dois.
Veja aqui o vídeo do jogo. Não consegui filmar todos os gols (foram muitos), mas tem boas cenas.
Ironia do destino: Mancini pediu demissão do Vitória, mas no primeiro confronto depois disso, o Vitória foi lá e “demitiu” Mancini. Ele achou que conhecia o Vitória, mas na verdade era o Vitória que o conhecia.
Cezar disse:
– Rapaz, quando o juiz apitar, dê um zoom pra filmar Mancini de perto que você vai ver um cara se aproximando dele com a rescisão e uma caneta.
Depois disso o Santos ficou entregue e o Vitória perdeu gols sucessivos. Poderia ter sido nove ou dez a dois. Apodi infernizou o ataque do time que o desprezou no ano passado. Não tem como ele não correr, é só ele pegar na bola que vinte mil pessoas começam a gritar “vai, Apodi, vai, Apodi, vai, maluco, vai, Apodi...”. E ele vai.
Apodi é ídolo. Devia ter uma estátua dele no Barradão. Só assim pra ver ele parado.
Os torcedores do Bahia torcem contra Apodi, fazem piadas sobre ele, tentam denegrir, invejosamente, o nosso velocista... Mas a gente entende. Os caras estão acabados.
De vez em quando eu leio blogs alheios de torcedores do Bahia (assim como leio blogs de torcedores do Flamengo, do Corinthians, do Internacional...) e os textos dos torcedores do Bahia são o reflexo da nostalgia. Os temas são sempre “ah, como era bom aquele tempo, 30 anos atrás...”, ou de revolta por goleadas sofridas contra Américas da PQP, Ipatingas e Figueirenses.
E Paulo Carneiro vestindo a camisa do Bahia foi a coisa mais estapafúrdia do ano. O termo “vestir a camisa da empresa” pode se empregar em qualquer ocasião, menos em um time de futebol, onde a camisa é o que veste, sobretudo, o torcedor. Mudar de time quando criança, tudo bem, é normal, é aceitável, o indivíduo está começando a entender as coisas, vendo quem ganha, quem perde e assim passa a gostar de um time ou de outro. Conheço tricolores filhos de rubro-negros e vice-versa. Mas virar a folha depois de velho é lamentável. A torcida do Bahia ainda aceita esse tipo de coisa.
Quando ele foi anunciado, eles repudiaram:
– Um rubro-negro no meu Baêa?! Nem com a porra – diziam os tricolores.
Aí ele deu uma entrevista cheia de pompa, usando uma linguagem moderna de marketing, falando em números, falando do seu passado...
– O cara é um bom administrador, hoje o futebol moderno precisa disso... – mudaram o discurso.
Chega a ser decepcionante ver em como acreditam em tudo. É como lotar a Fonte Nova pra recepcionar Viola em 2005, com 37 anos de idade. Cinqüenta mil foram ver Kaká no Real Madri; mais que isso foi ver Viola. Muitos tricolores ainda se vangloriam desses números.
De qualquer forma, já que Paulo Carneiro fez isso de vestir a camisa, ou ele devia ter feito um regime ou ter pedido à empresa que confecciona aquele pano uma XXG.
Enquanto isso, muitas crianças no Barradão comemoravam, felizes, rindo contentes por causa do seu time. Deve ser por isso que meus amigos torcedores do Bahia andam tão nervosos. Os torcedores mirins do seu time estão sumindo. Sem crianças nos estádios não existe felicidade. Elas estão querendo ir ver o jogo do Vitória.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Vitória X Santo André (Na traaaaave)
Cheguei ao Barradão sem engarrafamento, jogo do Brasil acabara de terminar, muita gente ainda voltando do São João, parei numa vaga boa, sem stress, tudo bem tranqüilo até eu enxergar a fila do Sou Mais Vitória, que mais uma vez era dez vezes maior do que a fila de quem acabou de comprar o ingresso. É meu quinto jogo como associado, é a quinta fila quilométrica que pego e é a quinta vez que flagro torcedores de primeira viagem que achavam que com a compra do dito cujo não pegaria mais fila pra entrar:
– Essa é a fila do Sou Mais Vitória? – perguntou um torcedor acompanhado dos dois filhos e com a carteira de associado na mão.
– É – respondi.
– Do Sou Mais Vitória? – perguntou de novo, sem querer acreditar.
– Isso.
– Que porra é essa? – ficou a se perguntar.
Mas essa é mesmo a pergunta que a diretoria do Vitória tem que responder:
“Que porra é essa?”
Além do mais, muitas queixas de torcedores que ainda não receberam a camisa oficial do time, prometida na compra do Sou Mais Vitória. Eu mesmo fiz minha carteira em fevereiro e até hoje não recebi a camisa, inclusive a minha já está vendida, pois acho o padrão muito feio. As marcas de patrocínio (Tim, MCS, Insinuante, Lupo, Habibs) estão tendo o mesmo peso gráfico que o escudo do time. Tudo do mesmo tamanho. Não dá pra distinguir o que é escudo e o que é marca. Pode ter quantas marcas der, mas que se encontre um equilíbrio no design, deixando o escudo em primeiro plano. Vendi minha camisa (que ainda não recebi, repito) por 100 reais. A pergunta que fica agora é outra. Ou melhor, são duas:
“Que porra é essa?” e “Caso mude o patrocinador do material esportivo, os associados que ainda não receberam a camisa irão receber o padrão velho ou o novo?”.
Sonhamos cheios de esperança com o bom senso da diretoria e do departamento de marketing.
Escolher o lugar pra ver o jogo é uma loteria. Nunca se sabe que tipo de torcedor vai estar do seu lado. Pode ser um calado, pode ser um que fala o tempo todo, um que xinga, um que fuma... Sentei do lado de um que era o pensamento negativo em pessoa. Toda bola que o Vitória pegava ele jogava praga. Apodi pegava na bola, avançava pela lateral e ele dizia:
– Lá vai esse fazer merda, repare no que tô dizendo, ó a merda...
Apodi toca pra Leandro Domingues:
– Ahh, aí fudeu, vai dar em nada, vai perder a bola, repare...
Leandro toca pra Roger, que vai pra cima:
– Vixe, esse é pior ainda, vai fazer nada, essa carniça...
Roger chuta pra fora.
– Não falei... Tô dizendo...
Toda jogada que eu Vitória armava, o cara secava. A palavra mais singela que ele disse foi quando Uellinton errou um passe:
– Que indisplicência da porra, viu? Esse Uellinton é muito indisplicente.
Foi o primeiro tempo todo assim. A pergunta que fica agora é outra:
O Vitória não fazia o gol por que o cara era negativo ou o cara era negativo por que o Vitória não fazia o gol?
Fim do primeiro tempo. Zero a zero.
Resolvi sair do lado do cara negativo e, como sempre faço no segundo tempo, me posicionei bem atrás do gol adversário. Geralmente ali, colado no muro, ficam os torcedores mais exaltados, que passam o jogo todo xingando o goleiro adversário, como nesse vídeo do jogo contra o Goiás pelo campeonato de 2008 (nunca mais encontrei essa figura lá), mas dessa vez ali só tinha crianças. Todas coladas no alambrado.
“Aqui vai ser pensamento positivo o tempo todo, o Vitória vai brocar”, profetizei.
Porém, as crianças, mesmos as mais novas, xingavam o goleiro como se fossem adultos. “Viado”, “frangueiro” e “vai tomar no c...” eram as mais ditas.
O Vitória vinha pra cima, rondava a área e um guri do meu lado ficava gritando, com um fôlego de atleta:
– Ó o mole da zaga, a zaga vai dar mole, vai dar mole...
E numa bola dividida, Elkeson, que era criança quando entrou no Vitória, acreditou na jogada e no mole que a zaga iria dar, deu um drible, avançou e chutou pra marcar um a zero. Apesar de estar com a câmera ligada, não consegui filmar o gol. À medida que Elkeson ia avançando, os pirralhos começaram a balançar o alambrado, me obrigando a ajeitar a filmadora bem na hora do chute... Só captei a comemoração.
Vitória um a zero. Era pouco contra o insosso Santo André, mas eram três pontos a mais na tabela.
Outro ataque do Vitória e numa sobra, Apodi chutou de longe, a bola passou perto, mas saiu pela linha de fundo. Tiro de meta pro Santo André. O gandula “finge” se atrapalhar com a reposição de bola, o goleiro do Santo André se irrita e devolve todos os xingamentos que recebia das crianças no pobre do gandula, que também era uma criança. O juiz então veio dar uma bronca no gandula e quando percebo, vem chegando também Marcelinho Carioca. Como só filmo o ataque rubro-negro, a câmera estava desligada. Liguei na pressa, mas não consegui filmar Marcelinho Carioca, metido a valente, xingar o gandula de “filho da p...”, mandar ele ir “tomar no c...” e dizer, com gestos, que depois acertava as contas com ele.
Quando Vanderlei Luxemburgo o chamou de “moleque” em um programa de televisão pra todo o Brasil ele ficou com o rabinho entre as pernas. Agora pra cima de um gandulinha vem todo valentão... O menino, coitado, ficou todo cabisbaixo.
A polícia chegou e mandou todo mundo sair do alambrado. Eu e as crianças. Tive de subir um tanto pra poder filmar sem a interferência da grade.
O Santo André não desistiu hora nenhuma, queria o gol de empate e a chance apareceu: de forma desnecessária, Magal fez pênalti no meia Rodrigo Fabri, aos 32 minutos do segundo tempo. Um a um naquela altura do jogo seria o pior resultado. O Santo André iria se fechar mais ainda, o Vitória teria que sair de vez, poderia ficar vulnerável e assim até sofrer uma virada no contra-ataque. Mas me lembrei que quem iria bater o pênalti era Marcelinho Carioca, o chatão otário covarde.
– Vai perder – falei pra um cara que tava do meu lado, rezando para todos os santos. Menos pra Santo André, imagino.
Eu estava com tanta certeza, com tanto pensamento positivo, que rompi com a minha superstição e liguei a câmera pra filmar um “ataque” do time adversário. Sabia que o idiotão iria perder. Sabia que o gandula seria vingado e iria rir por último.
Não filmei o primeiro gol do Vitória, mas tenho uma ótima imagem do gol não feito de Marcelinho Carioca, renovando a torcida e o time, que foi pra cima logo em seguida e fez mais dois gols, abrindo três a zero. Tudo devidamente filmado. Clique aqui e veja o vídeo desse jogo.
Depois o Santo André diminuiu fazendo um golzinho, mas precisaria de um milagre pra reagir, ainda mais depois que Neneca, o goleiro, fez lambança e cometeu um pênalti em Roger. A polícia deixou os torcedores colarem de novo no alambrado. Roger mostrou a Marcelinho Carioca como é que faz e fechou o placar. Vitória 4 X 1 Santo André e a terceira colocação na tabela.
– Essa é a fila do Sou Mais Vitória? – perguntou um torcedor acompanhado dos dois filhos e com a carteira de associado na mão.
– É – respondi.
– Do Sou Mais Vitória? – perguntou de novo, sem querer acreditar.
– Isso.
– Que porra é essa? – ficou a se perguntar.
Mas essa é mesmo a pergunta que a diretoria do Vitória tem que responder:
“Que porra é essa?”
Além do mais, muitas queixas de torcedores que ainda não receberam a camisa oficial do time, prometida na compra do Sou Mais Vitória. Eu mesmo fiz minha carteira em fevereiro e até hoje não recebi a camisa, inclusive a minha já está vendida, pois acho o padrão muito feio. As marcas de patrocínio (Tim, MCS, Insinuante, Lupo, Habibs) estão tendo o mesmo peso gráfico que o escudo do time. Tudo do mesmo tamanho. Não dá pra distinguir o que é escudo e o que é marca. Pode ter quantas marcas der, mas que se encontre um equilíbrio no design, deixando o escudo em primeiro plano. Vendi minha camisa (que ainda não recebi, repito) por 100 reais. A pergunta que fica agora é outra. Ou melhor, são duas:
“Que porra é essa?” e “Caso mude o patrocinador do material esportivo, os associados que ainda não receberam a camisa irão receber o padrão velho ou o novo?”.
Sonhamos cheios de esperança com o bom senso da diretoria e do departamento de marketing.
Escolher o lugar pra ver o jogo é uma loteria. Nunca se sabe que tipo de torcedor vai estar do seu lado. Pode ser um calado, pode ser um que fala o tempo todo, um que xinga, um que fuma... Sentei do lado de um que era o pensamento negativo em pessoa. Toda bola que o Vitória pegava ele jogava praga. Apodi pegava na bola, avançava pela lateral e ele dizia:
– Lá vai esse fazer merda, repare no que tô dizendo, ó a merda...
Apodi toca pra Leandro Domingues:
– Ahh, aí fudeu, vai dar em nada, vai perder a bola, repare...
Leandro toca pra Roger, que vai pra cima:
– Vixe, esse é pior ainda, vai fazer nada, essa carniça...
Roger chuta pra fora.
– Não falei... Tô dizendo...
Toda jogada que eu Vitória armava, o cara secava. A palavra mais singela que ele disse foi quando Uellinton errou um passe:
– Que indisplicência da porra, viu? Esse Uellinton é muito indisplicente.
Foi o primeiro tempo todo assim. A pergunta que fica agora é outra:
O Vitória não fazia o gol por que o cara era negativo ou o cara era negativo por que o Vitória não fazia o gol?
Fim do primeiro tempo. Zero a zero.
Resolvi sair do lado do cara negativo e, como sempre faço no segundo tempo, me posicionei bem atrás do gol adversário. Geralmente ali, colado no muro, ficam os torcedores mais exaltados, que passam o jogo todo xingando o goleiro adversário, como nesse vídeo do jogo contra o Goiás pelo campeonato de 2008 (nunca mais encontrei essa figura lá), mas dessa vez ali só tinha crianças. Todas coladas no alambrado.
“Aqui vai ser pensamento positivo o tempo todo, o Vitória vai brocar”, profetizei.
Porém, as crianças, mesmos as mais novas, xingavam o goleiro como se fossem adultos. “Viado”, “frangueiro” e “vai tomar no c...” eram as mais ditas.
O Vitória vinha pra cima, rondava a área e um guri do meu lado ficava gritando, com um fôlego de atleta:
– Ó o mole da zaga, a zaga vai dar mole, vai dar mole...
E numa bola dividida, Elkeson, que era criança quando entrou no Vitória, acreditou na jogada e no mole que a zaga iria dar, deu um drible, avançou e chutou pra marcar um a zero. Apesar de estar com a câmera ligada, não consegui filmar o gol. À medida que Elkeson ia avançando, os pirralhos começaram a balançar o alambrado, me obrigando a ajeitar a filmadora bem na hora do chute... Só captei a comemoração.
Vitória um a zero. Era pouco contra o insosso Santo André, mas eram três pontos a mais na tabela.
Outro ataque do Vitória e numa sobra, Apodi chutou de longe, a bola passou perto, mas saiu pela linha de fundo. Tiro de meta pro Santo André. O gandula “finge” se atrapalhar com a reposição de bola, o goleiro do Santo André se irrita e devolve todos os xingamentos que recebia das crianças no pobre do gandula, que também era uma criança. O juiz então veio dar uma bronca no gandula e quando percebo, vem chegando também Marcelinho Carioca. Como só filmo o ataque rubro-negro, a câmera estava desligada. Liguei na pressa, mas não consegui filmar Marcelinho Carioca, metido a valente, xingar o gandula de “filho da p...”, mandar ele ir “tomar no c...” e dizer, com gestos, que depois acertava as contas com ele.
Quando Vanderlei Luxemburgo o chamou de “moleque” em um programa de televisão pra todo o Brasil ele ficou com o rabinho entre as pernas. Agora pra cima de um gandulinha vem todo valentão... O menino, coitado, ficou todo cabisbaixo.
A polícia chegou e mandou todo mundo sair do alambrado. Eu e as crianças. Tive de subir um tanto pra poder filmar sem a interferência da grade.
O Santo André não desistiu hora nenhuma, queria o gol de empate e a chance apareceu: de forma desnecessária, Magal fez pênalti no meia Rodrigo Fabri, aos 32 minutos do segundo tempo. Um a um naquela altura do jogo seria o pior resultado. O Santo André iria se fechar mais ainda, o Vitória teria que sair de vez, poderia ficar vulnerável e assim até sofrer uma virada no contra-ataque. Mas me lembrei que quem iria bater o pênalti era Marcelinho Carioca, o chatão otário covarde.
– Vai perder – falei pra um cara que tava do meu lado, rezando para todos os santos. Menos pra Santo André, imagino.
Eu estava com tanta certeza, com tanto pensamento positivo, que rompi com a minha superstição e liguei a câmera pra filmar um “ataque” do time adversário. Sabia que o idiotão iria perder. Sabia que o gandula seria vingado e iria rir por último.
Não filmei o primeiro gol do Vitória, mas tenho uma ótima imagem do gol não feito de Marcelinho Carioca, renovando a torcida e o time, que foi pra cima logo em seguida e fez mais dois gols, abrindo três a zero. Tudo devidamente filmado. Clique aqui e veja o vídeo desse jogo.
Depois o Santo André diminuiu fazendo um golzinho, mas precisaria de um milagre pra reagir, ainda mais depois que Neneca, o goleiro, fez lambança e cometeu um pênalti em Roger. A polícia deixou os torcedores colarem de novo no alambrado. Roger mostrou a Marcelinho Carioca como é que faz e fechou o placar. Vitória 4 X 1 Santo André e a terceira colocação na tabela.
terça-feira, 2 de junho de 2009
Vitória X Grêmio (aos 48 vale 3)
Meu cunhado é torcedor do Bahia e com isso meus quatro sobrinhos também são. Luca, o único menino, tem 11 anos e joga no infantil do Bahia. Às vezes treina no Fazendão.
– Quer ir ver Vitória X Grêmio? – convidei.
– Tá maluco, pisar no Barralixo, cheio de urubu voando – disse ele, soltando todas as velhas piadas tricolores.
Seu pai entrou na conversa e uma breve discussão Vitória X Bahia começou. Eles fizeram todo aquele sonolento discurso de sempre, que na década de 70 era diferente e blá, blá, blá... Esperei eles terminarem, bocejei e disse:
– Luquinha, você tem 11 anos e seu pai já te levou pra Fonte Nova e Pituaçu inúmeras vezes, mas ele já te levou alguma vez pra ver um jogo da primeira divisão?
Foi o único argumento que precisei. O menino fica vendo pela televisão jogos do Manchester, Barcelona, Milan, Real Madri e quando vai pro estádio, é obrigado a ver Ipatinga, Brasiliense, Bahia...
– Mas vou de camisa azul – exigiu ele.
Não vi problemas.
O jogo começaria às 16h. Saímos às 14:20, pegamos o clássico engarrafamento e às 15:45 conseguimos estacionar. Às 15:55 pegamos outro engarrafamento. A velha e boa e fila do “Sou Mais Otário”. Apesar de já ter pago pelo ano inteiro, o associado do Sou Mais Vitória é obrigado a ficar em uma enorme fila pra entrar no Barradão, sendo que o principal motivo dele se associar foi justamente para não pegar fila alguma. O ruim de ficar nessa fila, além do sol na cara, foi que perdemos 5 minutos do primeiro tempo. O lado bom foi que não tivemos de ouvir “vai buscar Dalila...”. Mais chato que essa música só torcedor do Bahia. E por sinal, como de costume, tinham vários deles na torcida adversária.
Torcedor do Bahia tem tudo pra ser um cara feliz. Durante o ano ele torce pro São Paulo, pro Grêmio, pro Flamengo, pro Internacional, pro Cruzeiro, pro Palmeiras...
– Seu Vitória vai levar fumo do Grêmio – diziam antes do jogo.
Os torcedores do Bahia estão muito tensos. Qualquer conversa sobre futebol já começam gritando, desesperados por atenção.
Encontrei um amigo meu depois da goleada sofrida contra o Vasco e o cara me xingou todo.
– Tomou no cu, filho da puta, viado, se fudeu, seu Vitória de merda, sua puta...
Eu convenci Luca a ir pro jogo dizendo que ele veria um jogo do Grêmio, mas o decepcionei. Só o Vitória jogou. Ele, de camisa azul, torcia baixinho, mas sem muito efeito.
O Vitória atacou o tempo todo, mas apesar das constantes investidas, a zaga do Grêmio parecia intransponível. Zagueiros gigantes. E se passasse por eles, ainda tinha de passar pelo goleiro gigante, recém convocado pra seleção brasileira.
Mas gigante mesmo é Apodi. Apodi bota pra f... Correu, driblou, deu canseira, tomou faltas e fez um jogador do Grêmio ser expulso.
Mesmo com um a mais, o Vitória não finalizava com tranqüilidade. Se manteve no ataque, mas o gol não saía. O tempo foi passando e o zero a zero foi ficando pesado para o Vitória. O Grêmio jogou o tempo todo pensando nele.
Empatar em casa, jogando bem, com um a mais, era perder dois pontos e não ganhar um. Mas com o Vitória cada vez mais ofensivo, em dois momentos passei a achar o zero a zero um bom resultado. Aproveitando o time aberto, o Grêmio, em dois contra-ataques rápidos, fez Viáfara ser um dos heróis da partida. Duas fantásticas defesas. Uma delas aos 43 do segundo tempo.
“Melhor acabar logo o jogo”, cheguei a pensar.
Mas aos 48 minutos Apodi tocou a bola pra Leandro Domingues, que durante o jogo todo tentou fazer gol de cabeça, pelo meio, linha de fundo, tabelando e nada de conseguir furar o bloqueio gremista.
No intervalo do jogo, um torcedor comentou alto que pra furar aquela zaga só chutando de fora. Leandro seguiu o conselho, chutou de longe e a bola foi indo, indo, indo, indo, indo... “e iu”. Não foi um gol. Foi um golaço. Aliás, não foi um golaço; foi um golaço aos 48 do segundo tempo. Veja o vídeo aqui.
O jogo terminou 1 X 0, nove pontos, a segunda colocação na tabela e inúmeros tricolores frustrados.
– Quer ir ver Vitória X Grêmio? – convidei.
– Tá maluco, pisar no Barralixo, cheio de urubu voando – disse ele, soltando todas as velhas piadas tricolores.
Seu pai entrou na conversa e uma breve discussão Vitória X Bahia começou. Eles fizeram todo aquele sonolento discurso de sempre, que na década de 70 era diferente e blá, blá, blá... Esperei eles terminarem, bocejei e disse:
– Luquinha, você tem 11 anos e seu pai já te levou pra Fonte Nova e Pituaçu inúmeras vezes, mas ele já te levou alguma vez pra ver um jogo da primeira divisão?
Foi o único argumento que precisei. O menino fica vendo pela televisão jogos do Manchester, Barcelona, Milan, Real Madri e quando vai pro estádio, é obrigado a ver Ipatinga, Brasiliense, Bahia...
– Mas vou de camisa azul – exigiu ele.
Não vi problemas.
O jogo começaria às 16h. Saímos às 14:20, pegamos o clássico engarrafamento e às 15:45 conseguimos estacionar. Às 15:55 pegamos outro engarrafamento. A velha e boa e fila do “Sou Mais Otário”. Apesar de já ter pago pelo ano inteiro, o associado do Sou Mais Vitória é obrigado a ficar em uma enorme fila pra entrar no Barradão, sendo que o principal motivo dele se associar foi justamente para não pegar fila alguma. O ruim de ficar nessa fila, além do sol na cara, foi que perdemos 5 minutos do primeiro tempo. O lado bom foi que não tivemos de ouvir “vai buscar Dalila...”. Mais chato que essa música só torcedor do Bahia. E por sinal, como de costume, tinham vários deles na torcida adversária.
Torcedor do Bahia tem tudo pra ser um cara feliz. Durante o ano ele torce pro São Paulo, pro Grêmio, pro Flamengo, pro Internacional, pro Cruzeiro, pro Palmeiras...
– Seu Vitória vai levar fumo do Grêmio – diziam antes do jogo.
Os torcedores do Bahia estão muito tensos. Qualquer conversa sobre futebol já começam gritando, desesperados por atenção.
Encontrei um amigo meu depois da goleada sofrida contra o Vasco e o cara me xingou todo.
– Tomou no cu, filho da puta, viado, se fudeu, seu Vitória de merda, sua puta...
Eu convenci Luca a ir pro jogo dizendo que ele veria um jogo do Grêmio, mas o decepcionei. Só o Vitória jogou. Ele, de camisa azul, torcia baixinho, mas sem muito efeito.
O Vitória atacou o tempo todo, mas apesar das constantes investidas, a zaga do Grêmio parecia intransponível. Zagueiros gigantes. E se passasse por eles, ainda tinha de passar pelo goleiro gigante, recém convocado pra seleção brasileira.
Mas gigante mesmo é Apodi. Apodi bota pra f... Correu, driblou, deu canseira, tomou faltas e fez um jogador do Grêmio ser expulso.
Mesmo com um a mais, o Vitória não finalizava com tranqüilidade. Se manteve no ataque, mas o gol não saía. O tempo foi passando e o zero a zero foi ficando pesado para o Vitória. O Grêmio jogou o tempo todo pensando nele.
Empatar em casa, jogando bem, com um a mais, era perder dois pontos e não ganhar um. Mas com o Vitória cada vez mais ofensivo, em dois momentos passei a achar o zero a zero um bom resultado. Aproveitando o time aberto, o Grêmio, em dois contra-ataques rápidos, fez Viáfara ser um dos heróis da partida. Duas fantásticas defesas. Uma delas aos 43 do segundo tempo.
“Melhor acabar logo o jogo”, cheguei a pensar.
Mas aos 48 minutos Apodi tocou a bola pra Leandro Domingues, que durante o jogo todo tentou fazer gol de cabeça, pelo meio, linha de fundo, tabelando e nada de conseguir furar o bloqueio gremista.
No intervalo do jogo, um torcedor comentou alto que pra furar aquela zaga só chutando de fora. Leandro seguiu o conselho, chutou de longe e a bola foi indo, indo, indo, indo, indo... “e iu”. Não foi um gol. Foi um golaço. Aliás, não foi um golaço; foi um golaço aos 48 do segundo tempo. Veja o vídeo aqui.
O jogo terminou 1 X 0, nove pontos, a segunda colocação na tabela e inúmeros tricolores frustrados.
domingo, 3 de maio de 2009
Ba x Vi (Ah, eu duvido)
Por que, meu Deus, por que um simples jogo de futebol mexe tanto com as pessoas?
Por que gostamos de humilhar nossos próprios amigos com palavras pesadas pelo simples fato do time que eles torcem
ter perdido um jogo?
Um Ba x Vi é realmente algo inigualável. Já vi muitos. Já sofri em alguns. Estava no de Raudinei. Estava também no título que o Bahia ganhou no Barradão. 2 a 0. Dois gols de Wesley. Não lembro o ano.
Em dia de Ba x Vi, a atmosfera da cidade muda. Um clima de tensão se instala no ar. Nada importa, só o jogo. Só a vitória. Não importa se seu time está na primeira divisão e o outro na segunda. Não importa se tem oito anos que o outro time não ganha um campeonato baiano... tudo vai por água a baixo se seu time não ganhar aquele jogo.
Assim como hoje, dia 03/05, dia do BAVI final de 2009, o tempo daquele jogo de Wesley estava demasiadamente chuvoso. Nessas horas a superstição sempre aparece:
“Porra, naquele jogo estava chovendo, era no Barradão, o Bahia ganhou por 2 a 0, mesmo placar que tem que fazer hoje...”. Até torci pro jogo ser cancelado.
Era meu primeiro jogo no campeonato baiano desse ano. Já tinha ido pra Juventude e Atlético Mineiro pela Copa do Brasil, mas não tive paciência em fazer resenhas desses jogos pra esse blog. A única coisa que eu tive vontade de falar desses jogos foi que comprei o Sou Mais Vitória e gostaria de sugerir a direção do clube que mudasse o nome do negócio pra Sou Mais Otário. Comprei pra justamente não ter de pegar fila nem me preocupar com compra de ingresso, porém, a fila dos associados é bem maior do que a de quem vai na bilheteria e compra um ingresso. Nos dois jogos perdi o começo do primeiro tempo. Eu e centenas. Apenas duas catracas funcionando. Lamentável. Se não consegue melhorar o serviço de algo tão simples, inclusive já tendo recebido por ele, me pergunto se consegue administrar um time na série A do campeonato brasileiro.
Fui com meu pai. Faziam 5 anos que ele não ia aos estádios. Nem Barradão nem Fonte Nova. Compramos o Sou Mais Vitória já prevendo os jogos finais do Baiano, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Sul-americana. Chegamos cedo, pois sabia que teria filas enormes, o que aborreceria meu pai. Infelizmente, em jogos no meio da semana não dá pra chegar tão cedo. Às 15 horas, já estávamos sentados.
A torcida do Bahia compareceu com uma “moquequinha de gente ali no cantinho”. Tinham como grito de guerra o “Ah, eu acredito”. Acreditavam no placar com dois gols de diferença. O maior fato para esse acreditar era o repetido “oxe, já dei 2 a 0 lá nesse ano, o Barradão é meu parque de diversões”.
Tudo que o Vitória queria quase aconteceu. Apodi, ídolo máximo (pelo menos pra mim), perdeu um gol incrível.
E tudo que o Bahia queria aconteceu. Em seguida a jogada de Apodi, ainda no início do jogo, gol do Bahia. 1 x 0. A moquequinha ficou ouriçada, berrando loucamente o “ah, eu acredito, ah, eu acredito”. A torcida do Vitória não se abalou. Continuou apoiando o time, pois sabia do tamanho da viabilidade de reverter a situação. O jogo ficou naquele reme-reme e tudo que a torcida do Vitória não queria aconteceu. Aos 47 do primeiro tempo, gol do Bahia. Golaço, por sinal. 2 x 0 e fim do primeiro tempo.
– Melhor 2 a 0 aos 47 do primeiro tempo do que aos 47 do segundo tempo – disse pra meu pai, com otimismo.
A moqueca foi à loucura: “Bahia, Bahia, Bahia”; “ah, eu acredito”; “sabe, eu sou Baêa...”; “ah, eu acredito”...
Foi o intervalo todo assim.
O pesadelo Wesley não saía de minha mente. A chuva não dava trégua, encharcando minha calça jeans, meu tênis e deixando a derrota ainda mais humilhante e dolorosa.
Trabalho numa sala com 10 pessoas. Sete são Bahia. Dois são Vitória (contando comigo) e um é do interior e torce pro Flamengo. Só imaginava como seria a segunda-feira.
“Não acredito que isso tá acontecendo, com toda a vantagem, com toda a campanha, com a descabaçada em Pituaçu, perder o campeonato por 2 a 0, no Barradão, pra um time de segunda...” foram os pensamentos que me fizeram respirar fundo por várias vezes durante o jogo. Não podia acreditar no que estava acontecendo.
“Ah, eu acredito”, berravam eles sem parar.
A chuva, além de degradar a moral, me obrigou a deixar a filmadora debaixo do casaco. Como choveu o tempo todo, não filmei quase nada do jogo. Mas de repente, a chuva cessou. A superstição então se acendeu. Sou baiano, ora bolas.
“A chuva parar assim é um sinal pra eu ligar a câmera, pois vai acontecer o gol do Vitória”, pensava eu.
Esse vídeo responde se minha superstição deu certo.
2 x 1. Gol de Neto Baiano, artilheiro da competição. O título voltava pras mãos do Vitória e passava longe, pelo oitavo ano consecutivo, das mãos do Bahia. A moqueca ficou calada. O Bahia veio descontrolado pra cima enquanto o Vitória perdia gols sucessivamente nos contra-ataques. A chuva voltou com tudo. Não filmei o segundo gol do Vitória por causa dela. 2 x 2. Ramon.
Gostaria de agradecer ao Bahia pelos dois gols iniciais. Deu mais sabor ao jogo. Temperou o título.
Também, por causa da chuva, não filmei o “créu, créu, créu” que torcida e jogadores do Vitória fizeram no fim do jogo. Também não deu pra filmar o “senta que é de menta”, o grito de “tri-campeãããão” e o melhor de todos os gritos: o grito de "ah, eu acredito", gritado agora pela torcida do Vitória, enquanto os torcedores, digo, sofredores do Bahia olhavam calados, sem acreditar.
Outra coisa que não pude filmar por causa da chuva foi o vexame do paspalho do goleiro do Bahia, Marcelo, que com um choro de perdedor começou uma luta campal depois do apito final. Em seguida, também não pude filmar a torcida do Vitória gritando “time de puta, time de puta...”.
O Bahia, pelo oitavo ano consecutivo, não apareceu no Fantástico como ator principal da noite das finais dos estaduais. Seus torcedores, pelo oitavo ano consecutivo, não ligaram a TV domingo de noite.
Em tempo, só pra gozar um pouco mais:
Quatro amigos (Peu, Beto, Léo e Carlão) prepararam uma despedida de solteiro para Zé, que iria se casar em uma semana. Alugaram uma casa no litoral norte e convidaram, mediante pagamento, algumas garotas para a festa. Já no fim da noite, exauridos, finalmente começaram a conversar com elas. Falaram da vida, de cinema, de música, carnaval e, claro, futebol. Beto então perguntou:
– Vocês torcem pra que time?
– Eu torço pro Bahia – disse a primeira, uma morena alta.
– Eu também – falou a loirinha.
– Sou Bahia, claro, time da massa – disse a mulata.
– Tricolor de aço, sempre – se adiantou a oriental.
– Baêa, minha porra – disse a baixinha.
Um silêncio momentâneo tomou conta do ambiente. Constatando que todas torciam pro Bahia, Peu, Beto, Carlão e Zé, torcedores do Bahia, ficaram olhando com ar superior pra Léo, o único torcedor do Vitória no local. Mas Léo nem se abalou:
– Normal, já sabia disso... – disse ele.
– Já sabia o quê? Que o Bahia é maioria? – pirraçou Carlão.
– Não. Que o Bahia é time de puta – respondeu Léo.
Por que gostamos de humilhar nossos próprios amigos com palavras pesadas pelo simples fato do time que eles torcem
ter perdido um jogo?
Um Ba x Vi é realmente algo inigualável. Já vi muitos. Já sofri em alguns. Estava no de Raudinei. Estava também no título que o Bahia ganhou no Barradão. 2 a 0. Dois gols de Wesley. Não lembro o ano.
Em dia de Ba x Vi, a atmosfera da cidade muda. Um clima de tensão se instala no ar. Nada importa, só o jogo. Só a vitória. Não importa se seu time está na primeira divisão e o outro na segunda. Não importa se tem oito anos que o outro time não ganha um campeonato baiano... tudo vai por água a baixo se seu time não ganhar aquele jogo.
Assim como hoje, dia 03/05, dia do BAVI final de 2009, o tempo daquele jogo de Wesley estava demasiadamente chuvoso. Nessas horas a superstição sempre aparece:
“Porra, naquele jogo estava chovendo, era no Barradão, o Bahia ganhou por 2 a 0, mesmo placar que tem que fazer hoje...”. Até torci pro jogo ser cancelado.
Era meu primeiro jogo no campeonato baiano desse ano. Já tinha ido pra Juventude e Atlético Mineiro pela Copa do Brasil, mas não tive paciência em fazer resenhas desses jogos pra esse blog. A única coisa que eu tive vontade de falar desses jogos foi que comprei o Sou Mais Vitória e gostaria de sugerir a direção do clube que mudasse o nome do negócio pra Sou Mais Otário. Comprei pra justamente não ter de pegar fila nem me preocupar com compra de ingresso, porém, a fila dos associados é bem maior do que a de quem vai na bilheteria e compra um ingresso. Nos dois jogos perdi o começo do primeiro tempo. Eu e centenas. Apenas duas catracas funcionando. Lamentável. Se não consegue melhorar o serviço de algo tão simples, inclusive já tendo recebido por ele, me pergunto se consegue administrar um time na série A do campeonato brasileiro.
Fui com meu pai. Faziam 5 anos que ele não ia aos estádios. Nem Barradão nem Fonte Nova. Compramos o Sou Mais Vitória já prevendo os jogos finais do Baiano, o Brasileirão, a Copa do Brasil e a Sul-americana. Chegamos cedo, pois sabia que teria filas enormes, o que aborreceria meu pai. Infelizmente, em jogos no meio da semana não dá pra chegar tão cedo. Às 15 horas, já estávamos sentados.
A torcida do Bahia compareceu com uma “moquequinha de gente ali no cantinho”. Tinham como grito de guerra o “Ah, eu acredito”. Acreditavam no placar com dois gols de diferença. O maior fato para esse acreditar era o repetido “oxe, já dei 2 a 0 lá nesse ano, o Barradão é meu parque de diversões”.
Tudo que o Vitória queria quase aconteceu. Apodi, ídolo máximo (pelo menos pra mim), perdeu um gol incrível.
E tudo que o Bahia queria aconteceu. Em seguida a jogada de Apodi, ainda no início do jogo, gol do Bahia. 1 x 0. A moquequinha ficou ouriçada, berrando loucamente o “ah, eu acredito, ah, eu acredito”. A torcida do Vitória não se abalou. Continuou apoiando o time, pois sabia do tamanho da viabilidade de reverter a situação. O jogo ficou naquele reme-reme e tudo que a torcida do Vitória não queria aconteceu. Aos 47 do primeiro tempo, gol do Bahia. Golaço, por sinal. 2 x 0 e fim do primeiro tempo.
– Melhor 2 a 0 aos 47 do primeiro tempo do que aos 47 do segundo tempo – disse pra meu pai, com otimismo.
A moqueca foi à loucura: “Bahia, Bahia, Bahia”; “ah, eu acredito”; “sabe, eu sou Baêa...”; “ah, eu acredito”...
Foi o intervalo todo assim.
O pesadelo Wesley não saía de minha mente. A chuva não dava trégua, encharcando minha calça jeans, meu tênis e deixando a derrota ainda mais humilhante e dolorosa.
Trabalho numa sala com 10 pessoas. Sete são Bahia. Dois são Vitória (contando comigo) e um é do interior e torce pro Flamengo. Só imaginava como seria a segunda-feira.
“Não acredito que isso tá acontecendo, com toda a vantagem, com toda a campanha, com a descabaçada em Pituaçu, perder o campeonato por 2 a 0, no Barradão, pra um time de segunda...” foram os pensamentos que me fizeram respirar fundo por várias vezes durante o jogo. Não podia acreditar no que estava acontecendo.
“Ah, eu acredito”, berravam eles sem parar.
A chuva, além de degradar a moral, me obrigou a deixar a filmadora debaixo do casaco. Como choveu o tempo todo, não filmei quase nada do jogo. Mas de repente, a chuva cessou. A superstição então se acendeu. Sou baiano, ora bolas.
“A chuva parar assim é um sinal pra eu ligar a câmera, pois vai acontecer o gol do Vitória”, pensava eu.
Esse vídeo responde se minha superstição deu certo.
2 x 1. Gol de Neto Baiano, artilheiro da competição. O título voltava pras mãos do Vitória e passava longe, pelo oitavo ano consecutivo, das mãos do Bahia. A moqueca ficou calada. O Bahia veio descontrolado pra cima enquanto o Vitória perdia gols sucessivamente nos contra-ataques. A chuva voltou com tudo. Não filmei o segundo gol do Vitória por causa dela. 2 x 2. Ramon.
Gostaria de agradecer ao Bahia pelos dois gols iniciais. Deu mais sabor ao jogo. Temperou o título.
Também, por causa da chuva, não filmei o “créu, créu, créu” que torcida e jogadores do Vitória fizeram no fim do jogo. Também não deu pra filmar o “senta que é de menta”, o grito de “tri-campeãããão” e o melhor de todos os gritos: o grito de "ah, eu acredito", gritado agora pela torcida do Vitória, enquanto os torcedores, digo, sofredores do Bahia olhavam calados, sem acreditar.
Outra coisa que não pude filmar por causa da chuva foi o vexame do paspalho do goleiro do Bahia, Marcelo, que com um choro de perdedor começou uma luta campal depois do apito final. Em seguida, também não pude filmar a torcida do Vitória gritando “time de puta, time de puta...”.
O Bahia, pelo oitavo ano consecutivo, não apareceu no Fantástico como ator principal da noite das finais dos estaduais. Seus torcedores, pelo oitavo ano consecutivo, não ligaram a TV domingo de noite.
Em tempo, só pra gozar um pouco mais:
Quatro amigos (Peu, Beto, Léo e Carlão) prepararam uma despedida de solteiro para Zé, que iria se casar em uma semana. Alugaram uma casa no litoral norte e convidaram, mediante pagamento, algumas garotas para a festa. Já no fim da noite, exauridos, finalmente começaram a conversar com elas. Falaram da vida, de cinema, de música, carnaval e, claro, futebol. Beto então perguntou:
– Vocês torcem pra que time?
– Eu torço pro Bahia – disse a primeira, uma morena alta.
– Eu também – falou a loirinha.
– Sou Bahia, claro, time da massa – disse a mulata.
– Tricolor de aço, sempre – se adiantou a oriental.
– Baêa, minha porra – disse a baixinha.
Um silêncio momentâneo tomou conta do ambiente. Constatando que todas torciam pro Bahia, Peu, Beto, Carlão e Zé, torcedores do Bahia, ficaram olhando com ar superior pra Léo, o único torcedor do Vitória no local. Mas Léo nem se abalou:
– Normal, já sabia disso... – disse ele.
– Já sabia o quê? Que o Bahia é maioria? – pirraçou Carlão.
– Não. Que o Bahia é time de puta – respondeu Léo.
Assinar:
Postagens (Atom)